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Onde viviam os funcionários que fabricavam o iPhone 6

Dormitório tinha um banheiro para cada 40 operários, que trabalhavam 12 horas por dia - mais tempo do que dura a bateria do celular da Apple


	Maçã, simbolo da Apple: o espaço estava longe de ter a elegância de um iPhone
 (Thinkstock)

Maçã, simbolo da Apple: o espaço estava longe de ter a elegância de um iPhone (Thinkstock)

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Da Redação

Publicado em 16 de maio de 2016 às 09h05.

A Apple vendeu mais de 20 milhões de unidades do iPhone 6 desde o seu lançamento. Metade delas foram fabricadas pela Pegatron, uma empresa de Taiwan baseada em Xangai, que tinha 6 mil funcionários trabalhando para montar os aparelhos reluzentes.

Mas quando a empresa permitiu que jornalistas visitassem onde os operários viviam, o espaço estava longe de ter a elegância de um iPhone.

O jornal inglês Daily Mail visitou o Kangqiao Road East, domitório de quatro andares que  foi esvaziado em fevereiro de 2016, quando o volume de trabalho da Pegatron diminuiu.

Até esse momento, quase 3 mil pessoas viviam lá. Eram mais de 600 por andar, e 12 apertadas em cada quarto, dormindo em beliches. As instalações eram todas adaptadas a partir de uma antiga fábrica.

Se a Apple gosta de produtos com design clean, as paredes mofadas do dormitório contam outra história.

O banheiro abandonado tem poças de água verde e cubículos que davam para um esgoto aberto ao invés de privadas.

Privacidade no banho? Nem pensar. Os chuveiros coletivos eram planejados para que até 20 trabalhadores tomassem banho por vez.

Um membro da Patrulha do Trabalho na China, uma organização que investiga más condições de emprego, se infiltrou na Pegatron e morou por dez dias no complexo.

Segundo ele, os quartos eram úmidos e passaram por surtos de percevejos. Na época, metade do banheiro estava interditada, deixando, na prática, um cubículo para cada 40 trabalhadores.

Nos horários de pico - pela manhã ou depois da jornada de trabalho - as filas nos chuveiros, banheiros e pias eram gigantescas.

Morar nessas condições, trabalhando 12 horas por dia e ganhando cerca de 1300 reais ao mês já parece um quadro bastante ruim. Mas fica pior: os funcionários precisavam pagar aluguel pela moradia. 

Só por um pedaço da beliche, o desconto mensal no salário era de quase 100 reais.

A Pegatron se defendeu, afirmando que o dormitório só chegou ao estado péssimo visto pelos jornalistas depois que o complexo foi fechado.

Antes, cada quarto tinha "só" 8 pessoas, água quente o tempo todo, serviço de segurança, faxina 6 vezes na semana e ar condicionado. Confira o vídeo abaixo e veja se dá para imaginar esse "padrão de qualidade":

http://www.dailymail.co.uk/embed/video/1290521.html

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