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Os desafios de Pedro Parente para consertar a BRF

Executivo terá de lidar com problemas na cadeia de suprimentos da companhia, pressões internacionais e crise na administração.

Pedro Parente, nomeado presidente da BRF (Ueslei Marcelino/Reuters)

Pedro Parente, nomeado presidente da BRF (Ueslei Marcelino/Reuters)

Mariana Desidério

Mariana Desidério

Publicado em 14 de junho de 2018 às 18h38.

Última atualização em 14 de junho de 2018 às 19h06.

São Paulo – Cinquenta e três dias. Foi esse o tempo que a BRF esperou por um novo CEO, desde a saída de José Aurélio Drummond Jr. da presidência da companhia, em 23 de abril. A empresa passou esse tempo comandada interinamente pelo diretor financeiro Lorival Luz. Com a nomeação de Pedro Parente hoje, ela pode finalmente tomar um rumo.

As dúvidas são: qual será a direção e quanto tempo levará para que a empresa visualize uma saída para o longo período de perdas.

“Não tem milagre. Ele vai assumir uma empresa com resultados aquém do esperado. Os processos necessários para mudar levam tempo”, afirma Thomas Lanz, fundador da Lanz Consultores Associados, empresa especializada em governança corporativa.

Em relatório publicado essa semana, o banco Credit Suisse ressalta que “como em qualquer empresa que passa por mudanças tão significativas, é difícil imaginar que a BRF se tornará a companhia que ela costumava ser antes”.

Uma das principais tarefas de Parente será acertar o prumo com a cadeia de suprimentos da companhia, que ficou em segundo plano nos últimos anos, depois que a BRF decidiu seguir a estratégia de ser uma empresa “focada no cliente”.

O objetivo era adequar a produção da BRF à demanda dos consumidores, evitando perdas e redução nos preços. Mas não deu muito certo. O relatório do Credit Suisse afirma que a mudança até foi bem sucedida num primeiro momento. No entanto, no médio prazo, a medida gerou problemas de produtividade. A questão é que não é simples nem rápido diminuir a produção de determinado item numa cadeia que lida com seres vivos, explica o banco.

Outro desafio de Parente será lidar com a conjuntura internacional, que não tem favorecido a companhia. A BRF segue pressionada pelos embargos da União Europeia à importação de frango e pela imposição de sobretaxas pela China sobre importações brasileiras. A alta dos preços dos grãos no mercado internacional é outro fator relevante.

A crise gerada na administração da companhia é o terceiro desafio imediato de Parente. De 2013 a 2018, a BRF trocou cinco vezes de presidente. Além disso, criou e extinguiu diversos cargos de chefia, gerando um clima de instabilidade.

A própria nomeação de Parente como CEO cria uma questão delicada. Ele hoje ocupa o cargo de presidente do conselho de administração da companhia e, teoricamente, não pode ficar nas duas funções.

Lembrando que sua nomeação como CEO ainda precisa do aval da Comissão de Ética da Presidência da República, já que Parente deixou a presidência da Petrobras há menos de um mês. Como BRF e Petrobras não concorrem, acredita-se que o aval será só um protocolo.

Os desafios são muitos. Mas Parente conta com a confiança do mercado para superá-los. A simpatia em relação ao executivo cresceu depois que sua gestão melhorou as contas da Petrobras. A saída da estatal em meio à greve dos caminhoneiros não abalou sua credibilidade. Agora é domar a BRF.

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