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Os empresários que apoiam a candidatura de Bolsonaro

A candidatura de Jair Bolsonaro à presidência da República conquistou a simpatia de alguns empresários; eleitores organizam boicote

Jair Bolsonaro, candidato à presidência da República (Fabio Pozzebom/Agência Brasil)

Jair Bolsonaro, candidato à presidência da República (Fabio Pozzebom/Agência Brasil)

Mariana Desidério

Mariana Desidério

Publicado em 27 de setembro de 2018 às 16h40.

Última atualização em 27 de setembro de 2018 às 16h40.

São Paulo – A candidatura de Jair Bolsonaro à presidência da República conquistou a simpatia de alguns empresários, que decidiram apoiar financeiramente sua campanha ou declaram publicamente seu voto no ex-capitão do Exército. O apoio mais recente de que se tem notícia é o dos donos da rede de restaurantes Coco Bambu, que doaram 40 mil reais ao candidato do PSL.

Em primeiro lugar nas pesquisas, com 27% das intenções de votos segundo o último levantamento do Ibope, Bolsonaro é também o candidato com maior taxa de rejeição nessas eleições – 44% dos eleitores não votariam nele de jeito nenhum. O candidato coleciona declarações machistas, racistas e de apologia à violência, o que acirra a polarização em torno de sua figura.

Essa polarização respinga nas empresas cujos sócios decidiram apoiar o candidato. Circulam nas redes sociais listas de empresas a serem boicotadas porque seus donos apoiam Bolsonaro – nelas há desde nomes que de fato declararam voto no ex-capitão até aqueles que aparecem ali após a circulação de notícias falsas.

As empresas viram ainda artistas contrários ao candidato encerrarem contratos após a divulgação do apoio. Foi o caso da grife de sapatos Victor Vicenzza, que perdeu parcerias com as cantoras Pabllo Vittar e Ludmilla, após o dono da empresa declarar voto nas redes sociais.

No entanto, se há consumidores contra Bolsonaro, também há os que votam no candidato. Em entrevista recente ao El País, o dono da rede de lojas de departamentos Havan, Luciano Hang, um dos principais entusiastas de Bolsonaro entre os empresários, disse que as vendas nas lojas não diminuíram após as campanhas de boicote.

Veja a seguir quem são os empresários que apoiam Bolsonaro oficialmente:

Meyer Joseph Nigri - Tecnisa

Fundador da construtora Tecnisa, Meyer Joseph Nigri doou 30 mil reais para a campanha de Bolsonaro. Em entrevista à revista Piauí publicada em fevereiro, o empresário explicou o apoio. O Brasil, segundo ele, virou “um país socialista, impossível para os empresários”, em que “as leis trabalhistas, as cabeças dos procuradores, dos juízes, são pró-socialistas”. A construtora fundada por ele tem hoje valor de mercado da ordem dos 300 milhões de reais.

Afrânio Barreira Filho e Eugênio Veras Vieira – Coco Bambu

Sócios da rede de restaurantes Coco Bambu, Afrânio Barreira Filho e Eugênio Veras Vieira doaram 20 mil reais cada para a campanha de Bolsonaro. O grupo fundado no Ceará em 2001 tem 28 lojas distribuídas pelo país, e fechou 2017 com uma receita de 574 milhões, três vezes mais do que em 2013.

Luciano Hang – Havan

Dono da rede de lojas de departamentos Havan, Luciano Hang atua como cabo eleitoral de Bolsonaro nas redes sociais e é um de seus principais apoiadores no empresariado. Ele chegou a ser multado pelo Tribunal Superior Eleitoral por ter impulsionado publicações do candidato no Facebook.

Em um vídeo postado no Youtube, o empresário elogia o candidato: “Acho que ele tem predicados dentro da minha ideologia”, afirmou.

Com forte presença no interior, a rede de Hang tem 107 lojas e 12 mil funcionários pelo país, com faturamento de mais de 5 bilhões de reais em 2017. As lojas da Havan são famosas por suas réplicas de estátuas da liberdade, que se tornaram alvo do também candidato à presidência Cabo Daciolo (Patriota).

Sebastião Bonfim Filho – Centauro

Dono da rede de varejo de artigos esportivos Centauro, Sebastião Bonfim Filho declarou seu voto em Bolsonaro em entrevista recente. Na visão do empresário, o candidato do PSL é a chance de romper com “o modelo que está aí”, que é refém do presidencialismo de coalizão e de um Estado que alimenta privilégios.

Bomfim admite que Bolsonaro não tem preparo adequado para o cargo, mas isso não o incomoda. “Vi muita sinceridade de um cara que quer quebrar esse presidencialismo de coalizão”, diz. “Já colocamos nas últimas quatro eleições dois presidentes que nunca administraram nada”, afirma, referindo-se aos ex-presidentes petistas Lula e Dilma Rousseff.

A Centauro deve faturar R$ 2,7 bilhões este ano.

Victor Vicenzza – da marca de sapatos com mesmo nome

O dono da marca de sapatos Victor Vicenzza manifestou apoio a Jair Bolsonaro nas redes sociais, e logo se deparou com a oposição de artistas que tinham parcerias de divulgação com a marca, como a cantora e drag queen Pabllo Vittar.

“Não poderia aliar meu trabalho a um discurso que deixa claro não se importar com os direitos humanos de toda a comunidade LGBTQIA+ da qual faço parte”, escreveu a cantora no Instagram. O stylist da cantora Ludmilla rompeu com a marca pelo mesmo motivo.

Em resposta, Vicenzza fez um comunicado oficial dizendo acreditar que Bolsonaro “é o único candidato apropriado para liderar esta nação”.

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