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OGX vende 40% de 2 blocos por US$850 mi; ações disparam

Negócio que trará alívio somente no curto prazo para o caixa da petrolífera de Eike Batista, mas que fez as ações dispararem nesta quarta-feira


	A venda de ativos é vista como uma das alternativas da holding EBX, de Eike, para se capitalizar e romper uma crise de confiança que vem corroendo o valor de mercado de suas empresas

A venda de ativos é vista como uma das alternativas da holding EBX, de Eike, para se capitalizar e romper uma crise de confiança que vem corroendo o valor de mercado de suas empresas

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Da Redação

Publicado em 8 de maio de 2013 às 16h46.

São Paulo/Rio de Janeiro - A OGX vendeu por 850 milhões de dólares participação de 40 % em dois blocos na bacia de Campos para a malaia Petronas, em um negócio que trará alívio somente no curto prazo para o caixa da petrolífera de Eike Batista, mas que fez as ações dispararem nesta quarta-feira.

A aguardada venda, anunciada na noite de terça-feira, envolve o campo de Tubarão Martelo e as acumulações Peró e Ingá. O acordo estabelece ainda que a petrolífera do empresário Eike continuará como operadora dos blocos.

A venda de ativos é vista por analistas como uma das alternativas da holding EBX, de Eike, para se capitalizar e romper uma crise de confiança que vem corroendo o valor de mercado de suas empresas listadas em bolsa.

Para especialistas da indústria ouvidos pela Reuters, a venda de parte do campo de Tubarão Martelo aparentemente foi um bom negócio para a OGX, considerando que o campo ainda precisará de mais investimentos para ser desenvolvido completamente.

"Considerando que o campo foi parcialmente desenvolvido, foi um valor bem razoável; foi bom para a OGX... mas precisamos de mais dados para avaliar se esse preço pago por barril de petróleo está acima da média ou não", afirmou o fundador da consultoria Energia do Rio e ex-presidente da BG no Brasil, Luiz Carlos Costamilan.

Segundo outro executivo do setor, que trabalha para uma grande multinacional e falou na condição de anonimato, o preço médio por barril a ser pago pela Petronas parece estar na média do mercado, levando-se em conta as últimas operações de farm-out realizadas no Brasil.

O preço pago por barril de petróleo deverá ficar entre 7 e 10 dólares cada barril, segundo os especialistas, considerando reservas entre 220 milhões de barris e 260 milhões.

É preciso mais

Entretanto, é preciso mais para a OGX, pensando no longo prazo, na opinião de analistas de bancos.


"Continuamos acreditando que tal acordo não poderá resolver todos os problemas de caixa e outras soluções deveriam ser implementadas para manter o plano de negócio da companhia no longo prazo", afirmou em relatório o Espírito Santo Investment Bank.

Para o Morgan Stanley, o acordo atende "nossa principal preocupação de curto prazo com as ações da OGX, que é a necessidade de fontes alternativas de caixa em 2013", disseram os analistas Bruno Montanari e Guilherme Bellinetti, em nota.

No entanto, a venda de parte dos blocos BM-C-39 e BM-C-40 "não resolve a necessidade de longo prazo da OGX, que é encontrar e desenvolver um campo de petróleo prolífico", acrescentaram eles, apontando o que valor do negócio ficou abaixo do cenário-base da instituição, com um desconto de 23 %.

Além da compra de fatia nos blocos, a Petronas ficou com uma opção para adquirir 5 % do capital total da OGX em poder do empresário Eike Batista, a um preço de 6,30 reais por ação.

A opção poderá ser exercida até abril de 2015, mas na opinião do analista Oswaldo Telles, do Espírito Santo Investment Bank, é improvável que isso aconteça dada a "significativa diferença entre o preço atual da ação e o preço de exercício." Às 14h23, o papel tinha forte alta de 7,18 %, a 2,09 reais, enquanto o Ibovespa avançava 0,48 %. Na máxima da sessão, a ação chegou a ser negociada a 2,14 reais.

As analistas do BB Investimentos Andrea Aznar e Carolina Flesch destacaram pontos positivos da transação, como a parceria com uma petroleira que possui balanço consistente e expertise, além da readequação do fluxo de caixa da empresa e a diversificação do risco operacional.

O relatório do BB salientou ainda que os recursos permitem a participação da OGX na 11a rodada de Licitações de Petróleo e Gás, que acontece na próxima semana, assim como a realização dos investimentos previstos no ano.

Confiança

A compra da participação pela Petronas ocorre depois que a alemã E.ON acertou acordo no fim de março para aumentar sua participação na companhia elétrica MPX, também de Eike Batista, numa operação de 2,1 bilhões de reais, o que também trouxe recursos para a empresa do empresário.

Os negócios com OGX e MPX foram acertados depois que Eike fez uma parceria estratégia com o banco BTG Pactual no início de março que envolvendo linhas de crédito e futuros investimentos de capital de longo prazo para projetos da EBX.


A compra da participação nos blocos e a opção entrada no capital da OGX representa a estreia da Petronas na indústria petrolífera do Brasil. Além disso, uma unidade da empresa malaia se qualificou para participação de leilão de blocos de exploração no Brasil que ocorre em 14 e 15 de maio.

"A Petronas vê a aquisição como uma oportunidade altamente atraente em termos de qualidade de ativos e para crescimento estratégico de qualidade no Brasil", informou a companhia estatal em comunicado.

O acordo foi anunciado após semanas de negociações. Em abril, representantes do grupo de Eike Batista e da estatal malaia estiveram juntos na sede da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), no Rio de Janeiro, segundo noticiou a Reuters.

O campo de Tubarão Martelo tem início de produção previsto para o final deste ano. A declaração de comercialidade de Tubarão Martelo já foi apresentada à ANP a partir de uma descoberta em 2011.

"O interesse demonstrado pela Petronas na opção de compra para adquirir 5 % de nossa companhia, no futuro, evidencia a qualidade de nosso time de executivos e nossas oportunidades de crescimento", afirmou o presidente da OGX, Luiz Carneiro, em comunicado.

O negócio também ocorre em um momento em que a OGX tem problemas operacionais no campo marítimo em que já tem produção comercial, Tubarão Azul, na bacia de Campos.

A petrolífera informou na terça-feira que sua produção em abril somou 13,9 mil barris de óleo equivalente por dia, em média, o que representa uma queda de 7,9 % na comparação com o volume médio extraído em março.

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