Negócios

Os desafios de comandar as duas maiores empresas do país

À frente da Vale e do conselho da Petrobras, Murilo Ferreira tem nas mãos companhias grandes com crises históricas


	Murilo Ferreira, presidente da Vale e do conselho da Petrobras: momento histórico para as empresas
 (Germano Lüders/EXAME.com)

Murilo Ferreira, presidente da Vale e do conselho da Petrobras: momento histórico para as empresas (Germano Lüders/EXAME.com)

Tatiana Vaz

Tatiana Vaz

Publicado em 25 de maio de 2015 às 12h54.

São Paulo – Eleito em maio para a presidência do conselho de administração da Petrobras e, na semana passada, para o comando da Vale por mais dois anos, Murilo Ferreira está à frente hoje das duas maiores empresas do país.

E em um momento tão histórico quanto delicado para ambas.

As duas enfrentam hoje a queda mundial de preço de commoditie, reflexo da crise instalada desde o ano passado, com reflexos ainda mais severos para países emergentes, como o Brasil e a China, principal comprador de minério do país.

Ainda assim, analistas preveem sinais de melhora a curto prazo. Se o preço do barril de petróleo, em dólar, de junho a janeiro, caiu 46%, de fevereiro a março, a melhora foi de 23%.

Desinvestir virou palavra de ordem, ação que as duas companhias já vinham colocando isso em prática. A vantagem de exportar com o dólar mais alto também as ajuda.

Neste cenário, o mercado entende que as empresas se recuperarão em 2016.

A dúvida é como farão isso e, principalmente, se Murilo Ferreira conseguirá resultados melhores sem ajuda do governo.

Joio do trigo

Presidente da Vale desde maio de 2011, Murilo já enfrentou alguns cenários adversos até ser escolhido para substituir Guido Mantega no conselho da Petrobras.

Aceitou o cargo mesmo estando a empresa caída em descrédito, tanto de acionistas quanto da sociedade, por um desvio de dinheiro registrado em um balanço não auditado.

Sua habilidade de gerenciar crises e liderar grandes negócios não foi questionada. A capacidade de separar o joio do trigo sim.

“O desafio maior de liderar as duas empresas não é operacional, mas de governança”, diz Adriano Pires, diretor do CBIE.

“Ele terá de mostrar que elas precisam de autonomia para tomar decisões, sem interferência do governo”, conclui.

Conflito de interesses 

Por estar nos dois cargos, um possível conflito de interesses também foi colocado em xeque por alguns analistas.

Isso porque as decisões da Petrobras, maior empresa do país e principal balizadora do mercado, pode interferir na operação a Vale.

“Entendo o incômodo pelo governo tê-lo escolhido, mas é preciso entender que as duas empresas têm um papel estratégico para o país”, afirma André Perfeito, economista chefe da Gradual Investimentos.

Para ele, os problemas que a Petrobras acumulava já foram mitigados e com a proximidade maior dos governos do Brasil e China pode facilitar as negociações de vendas da Vale.

Cenários melhores, com alta de preços e pedidos para as duas empresas são previstos a partir do final deste ano – mesmo período em que a gestão de Murilo já terá tido tempo de ser avaliada. 

Acompanhe tudo sobre:Capitalização da PetrobrasConselhos de administraçãoEmpresasEmpresas abertasEmpresas brasileirasEmpresas estataisEstatais brasileirasExecutivosExecutivos brasileirosGás e combustíveisgestao-de-negociosIndústria do petróleoMineraçãoMurilo FerreiraPetrobrasPetróleoSiderúrgicasVale

Mais de Negócios

Imigrante polonês vai de 'quebrado' a bilionário nos EUA em 23 anos

As 15 cidades com mais bilionários no mundo — e uma delas é brasileira

A força do afroempreendedorismo

Mitsubishi Cup celebra 25 anos fazendo do rally um estilo de vida