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Os desafios de contratar 15.000 para trabalhar nos Jogos

A empresa enfrentou obstáculos como falta de candidatos adequados e precisou aumentar a equipe e o escritório


	Olimpíada: Manpower enfrentou obstáculos como falta de candidatos adequados e precisou aumentar a equipe e o escritório
 (Reuters/Ricardo Moraes)

Olimpíada: Manpower enfrentou obstáculos como falta de candidatos adequados e precisou aumentar a equipe e o escritório (Reuters/Ricardo Moraes)

Karin Salomão

Karin Salomão

Publicado em 5 de agosto de 2016 às 14h20.

São Paulo – Não são apenas os atletas que enfrentam longos planejamentos e corridas de obstáculos nos Jogos Olímpicos.

As empresas escolhidas para alimentar atletas e visitantes, selecionar e treinar milhares de funcionários e voluntários também enfrentam jornadas intensas e são desafiadas a ultrapassar seus próprios limites.

A Manpower é um exemplo, escolhida para ser a recrutadora oficial da Olimpíada 2016.

Selecionaram 4.000 pessoas para o Comitê Olímpico, 9.000 funcionários para trabalhar na Vila Olímpica e servir refeições, faxina, atendimento, entre outros, e 2.000 para a área de marketing – 15.000 no total.

Até um padre foi contratado para celebrar as missas do centro ecumênico da Vila.

A empresa foi nomeada para a função por já ter experiência em recrutamento para grandes eventos, como a Olimpíada de Londres em 2012 e a Exposição Universal de 2015 que aconteceu em Milão, na Itália.

Mesmo assim, enfrentou obstáculos como falta de candidatos adequados e precisou aumentar a equipe e o escritório.

A primeira ação da companhia foi colocar um calendário de contagem regressiva para os Jogos em seu escritório, diz Jonas Prising, CEO global do Manpower Group. Começaram o trabalho faltando 500 dias para a abertura, que acontece hoje.

O próximo passo foi determinar qual os perfis que estavam procurando. Afinal, eram mais de 720 posições diferentes.

Tecnologia para atrair o candidato

Com o perfil e cronograma definidos, a empresa partiu para a busca dos melhores candidatos.

Grande parte das aplicações foram feitas pelo site criado para o recrutamento, a partir da divulgação feita nas redes sociais.

Para alcançar a população local, a empresa enviou recrutadores para comunidades no Rio de Janeiro, como Morro Santa Marta, Rocinha, Morro do Alemão e escolas técnicas cariocas.

Com esse esforço, a Manpower recebeu mais de 440.000 currículos. A empresa alugou um escritório temporário no Rio de Janeiro, onde foram entrevistadas 5.000 pessoas por dia, e ampliou sua equipe.

Parte do processo foi feito por meio da plataforma digital, inclusive entrevistas online.

O perfil do candidato - se era amigável, prestativo e proativo, por exemplo - era mais importante que conhecimentos aprofundados na área, diz Prising.

Perfis que valem ouro

Apesar de todo esforço da empresa na hora do recrutamento, algumas vagas foram especialmente complicadas de serem preenchidas.

Um exemplo é a vaga de recrutador de intérpretes. Sim, a empresa de recrutamento precisou contratar muitas pessoas para fazer a própria seleção.

"Foi um desafio encontrar pessoas que soubessem falar mais de 3 línguas, já que para selecionar intérpretes precisamos ter certeza que um candidato sabe mesmo a língua que alega dominar", afirmou o presidente do grupo.

Um perfil raro era o de hotelaria.  Os hotéis do Rio de Janeiro também reforçaram as equipes para os Jogos, restando poucas pessoas com experiência na área para trabalhar na Vila Olímpica.

"Precisamos visitar escolas técnicas de hotelaria e atrair pessoas que ainda estão no processo de aprendizagem", disse Prising.

Preencher as mais de 300 posições de tecnologia da informação foi outro obstáculo. Para o presidente, "o setor é muito concorrido e as empresas de tecnologia dão muitos benefícios para manter seus funcionários".

Os 15.000 contratados pela Manpower, além de 140.000 voluntários, foram treinados pela Estácio.

Mais do que os dias da Olimpíada, Prising quer deixar um legado: “Esperamos ajudar a carreira de milhares de pessoas ao dar a elas a experiência incrível de trabalhar na Olimpíada”, afirma.

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