Negócios

Os novos planos do sócio mais jovem da Petrobras

Battistella criou uma produtora de biodiesel, vendeu metade para a Petrobras em 2011 e se tornou sócio da empresa, mas não para de investir em novos negócios


	Plataforma da Petrobras: o empresário deve ao biodiesel sua ascensão no mundo dos negócios, mas agora quer diversificar os investimentos e se prepara para administrar uma holding
 (REUTERS/Bruno Domingos)

Plataforma da Petrobras: o empresário deve ao biodiesel sua ascensão no mundo dos negócios, mas agora quer diversificar os investimentos e se prepara para administrar uma holding (REUTERS/Bruno Domingos)

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Da Redação

Publicado em 9 de setembro de 2013 às 09h15.

São Paulo - Aos 35 anos, o gaúcho Erasmo Battistella já registra uma trajetória impressionante: dono de postos de combustível no sul do País, ele criou uma produtora de biodiesel em 2005, vendeu metade dela para a Petrobras em 2011 e se tornou sócio da maior empresa brasileira. Ele podia ter parado por aí. Mas, ao que parece, a sociedade com a estatal foi só o começo de uma nova história de empreendedorismo. Com o bolso cheio de dinheiro, Battistella partiu para outros negócios. Montou uma concessionária de máquinas agrícolas, comprou um frigorífico e, agora, vai construir usinas hidrelétricas na América Central.

Filho de pequenos agricultores de Itatiba do Sul (RS), Battistella fez curso técnico e trabalhou como vendedor de fertilizantes e defensivos agrícolas. Sua porta de entrada no mundo dos negócios foi o arrendamento de um posto de combustível, aos 20 anos, com R$ 20 mil emprestados da avó da namorada. "“Eu pensava que, um dia, se tudo corresse bem, poderia ser dono de dois ou três postos"” - meta que conseguiu atingir em pouco tempo.

Em 2003, na fila do Banco do Brasil, ele teve a ideia que o faria dono de um negócio bilionário. Battistella ouviu falar de um projeto do governo para incentivar a produção de biodiesel. Decidiu investir na área e convenceu outros três empresários da região a entrarem como sócios na BSBios, lançada em 2005, com sede em Passo Fundo (RS).

O empresário Arlindo Paludo, dono do Grupo Vipal, entrou na sociedade em 2006, após ler no jornal Zero Hora que o então presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva esteve em Passo Fundo para lançar a pedra fundamental da BSBios. “"Acreditei no negócio. Telefonei para eles na hora e perguntei se não queriam um sócio”, conta Paludo, que é dono do Banco Vipal. “Na época, faltava crédito e ajudei a facilitar os financiamentos"”, explica.

O investimento total de Battistella e seus sócios para criar a BSBios foi de R$ 6 milhões. O negócio deu retorno. Em 2011, eles venderam 50% da empresa por R$ 200 milhões a um novo sócio: a Petrobrás. “Tínhamos usinas de biodiesel no Nordeste e no Sudeste e passamos a procurar oportunidades na Região Sul”, disse Miguel Rossetto, presidente da Petrobras Biocombustível.


Primeiro, a Petrobras fechou uma parceria em 2009 para construir uma usina em Marialva, no Paraná, com a BSBios. Em 2011, a Petrobrás comprou 50% do capital da BSBios. Além de ter gestão profissionalizada e disposição para dividir investimentos, pesou a favor da BSBios a tecnologia verticalizada de produção de biodiesel, diz Rossetto.

Enquanto as outras usinas da Petrobras compram o óleo de soja para produzir biodiesel, a BSBios tem esmagadoras próprias. “"O preço do óleo de soja subiu muito com o início da produção de biodiesel e ficou mais vantajoso verticalizar a operação"”, diz a analista da consultoria INTL FCStone Natália Orlovicin.

Battistella continua na presidência da BSBios e se tornou uma das principais lideranças do setor. É presidente também das associações de produtores de biodiesel e de canola e vem insistentemente pedindo ao governo para aumentar o porcentual de mistura do biodiesel no diesel, hoje em 5%. “Há ociosidade nas usinas e o País está importando diesel”, argumenta.

Diversificação

O empresário gaúcho deve ao biodiesel sua ascensão no mundo dos negócios. Mas, depois de lucrar com o combustível verde, quer diversificar os investimentos e se prepara para administrar uma holding. "“Procurei oportunidades nas áreas de agronegócios e de energias renováveis.”"

A primeira investida nessa linha foi a abertura de uma concessionária de máquinas agrícolas da John Deere no Rio Grande do Sul, que deve faturar R$ 200 milhões este ano. Depois criou uma empresa de energia - a RP Energia- e investiu em pequenas centrais hidrelétricas (PCHs) no Estado. Ao todo, são cinco projetos que somam capacidade de 50 megawatts.

Assim como outros investidores no ramo de energia, Battistella refez as contas após as recentes mudanças regulatórias no setor feitas pelo governo brasileiro. “As taxas de retorno estão muito baixas no Brasil e os investimentos em PCHs ficaram inviáveis”, explica.


A solução foi procurar projetos em outro lugar. Battistella encomendou estudos e encontrou oportunidades na América Central. A RP Energia criou uma subsidiária em Honduras e começará as obras de duas PCHs no país este ano. Elas terão capacidade total de 36 megawatts (MW) e receberão investimentos de US$ 90 milhões. “Temos 200 MW mapeados para investimento em PCHs na América Central em 5 anos.”

Aves

Neste ano, o empresário gaúcho avançou em uma nova área - a produção de aves. Battistella comprou em abril a produtora Frinal, de Garibaldi (RS), por R$ 80 milhões. O frigorífico era uma empresa familiar, enfrentava dificuldades de gestão e estava à venda fazia tempo. A Frinal abate 120 mil aves ao dia e deve faturar este ano R$ 200 milhões.

“Ele pode aproveitar sinergias com o biodiesel. No mercado de aves, farelo de soja é ouro. Ano passado, faltou farelo e isso impactou na produção”, disse o presidente da União Brasileira de Avicultura (Ubabef), Francisco Turra. A BSBios produz 660 mil toneladas de farelo de soja por ano, um subproduto da extração de óleo de soja, matéria-prima do biodiesel.

O novo dono da Frinal quer elevar sua receita para R$ 300 milhões no ano que vem. O caminho será abrir novos mercados, tanto no Brasil quanto no exterior. Battistella está empenhado nisso. Viajou em julho, pela primeira vez, à China, para onde quer exportar os frangos da Frinal. A viagem, no entanto, pode render mais. “Existem muitos empresários chineses do setor industrial interessados em investir no Brasil com parceiros brasileiros. Vou avaliar essas oportunidades.”

Mas, para Battistella, construir e comprar empresas não são sinônimo de sucesso. “Meu desafio pessoal é fazer um IPO (sigla, em inglês, para oferta inicial de ações).” Ele pensa um dia levar à bolsa de valores seu frigorífico ou sua empresa de energia. “Um IPO bem-sucedido é um reconhecimento do mercado de uma trajetória empresarial.” As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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