Negócios

Olympikus tira liderança da Nike sem nunca entrar em liquidação

A marca brasileira triunfou depois que a empresa controladora, a Vulcabras Azaleia, passou por três anos de reestruturação

Calçados da Olympikus e Azaléia (Eneida Serrano//Exame)

Calçados da Olympikus e Azaléia (Eneida Serrano//Exame)

Karin Salomão

Karin Salomão

Publicado em 12 de dezembro de 2017 às 16h21.

Última atualização em 12 de dezembro de 2017 às 16h26.

A Olympikus voltou ao topo.

A fabricante de calçados tirou da Nike o primeiro lugar em vendas no Brasil neste ano, recuperando a coroa após permanecer em segundo lugar desde 2011. E não precisou nem entrar em liquidação para chegar lá.

A marca brasileira triunfou depois que a empresa controladora, a Vulcabras Azaleia, passou por três anos de reestruturação, acelerou a produção e entrou no segmento Novo Mercado BM&FBovespa. A empresa, que recentemente realizou uma reformulação e agora consegue entregar um calçado para a loja em 45 dias, não oferece estoque excedente às lojas.

“Nossa vantagem competitiva é que somos rápidos”, disse o CEO Pedro Bartelle, em entrevista em São Paulo. “A cada mês os revendedores precisam apenas substituir exatamente as cores e as quantidades que precisam.”

O sucesso do Brasil ao atrair a Copa do Mundo e os Jogos Olímpicos prejudicou a Olympikus. Os tênis da marca, que custam em média R$ 200 (US$ 60), perderam posição quando as marcas estrangeiras invadiram agressivamente o país para aproveitar os eventos. Agora que o mundo esportivo seguiu seu caminho, as importações mais caras da Nike e da Adidas perderam a preferência.

O custo da mão de obra no Brasil é três vezes superior ao da Ásia -- razão pela qual a Vulcabras não consegue competir no exterior --, mas o tempo de entrega e os custos relativamente mais baixos para fazer negócios no Brasil, um país obcecado por impostos, dão impulso à Olympikus.

A empresa está preparada para um crescimento ainda maior após registrar receita e lucro fortes no terceiro trimestre, disse o CEO, um ex-piloto de corridas de 41 anos. A Olympikus ainda tem espaço para ampliar as vendas na América Latina e a Vulcabras também aposta no retorno de uma antiga e popular marca de sapatos casuais femininos com preços atraentes e solas confortáveis como as de tênis.

Calçado da vovó

A Olympikus representa 80 por cento das vendas da Vulcabras, mas o maior potencial de crescimento está na marca Azaleia, segundo Bartelle. A tradicional marca de calçados femininos -- que geralmente provoca reações como “minha avó usa essa” -- foi adquirida pela Vulcabras há 10 anos.

Bartelle enxerga um potencial de crescimento “gigantesco” para a Azaleia, que já foi a marca de calçados mais vendida do país. Ela é comercializada em lojas de todo o Brasil e em locais de marca na Colômbia, no Peru e na Argentina. Entre as mudanças planejadas para o segmento estão o aumento do número de estações de duas por ano para um ritmo quase mensal. Isto significa um fluxo constante de sapatos novos e modernos nas lojas.

“Estamos lançando novas coleções oito vezes por ano, alinhadas ao ritmo frenético da moda no Brasil de hoje”, disse Bartelle. “Estamos tentando mostrar que a Azaleia foi reinventada, está mais moderna e rejuvenescida.”

As ações da Vulcabras mais do que triplicaram neste ano, com desempenho superior aos 21 por cento do Ibovespa.

Acompanhe tudo sobre:CalçadosConcorrênciaNikeOlympikus

Mais de Negócios

As 15 cidades com mais bilionários no mundo — e uma delas é brasileira

A força do afroempreendedorismo

Mitsubishi Cup celebra 25 anos fazendo do rally um estilo de vida

Toyota investe R$ 160 milhões em novo centro de distribuição logístico e amplia operação