O executivo detalha que o próximo pagamento de dividendos ocorrerá em agosto considerando a relação endividamento/EBITDA do segundo trimestre de 2013 (MARCELO CORREA / EXAME)
Da Redação
Publicado em 30 de abril de 2013 às 15h53.
Como esperado, a manutenção da política de dividendos da Oi (OIBR4), que vem remunerando acionistas em valores superiores ao lucro líquido da empresa, foi o principal questionamento de analistas financeiros durante a teleconferência de resultados da empresa realizada na manhã desta terça, 30.
O diretor financeiro e de relações com investidores da Oi, Alex Zornig, teve que responder por que pagar dividendos tão acima da geração de caixa é tão importante para a estratégia da companhia ou se não seria mais prudente primeiro garantir a liquidez da empresa para depois pagar dividendos.
Zornig argumentou que "quem aprova e define a política de dividendos da empresa são seus acionistas" e o papel que cabe à administração é "controlar o caixa da empresa e manter a relação entre dívida líquida sobre EBITDA abaixo de 3x para pagar dividendos, garantir o Capex e chegar nos R$ 12 bilhões de EBITDA projetado".
Para conseguir cumprir tais metas, a carta na manga da Oi é se desfazer de ativos não estratégicos, como suas torres fixas e móveis.
Segundo Zornig, a Oi acertou agora em abril a venda dos direitos de uso de quatro mil torres de telefonia fixa que injetará no caixa da empresa R$ 1 bilhão assim que o negócio receber aprovação do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) e da Anatel.
"A gente ainda tem muita bala na agulha. Vendemos o direito de duas operações com quatro mil torres fixas e ainda temos muito mais torres do que isso na fixa. Conseguimos R$ 1 bilhão e as torres fixas ainda têm menos procura (de mercado) do que as móveis. Primeiro faço (a venda dos direitos de uso) das fixas, depois faço das móveis", revelou Zornig sem querer revelar a quantidade total de ativos que a Oi pretende negociar para gerar caixa nos próximos trimestres.
O executivo detalha que o próximo pagamento de dividendos ocorrerá em agosto considerando a relação endividamento/EBITDA do segundo trimestre de 2013 e que a venda de ativos fará com que essa relação "fique igual ou abaixo de 3x".
Questionado se as vendas de tais ativos não estratégicos não teriam um impacto futuro nos custos operacionais da Oi, Zornig admitiu que poderiam ter, mas que não seriam tão significativos porque boa parte desse aumento seria compensado pela redução de custos.
Endividamento
De acordo com o diretor financeiro da Oi, a empresa tem conseguido controlar sua liquidez. "Mais de 60% de nossa dívida vence a partir de 2016 e temos crédito na praça, tem fila de bancos querendo emprestar dinheiro para a gente e o BNDES e agências de fomento da Europa, mesmo com a crise financeira, acabaram de aprovar limites de crédito expressivos, o que mostra a confiança no desempenho da Oi", afirma.
Ele justifica o crescimento da dívida líquida dos cerca de R$ 16,8 bilhões do primeiro trimestre de 2012 para R$ 27,5 bilhões em igual período deste ano em função da reestruturação societária com a incorporação da Brasil Telecom, que incluiu o pagamento de R$ 4 bilhões em direitos de recesso aos acionistas da Telemar.
Outro indicador que deve apresentar melhora nos próximos trimestres é a provisão para depósitos judiciais. "Estamos trabalhando para convencer juízes e trocar depósitos judiciais por fiança bancária e ações, que devem cair pela metade. Caso aprovado e assinado pelas teles e a Anatel o novo regulamento de TACs (Termos de Ajustamento de Conduta), isso também vai nos ajudar a controlar essa sangria".
Cotações
As explicações da Oi aparentemente convenceram o mercado. Às 12h04, as ações preferenciais da Oi (OIBR4) estavam cotadas a R$ 5,13, alta de 1,99%; e as ordinárias (OIBR3) a R$ 5,83 (alta de 1,39%).