Logo da Oi: TIM não estaria disposta a prosseguir com negociações de fusão, segundo empresário (REUTERS/ Nacho Doce)
Da Redação
Publicado em 26 de fevereiro de 2016 às 17h39.
A empresa de telefonia mais endividada do Brasil acaba de custar muito dinheiro aos seus detentores de bonds.
A dívida em moeda estrangeira da Oi perdeu quase US$ 2 bilhões em valor de mercado na quinta-feira depois que o bilionário russo Mikhail Fridman retirou sua proposta para ajudar a financiar uma fusão entre a Oi e a TIM, a unidade brasileira da Telecom Italia.
A TIM não quer prosseguir com as negociações, disse a LetterOne Technology, o veículo de investimento de Fridman, que acrescentou que ainda está interessada em investir no Brasil.
A retirada de Fridman encerra quatro meses de esforços para estruturação de um acordo e deixará a Oi, que tem sede no Rio de Janeiro, em dificuldades para evitar um calote, segundo analistas do Société Générale e do Barclays.
A empresa tem US$ 4,5 bilhões em dívidas por vencer no fim do ano que vem e sua alta taxa de queima de caixa dificultará a tomada de empréstimo para honrar esse pagamento, segundo Robert Jaeger, analista do Société Générale em Londres.
“O comportamento do preço está precificando corretamente e em alto nível um evento de reestruturação no curto prazo, nos próximos 12 meses”, disse Jaeger. O valor de mercado dos bonds da Oi em dólares e euros caiu para US$ 6,4 bilhões na quinta-feira, contra US$ 8,4 bilhões na quarta-feira, segundo dados compilados pela Bloomberg.
A Oi preferiu não comentar o desempenho de seus bonds e a possibilidade de reestruturação. A empresa disse em um comunicado ao mercado, na quinta-feira, que avaliará uma consolidação no mercado brasileiro de telecomunicações.
A empresa tinha US$ 2,2 bilhões em dívidas de curto prazo e US$ 3,3 bilhões em caixa no fim do terceiro trimestre, segundo dados compilados pela Bloomberg.
No início da semana, o jornal Folha de S.Paulo informou que o governo está trabalhando em revisões da estrutura das concessões de telefones de linha fixa no Brasil, o que nubla a perspectiva para o cenário concorrencial daqui para a frente, segundo Eriko Miyazaki-Ross, analista de crédito do Barclays em Nova York.
“O balanço da Oi é insustentável em sua forma atual”, disse Eriko. “A única avenida real aberta para eles se endireitarem era essa consolidação.”
A empresa já vendeu a maior parte dos ativos não essenciais e, sem a possibilidade de uma combinação comercial com a Tim, a reestruturação se tornará cada vez mais provável nos próximos seis meses, disse Eriko. E provavelmente envolveria um forte desconto.
“Os detentores de bonds podem não ter muito poder de barganha a essa altura”, disse ela.