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Os 6 passos de Abílio Diniz para fora do Grupo Pão de Açúcar

No dia em que Abílio Diniz cortou de vez seus laços com o GPA, relembre os fatos que marcaram a disputa do empresário pelo controle da empresa


	Abilio Diniz: atualmente o empresário preside o conselho de administração da BRF
 (REUTERS/Nacho Doce)

Abilio Diniz: atualmente o empresário preside o conselho de administração da BRF (REUTERS/Nacho Doce)

Tatiana Vaz

Tatiana Vaz

Publicado em 4 de fevereiro de 2015 às 14h17.

São Paulo – Seis meses depois de deixar o conselho do Grupo Pão de Açúcar, Abilio Diniz vendeu hoje o restante das ações que detinha na empresa herdada do pai – e cortou qualquer laço com a companhia que ajudou a transformar na maior varejista do país.

O fato já era esperado. Em setembro, o bilionário já havia vendido a primeira parte das ações que detinha no grupo – e enviado até uma carta oficial de despedida.

A seguir, relembre os seis passos de Abílio Diniz para fora do Grupo Pão de Açúcar.

1º Aporte bilionário

Com uma dívida líquida de 930 milhões de reais, o GPA precisava de uma nova injeção de capital para se reerguer, em 2005.

A solução encontrada por Abilio foi a de recorrer ao Casino, que já havia pago 1,5 bilhão de reais por 22% do grupo em 1999.

O sócio francês emprestou outros 2 bilhões de reais com a condição de passar a controlar a recém-criada Wilkes, holding controladora do Pão de Açúcar, a partir de junho de 2012.

2º Manobra sigilosa

Um ano antes do prazo, Abilio resolveu rever os termos do acordo – sem sucesso. Partiu então para um convite aos franceses do Carrefour, maior concorrente do Casino na França, de uma fusão da operação brasileira da rede com a do Pão de Açúcar.

O detalhe que deixou o presidente do Casino, Jean-Charles Naou¬ri, furioso foi o de saber da manobra pela imprensa francesa, em meados de maio.

3º Farpas em público

A partir dai, o que se seguiu foi uma troca de farpas de parte a parte por meio da imprensa. De um lado, os franceses diziam que a confiança tinha sido quebrada. De outro, Abilio defendia que a intenção era benéfica para o grupo.

O resultado foi a abertura de um pedido de arbitragem na Câmara Internacional de Comércio, em Paris, por parte do Casino.

4º Cadeira perdida

Em junho de 2012, o empresário transferiu para o Casino o controle do GPA, conforme previsto no acordo de acionistas. Ele continuou, entretanto, como o segundo maior acionista da Wilkes Participações (controladora) e presidente do conselho da companhia.

Em dezembro, ele abriu um processo arbitral contra o Casino para que o sócio "se abstenha de praticar ações que violem o cargo de Abilio Diniz como presidente do Conselho de Administração do Grupo Pão de Açúcar".

5º Segundo round

A saída do presidente do conselho da BRF aumenta ainda mais o rumor de que Abilio poderia assumir o cargo. O fato enfurece, novamente, o sócio francês – o fato da BRF ser uma das principais fornecedoras do grupo poderia gerar conflitos de interesses, dizia o Casino. 

Outra vez é hora das trocas de discursos rancorosos de ambos os lados. Diniz defende que teria direito vitalício de permanecer no Pão de Açúcar por sua história na companhia. Casino mantém sua posição contra. 

Em fevereiro do ano passado, o empresário é oficialmente indicado ao cargo de presidente do conselho de administração da BRF, cargo que ele assume em abril.

6º Saída em partes

Em setembro, Abilio e Casino chegaram, finalmente, ao fim do imbróglio. Abilio vendeu a primeira parte de suas ações ao sócio francês e deixou o comando da companhia.

Naquele mês, falou à revista EXAME: “o Pão de Açúcar é meu DNA. O Pão de Açúcar vai comigo aonde eu for”. Em dezembro, Naouri, em entrevista ao jornal Folha de S. Paulo, discretamente respondeu: “não herdei, e sim, construí minha carreira”.

Hoje, com a venda do restante de suas ações, resta esperar para ver quais serão os próximos passos do empresário – que, agora, está com bilhões no bolso para investir, quem sabe, até mesmo em outra varejista. 

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