Negócios

Oi é vista em risco de dissolução caso perca leilão

A Anatel antevê que a independência da empresa esteja em risco caso ela não participe do próximo leilão de espectro wireless


	Loja da Oi: analistas acreditam que a empresa não deve participar porque está paralisada por dívidas
 (Dado Galdieri/Bloomberg)

Loja da Oi: analistas acreditam que a empresa não deve participar porque está paralisada por dívidas (Dado Galdieri/Bloomberg)

DR

Da Redação

Publicado em 25 de julho de 2014 às 23h37.

São Paulo - A Agência Nacional de Telecomunicações do Brasil considera que a Oi SA, a empresa do setor mais endividada no País, seja a operadora mais fraca e antevê que sua independência esteja em risco caso ela não participe do próximo leilão de espectro wireless.

“O que acontecerá com a consolidação do mercado dependerá do leilão de 700 mega-hertz: ele definirá o futuro das telecomunicações no Brasil”, disse Carlos Baigorri, superintendente de Competição da Anatel, em entrevista de Brasília anteontem. “Provavelmente o mercado queira dissolver a empresa que não ganhar no leilão”.

Baigorri disse que qualquer operadora que perca o leilão estaria em risco. Ele não quis dar mais detalhes sobre como o mercado dissolveria uma empresa. A assessoria de imprensa da Oi, com sede no Rio de Janeiro, não quis comentar.

Analistas como Kevin Smithen, do Macquarie Group Ltd., consideram provável que a Oi não participe do leilão de espectro 4G do governo porque está paralisada por dívidas.

O analista Andrew Campbell, do Credit Suisse Group AG, descreveu o leilão como uma “oportunidade única na vida” para ganhar capacidade de serviço de dados de alta velocidade.

Conjunto decrescente

A Oi, com um valor de mercado de R$ 14,1 bilhões (US$ 6,4 bilhões), teve vendas de R$ 28,4 bilhões no ano passado.

As quatro maiores operadoras de telefonia celular no Brasil estão concorrendo por um conjunto decrescente de clientes novos que nunca usaram celulares, e seus atuais assinantes estão passando cada vez mais a usar smartphones e tablets, que requerem uma largura de banda maior.

Perder uma oportunidade de adquirir uma cobertura melhor para esses usuários, com um espectro mais barato de usar, colocaria qualquer operadora em risco, disse Baigorri.

O leilão de espectro do governo brasileiro está programado para setembro, e antecipa-se que o preço mínimo seja anunciado no final desta semana.

Usar espectro na faixa de frequência de 700 mega-hertz requere 95 por cento menos antenas do que tentar cobrir a mesma área, com a mesma velocidade de transmissão de dados, empregando as ondas de rádio de 2,5 giga-hertz, que foram vendidas em um leilão em 2012, disse Baigorri.

As empresas que não adquirirem espectro no leilão de 700 mega-hertz terão que alugá-lo das vencedoras a preços desregulados ou usar a frequência de 2,5 giga-hertz, disse ele.

Opções de fusões e aquisições

Neste ano, quando a perspectiva de dívida da Oi era melhor, a empresa considerou um plano junto com a concorrente Telefónica SA para absorver outra rival, a Tim Participações SA, disseram fontes do setor em maio, que pediram para não serem identificadas porque as deliberações eram privadas. A matriz da Tim, a Telecom Italia SpA, resistiu-se a uma venda.

O CEO da Telecom Italia, Marco Patuano, disse ontem que a Tim planeja participar do leilão do governo. A Telefónica e a outra grande operadora de telefonia celular do Brasil, a América Móvil SAB, possuem balanços mais fortes do que a Oi, o que as coloca em uma melhor posição para ganhar numa concorrência de ofertas.

A Oi tinha um total de dívidas de R$ 35 bilhões no final de março. Após uma fusão planejada com a Portugal Telecom SGPS SA neste ano, a dívida líquida da empresa será quatro vezes maior do que seus lucros anuais antes de juros, impostos, depreciação e amortização, segundo a Standard Poor’s.

A Oi caiu 4,9 por cento para R$ 1,55 ontem no encerramento das operações em São Paulo. A Portugal Telecom fechou com uma baixa de 0,7 por cento, a 1,76 euros, em Lisboa.

Como única grande telefônica controlada por brasileiros, as tentativas da Oi de utilizar fusões para crescer, tais como a aquisição da Brasil Telecom SA em 2010, tem sido apoiadas pelo governo durante muito tempo, levando a Barclays Plc a descrever a empresa como a “campeã nacional”.

“O governo só pode ir até certo ponto para manter a campeã nacional”, disse Walt Piecyk, analista de telecomunicações e tecnologia da BTIG LLC, em entrevista por telefone, de Nova York. “Em algum ponto, a campeã nacional se torna um vexame nacional”.

Acompanhe tudo sobre:3GAnatelBrasil TelecomEmpresasEmpresas abertasEmpresas brasileirasEmpresas portuguesasLeilõesOiOperadoras de celularServiçosTelecomunicaçõesTelemar

Mais de Negócios

'E-commerce' ao vivo? Loja física aplica modelo do TikTok e fatura alto nos EUA

Catarinense mira R$ 32 milhões na Black Friday com cadeiras que aliviam suas dores

Startups no Brasil: menos glamour e mais trabalho na era da inteligência artificial

Um erro quase levou essa marca de camisetas à falência – mas agora ela deve faturar US$ 250 milhões