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Os desafios de Pedro Parente no comando da Petrobras

Segundo analistas ouvidos por EXAME.com, novo presidente da companhia teria o otimismo do mercado a seu favor


	Novo comando: Pedro Parente já foi presidente da Bunge Brasil e ministro da Casa Civil de FHC
 (Fabio Rodrigues Pozzebom/ABR)

Novo comando: Pedro Parente já foi presidente da Bunge Brasil e ministro da Casa Civil de FHC (Fabio Rodrigues Pozzebom/ABR)

Tatiana Vaz

Tatiana Vaz

Publicado em 31 de maio de 2016 às 19h33.

São Paulo – Ao contrário do que aconteceu quando Aldemir Bendine assumiu o controle da Petrobras, há pouco mais de um ano, a indicação de Pedro Parente ao cargo foi muito bem recebida.

Ex-presidente da Bunge Brasil e ex-ministro da Casa Civil do governo Fernando Henrique Cardoso, o executivo assumiu hoje a presidência da maior companhia do país, em um momento crucial.

A Petrobras passa por uma reestruturação desde o início da Operação Lava Jato, que investiga um intrincado esquema de corrupção na empresa.

As apurações começaram em um período ruim para a estatal, que sofria com as dívidas altas em dólar e os preços de barris de petróleo em queda no mundo.

Para além das melhorias trazidas por Bendine, com a promoção de cortes de custos, ajuste de preços e venda de ativos, Parente representa a mudança pela qual a empresa ainda precisa passar.

“Ele pode conduzir a Petrobras a uma gestão mais voltada à meritocracia do que a arranjos políticos em médio prazo”, afirma Gesley Florentino, analista da Gradual Investimentos.

O fato dele ter escolhido para a liderança da petroleira já é uma prova disso. Bendine deixou o comando do Bando do Brasil para assumir a estatal, já que era de confiança do governo Dilma.

Uma das condições para Parente aceitar o convite foi a de não ceder a indicações políticas.

“Ganhar mais independência do governo e adequar o tamanho do negócio são os grandes desafios do novo presidente”, diz um analista de um grande banco americano, que preferiu não se identificar.

Quadro reduzido

Na visão dos analistas, a indicação de um comando escolhido por competência deveria ser reflexo das pessoas que trabalham na empresa. Como qualquer negócio, a Petrobras teria de ter a liberdade de mobilidade de adequar o quadro de funcionários ao tamanho da operação.

Uma iniciativa difícil em uma empresa com pessoas selecionadas por concursos públicos.

“Bendine enxugou bastante a Petrobras com a demissão de terceirizados e a promoção de programas de demissão voluntária, mas será preciso mais”, afirma Florentino.

Uma maior autonomia entre o que a companhia precisa fazer e os interesses do governo também é essencial para reduzir o endividamento, hoje o maior do setor no mundo.

“A demora no ajuste de preço do combustível no país, para não prejudicar a economia, atrapalhou muito a empresa e a deixa em desvantagem em relação à concorrência, com grandes como a Exxon e a Shell”, comenta o analista do banco americano.

Na visão de Florentino, no entanto, uma independência total do governo será praticamente impossível de ser alcançada pela Petrobras, graças a natureza de sua operação.

Por ser um setor estratégico, países como a Rússia, China e Arábia Saudita também têm relação semelhantes com as suas petroleiras, defende ele.

Privatizar uma parte do negócio também não seria um bom negócio agora pela alta dívida da empresa e baixo valor do barril de petróleo e ativos, por conta da crise.

“O ideal seria ter um governo mais afastado da administração da empresa, mas com uma participação acionária relevante”, diz ele.

Tamanho certo

Além do corte de pessoal, a adequação do negócio ao tamanho ideal para que a Petrobras possa atuar hoje passa também pelos investimentos que a empresa precisa fazer.

A aprovação do marco regulatório do pré-sal pode ajudar nisso – e muito.

As novas regras estão sendo negociadas há tempos e, na visão dos analistas, têm chance de serem aprovadas agora, com o maior apoio do presidente interino Michel Temer no Congresso.

Entre as mudanças previstas está a da Petrobras não ter mais presença obrigatória na exploração dos campos de pré-sal no país.

Até então, a companhia possuía 30% de todos eles, mas tinha de arcar com as despesas da operação, que pressionavam seu fluxo de caixa, e assumir sozinha os riscos do investimento.

“Com o marco, a estatal ficaria livre para decidir de quais explorações gostaria de participar ou não”, explica Florentino.
Resta saber se Parente comandará a empresa com a liberdade de acatar os pedidos do governo ou não. 

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