Repórter
Publicado em 27 de dezembro de 2024 às 09h44.
Última atualização em 27 de dezembro de 2024 às 13h45.
Em 2024, a volatilidade dos mercados globais afetou drasticamente as fortunas dos maiores bilionários do mundo.
Entre os principais fatores para as perdas estão quedas no valor de ações e a desaceleração econômica em mercados-chave como China e América Latina.
Os grandes nomes do luxo, como Bernard Arnault, Françoise Bettencourt Meyers e François Pinault, sofreram com a retração no mercado asiático.
Já os magnatas Carlos Slim e Colin Huang enfrentaram desafios nos setores de telecomunicações e tecnologia, respectivamente.
Os bilionários que mais ganharam dinheiro em 2024Todos perderam no mínimo US$ 12 bilhões de patrimônio líquido acumulado em 2024, segundo o índice de bilionários da americana Bloomberg.
O acumulado no ano calcula a variação de valores desde o início de 2024 até a data corrente.
Por exemplo, se um bilionário começou o ano com uma fortuna de US$ 200 bilhões e perdeu US$ 30 bilhões até agora, o acumulado de 2024 é uma redução de 15%.
Bernard Arnault é o maior nome do mercado de luxo global. Sua fortuna foi impactada pela queda nas ações do LVMH, decorrente de uma desaceleração na demanda por bens de luxo, especialmente na China, um dos maiores mercados consumidores do segmento.
“Talvez a atual situação global, seja ela geopolítica ou macroeconômica, não leve as pessoas a se animarem e abrirem garrafas de champanhe”, disse Jean-Jacques Guiony, diretor financeiro da LVMH, durante a teleconferência de resultados da empresa no final de julho. “Eu realmente não sei. O fato é que nossos volumes caíram dois dígitos.”
Neta do fundador da gigante de cosméticos L’Oréal e maior acionista da empresa com quase 35% das ações, a francesa Françoise Bettencourt Meyers teve a fortuna cair para cerca de US$ 74 bilhões em 2024. Essa queda reflete a desvalorização de 25% das ações da L’Oréal, pressionadas pela fraca demanda no mercado chinês, um importante pilar de crescimento da companhia.
Além de sua atuação como vice-presidente do conselho da empresa, Bettencourt Meyers lidera a Téthys Invest, empresa de investimentos de sua família. A Téthys utiliza parte dos dividendos da L’Oréal para financiar negócios em setores como moda, tecnologia e educação.
Mesmo em meio às perdas, Bettencourt Meyers intensificou suas movimentações empresariais, com um aumento de 26% no número de investimentos realizados pela Téthys em 2024, segundo a Fortune. Sua postura estratégica mantém a família entre as mais influentes no cenário corporativo francês, mesmo com desafios no mercado de cosméticos globais.
O magnata mexicano e a sua família comandam um império de telecomunicações a partir da América Móvil, um conglomerado que opera em 25 países entre as Américas e a Europa. No Brasil, a companhia controla as operações da Claro, Embratel e da Net.
Atualmente o homem mais rico da América Latina, Slim viu sua fortuna encolher devido a dificuldades no setor de telecomunicações, especialmente no mercado latino-americano. As ações da América Móvil caíram cerca de 20% em 2024 e a desvalorização da moeda mexicana também contribuíram para o declínio.
Huang foi fortemente impactado pela desaceleração no setor de tecnologia, somada a um aumento na regulamentação governamental. A concorrência acirrada no mercado de e-commerce também reduziu a lucratividade da empresa.
Ex-engenheiro do Google, Huang deu origem à Pinduoduo em 2015. Semelhante a sites como Shopee e AliExpress, a plataforma mistura compras em grupo e interações sociais. O modelo de negócios incentiva os usuários a compartilhar produtos com suas redes, em troca de benefícios e descontos.
Essa abordagem foi fundamental para que a Pinduoduo superasse o gigante Alibaba em termos de volume de usuários, tornando-se a líder em valor de mercado no setor de e-commerce na China em 2023.
Por que o homem mais rico da China está perdendo tanto dinheiro?Em 2024, o dono de marcas de luxo como Gucci, Saint Laurent, Balenciaga e Bottega Veneta saiu da lista dos cem mais ricos do mundo pela primeira vez em doze anos.
Pinault enfrentou dificuldades semelhantes às de Arnault, com quedas no consumo de bens de alto valor agregado e retração no mercado de luxo, principalmente na Ásia. O grupo teve uma queda de 16% nas receitas entre julho e setembro de 2024. O pior resultado foi a da Gucci, cujas vendas caíram 25%.