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ONU lança acordo para empresas terem mais mulheres na liderança 

As empresas interessadas assinarão um compromisso que estabelece uma meta de 30% de mulheres em cargos de alta liderança até 2025

 (Klaus Vedfelt/Getty Images)

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Karin Salomão

Karin Salomão

Publicado em 8 de março de 2020 às 08h00.

Última atualização em 8 de março de 2020 às 08h01.

O Pacto Global, iniciativa da ONU voltada para empresas, lança hoje o movimento Equidade é Prioridade, para estabelecer metas claras para que as empresas aumentem a quantidade de mulheres em cargos de alta liderança. O lançamento é feito durante o Dia Internacional das Mulheres.

De acordo com a pesquisa internacional Mulheres nos Negócios, da consultoria Grant Thornton, apenas 16% dos cargos de CEO e diretoria executiva no Brasil eram ocupados por mulheres em 2017. 

Outro estudo, divulgado pela Ipsos Mori em 2018, apontou que globalmente apenas 3% dos CEOs são mulheres. As estimativas apontam que, se nada for feito, a desigualdade de gênero só será resolvida em 257 anos. 

Acompanhamento

Para mudar esse cenário, as empresas interessadas assinarão um compromisso que estabelece uma meta de 30% de mulheres em cargos de alta liderança, a partir de gerente-sênior, até 2025 e, opcionalmente 50% até 2030. 

Mais do que assinar o acordo, as empresas precisarão provar que estão tomando atitudes para aumentar a equidade de gênero internamente. Ela deverá responder a uma pesquisa para avaliar políticas e programas atuais, pontos de melhoria e oportunidades para definir metas e objetivos corporativos futuros. 

A plataforma é gerenciada pelo Pacto Global e foi desenvolvida em colaboração com a ONU Mulheres e o Fundo Multilateral de Investimentos do BID e deve ser atualizada anualmente, com os avanços alcançados na inserção de mulheres em posições de liderança.

O acompanhamento é essencial para garantir que as empresas de fato cumpram com o compromisso, mais do que apenas alardearem a intenção de aumentar a igualdade. 

A iniciativa também selecionará 30 empresas para participar de um programa de capacitação internacional por 12 meses. O programa também será aplicado em Austrália, Chile, Costa Rica, Croácia, Equador, Índia, Indonésia, Japão, Jordânia, Quênia, Líbano, México, Paraguai, Portugal, República da Coreia, Rússia, Espanha, Sri Lanka, Turquia e Reino Unido.

“A abordagem do Pacto é completa. Envolve uma meta - de 30% de mulheres na liderança até 2025 - um diagnóstico de cada empresa, a capacitação e troca de experiência para que esse objetivo possa ser de fato alcançado e o monitoramento”, diz Carlo Pereira, diretor-executivo do Pacto Global. 

Desafios

A Organização Internacional do Trabalho afirma que reduzir as desigualdades em 25% até 2025 poderia adicionar 5,8 trilhões de dólares à economia global e aumentar as receitas fiscais. No Brasil, o efeito seria um aumento de até 382 bilhões de reais, ou 3,3% no PIB.

Ainda que a equidade nas companhias seja necessária e benéfica, não é um objetivo trivial, diz Pereira. “Não é simples convencer a alta liderança da importância do assunto e nem é fácil eliminar vieses inconscientes nas relações”, diz ele. 

O diretor também afirma que esse objetivo não pode ser apenas do departamento de RH ou de algum gerente específico - precisa estar entranhado em toda a cultura da empresa, principalmente na alta liderança. “É necessário mostrar que, além do fator moral, o machismo prejudica a empresa no bolso”, afirma. “A equidade precisa ser um valor para todos em uma organização.”

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