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OGX pós-Batista inicia corrida para evitar falência

Companhia apresentou um plano de reestruturação uma semana depois que credores concordaram em injetar mais dinheiro em troca por uma participação controladora


	Funcionário da OGX: sem financiamento, companhia enfrentaria o fechamento antes até mesmo de discutir o plano de reestruturação
 (Divulgação)

Funcionário da OGX: sem financiamento, companhia enfrentaria o fechamento antes até mesmo de discutir o plano de reestruturação (Divulgação)

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Da Redação

Publicado em 17 de fevereiro de 2014 às 16h29.

Rio de Janeiro - A Óleo Gás Participações, a startup de petróleo que sustentou os sonhos de Eike Batista de virar a pessoa mais rica do mundo, está correndo para evitar a falência e emergir do maior desastre de dívida corporativa da América Latina.

A OGpar apresentou um plano de reestruturação perante um tribunal estadual no Rio de Janeiro em 14 de fevereiro, uma semana depois que credores como a Pacific Investment Management concordaram em injetar mais dinheiro em troca por uma participação controladora. Sem o financiamento, parte do qual a companhia espera receber neste mês, a OGpar enfrentaria o fechamento antes até mesmo de discutir o plano, segundo o documento do tribunal, do qual a Bloomberg News obteve uma cópia.

Para ter acesso aos US$ 215 milhões prometidos em um acordo de devedor em posse, a companhia que começou fevereiro com apenas US$ 1 milhão de caixa deve garantir a aprovação do tribunal, cumprir as metas no seu único campo produtor de petróleo, superar a oposição dos detentores de títulos minoritários e fechar acordos com fornecedores, como a empresa irmã OSX Brasil. As notas da companhia anteriormente chamada OGX operam a 4,5 centavos por dólar após perderem 95 por cento em um ano.

“Vai ser um processo longo, e o valor recuperável dos credores não cobertos por seguros será insignificante”, disse Wilbur Matthews, que supervisiona US$ 100 milhões como CEO da Vaquero Global Investment LP e que no começo do ano passado lucrou com a venda a descoberto de notas da OGX. “Os títulos estão operando a um valor muito baixo em dólares e mesmo assim ninguém lá fora está dizendo que há valor neste ponto. Isso é extremamente raro”.

Foco em Tubarão Martelo

Para que o plano funcione, a OGpar precisa ter sucesso em Tubarão Martelo, um novo campo a 95 quilômetros do litoral do Rio, após abandonar um projeto próximo no ano passado devido às baixas taxas de fluxo. Martelo foi iniciado em 5 de dezembro e produziu 763.598 barris até 8 de fevereiro, disse a empresa. A média diária de produção nos primeiros oito dias de fevereiro foi de 9.830 barris, 13 por cento abaixo da média de janeiro.


A OGpar projeta que o campo lhe ajude a gerar US$ 582 milhões em vendas de fevereiro até dezembro, o que lhe permitirá acabar 2014 com uma posição de caixa de US$ 139 milhões. A empresa pretende obter dinheiro fresco dos credores para sustentar as operações em duas parcelas: neste mês e em abril.

A produtora retornará outros sete prospectos offshore nas bacias de Campos e Santos ao regulador de petróleo do Brasil, além de Tubarão Tigre, Tubarão Areia e Tubarão Galo. Também conforme o plano de recuperação, a OGpar solicitará ofertas pela venda de campos de gás onshore que previamente tinha concordado em vender ao fundo de private-equity Cambuhy Investimentos Ltda. Qualquer oferta teria que superar a realizada pela Cambuhy em outubro, de R$ 200 milhões.

Quando o tribunal determinar que o plano de recuperação da OGpar cumpre com as condições legais, alertará os credores, disse Sérgio Bermudes, advogado representante da empresa, em entrevista por telefone em 14 de fevereiro.

A McDermott Will Emery LLP organizou um grupo para representar os credores minoritários que foram deixados de lado nas reuniões para renegociar US$ 3,6 bilhões em títulos em dólares em default.

Valor verdadeiro

O preço dos títulos indica que os investidores não estão considerando o valor real da empresa antes da divulgação do acordo e que eles não têm claros os termos, segundo Michael Roche, estrategista de mercados emergentes do Seaport Group LLC.

Conforme o plano apresentado perante a 4° Vara Comercial do Tribunal de Justiça do Rio, os credores possuirão 90 por cento da companhia e os acionistas existentes, incluindo Batista, ficarão com o restante, pondo efetivamente fim ao controle da companhia por Batista.

“Há muitos credores e eles vão repartir um conjunto muito pequeno de ativos”, disse Matthews da Vaquero em entrevista por telefone de San Antonio. “O sistema legal brasileiro é extremamente difícil em uma bancarrota e os credores sem seguro virtualmente não têm direitos”.

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