Negócios

Onde a Brasil Foods pode comprar empresas - lá fora

Com as restrições impostas pelo Cade para aprovar sua criação, o maior espaço da Brasil Foods para aquisições está no exterior

Brasil Foods: empresa tem um atraso para recuperar, segundo consultor (DIVULGACAO)

Brasil Foods: empresa tem um atraso para recuperar, segundo consultor (DIVULGACAO)

DR

Da Redação

Publicado em 4 de outubro de 2011 às 17h35.

São Paulo - A Brasil Foods tem pouco espaço para aquisições no Brasil, devido às restrições impostas pelo Cade para aprovar sua criação. Por isso, se quiser crescer via compras, o caminho mais livre é o exterior. Mas onde estariam as boas opções para a empresa?

O primeiro e mais óbvio alvo é a América Latina, segundo Osler Desouzart, consultor da OD Consulting, e ex-executivo da Sadia e da Perdigão. Um sinal disso foi a própria compra, anunciada ontem, do controle das argentinas Avex e Dánica por 150 milhões de dólares.

“Haveria benefícios também em posições no Chile, Peru e Colômbia”, afirmou Desouzart. “São países que tem recursos naturais, gente ou tradição na atividade”, disse.

Desouzart destaca ainda o Oriente Médio, a Europa Oriental (com Rússia e Ucrânia) e Estados Unidos - ou países que deem acesso ao mercado americano, como o México. Por último, o consultor vê oportunidades na África no longo prazo, e na Ásia no muito longo prazo.

Novo modelo

Mas não são apenas as restrições do Cade que levarão a Brasil Foods a investir em aquisições no exterior. A melhor forma de entrar em outros países é comprar alguém localmente, segundo Desouzart. Através de aquisições, as empresas compram não apenas os ativos, mas também uma posição de mercado e conhecimentos sobre o país.

Em 2010, a Brasil Foods foi a terceira maior exportadora nacional. A empresa exporta para 140 países e possui três fábricas no exterior: na Argentina, no Reino Unido e na Holanda. Para Desouzart, o modelo de produzir em um país e exportar para outros está esgotado e, como o setor é muito concentrado, as empresas precisam ter presença nos principais mercados.

O próprio presidente da Brasil Foods, José Antonio do Prado Fay, afirmou recentemente que a indústria brasileira de alimentos precisa ser mais ativa no mercado interno de outros países. Na ocasião, Fay lembrou que apenas 10% do consumo mundial é comercializado globalmente. Os outros 90% são produzidos pelos próprios países e consumidos internamente.

Distância

A aquisição Avex e da Dánica segue de perto essa lógica. Além dos portfólios (a Dánica é líder local no segmento de margarina), a Brasil Foods também terá acesso direto aos consumidores por causa da estrutura de distribuição da Dánica, segundo relatório do Itaú BBS assinado pela analista Juliana Rozenbaum.


O relatório saúda o pequeno passo da empresa rumo à construção de uma plataforma internacional, principalmente porque envolve subir na cadeia de valor e ficar mais perto dos consumidores (por ter comprado ativos de distribuição), segundo Rozenbaum.

Na prática, esta foi a estratégia adotada por outras empresas de alimentos, como o JBS e o Marfrig, que buscaram plantas no exterior para atender os mercados locais. Para Desouzart, a Brasil Foods “saiu do porto” com a compra das argentinas. Mas saiu um tanto tarde. “Há um atraso para recuperar”, disse. Para os especialistas, o franguinho que representa uma de suas marcas vai ter de correr muito para encurtar essa distância dos rivais.

Acompanhe tudo sobre:AlimentaçãoAlimentos processadosBRFCarnes e derivadosEmpresasEmpresas abertasEmpresas brasileirasFusões e AquisiçõesPerdigãoSadia

Mais de Negócios

Fortuna de Elon Musk bate recorde após rali da Tesla

Prêmio Sebrae Mulher de Negócios 2024: conheça as vencedoras

Pinduoduo registra crescimento sólido em receita e lucro, mas ações caem

Empresa cresce num mercado bilionário que poupa até 50% o custo com aluguel