Odontoprev: para abocanhar novos clientes, a Odontoprev pretende adotar estratégia agressiva no varejo (Divulgação)
Da Redação
Publicado em 27 de janeiro de 2014 às 07h48.
São Paulo - Com crescimento respaldado por aquisições ao longo dos últimos anos, a OdontoPrev, líder de mercado em planos odontológicos, decidiu focar sua expansão em micro e pequenas empresas e em planos individuais. A estratégia será voltada para um público não coberto por planos corporativos, hoje principal receita da companhia.
À frente da operadora desde outubro passado, quando o Bradesco Seguros passou a ser o controlador da OdontoPrev, com 50,01% de participação, Mauro Figueiredo vê potencial de expansão dos planos para empresas de pequeno porte, que não oferecem esse tipo de benefício aos funcionários.
Hoje, dos 6,1 milhões de vidas que cobrimos, quase 5 milhões estão ligadas a grandes empresas, diz Figueiredo. Um plano odontológico sai por aproximadamente R$ 35. E, diferentemente dos planos de saúde, não há aumento por faixa etária.
O desafio de avançar fora do canal corporativo não será fácil, segundo fontes ouvidas pelo jornal O Estado de S. Paulo. Não é produto essencial. Só compra (o plano), quem precisa usar, afirma um analista. Se considerar um custo médio de R$ 35 por plano, uma família com quatro pessoas gastará R$ 140. É um serviço que poderá ser substituído por outro.
Líder com cerca de 30% de participação, a OdontoPrev tem como concorrentes a UnitedHealthCare (dona da Amil), com 10% de fatia, a Interodonto, com 5%, Sul América, 3%, segundo a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS).
Em 2012, a receita das operadoras desses planos somou R$ 2,3 bilhões, segundo dados de mercado. A receita líquida da OdontoPrev, no período, foi de R$ 955 milhões. No País, 19,1 milhões de pessoas têm plano odontológico - 9,6% da população. Só para comparar, a penetração dos planos de saúde é de 25%, ou 49,2 milhões de pessoas.
Varejo
Para abocanhar novos clientes, a Odontoprev pretende adotar estratégia agressiva no varejo. Além das agências do Bradesco como canal de venda, a companhia tem parcerias com as grandes redes, como Riachuelo e C&A, que oferecem o produto a seus clientes.
A empresa reforçará a abordagem por meio de call center. A expansão também virá em boa parte através da Brasildental, joint venture firmada com o Banco do Brasil.
Figueiredo não descarta aquisições no meio do caminho e diz que não há, por enquanto, planos de internacionalização. A empresa está presente no México, por meio de uma joint venture firmada com a Iké, uma das principais em serviços para seguradoras, na qual detém 40%.
Embora a base de planos odontológicos seja menor do que o das operadoras de planos de saúde, esse setor deverá se manter aquecido para fusões e aquisições.
O movimento de concentração é mais atraente que o de planos de saúde, com maior rentabilidade. A estrutura de custo (odontológico) é menor. Quando se entra em um hospital, você não sabe o que vai acontecer. Já no consultório do dentista, você sabe, diz uma fonte.
É um negócio que interessa à UnitedHealthcare, à Sul América e à Metlife, por exemplo, afirma outra fonte. O risco desse negócio é muito menor comparado ao de planos de saúde, que bem ou mal têm cobertura do SUS (Sistema Único de Saúde).
Não há nenhum evento catastrófico nessa área (odontológica), que possa estourar a receita de uma operadora, como pode ocorrer com plano de saúde, diz uma fonte de banco.
Na sexta-feira, 24, as ações ON da companhia fecharam a R$ 8,75, queda de 2,8% no dia. No ano, os papéis se desvalorizaram 11%. Segundo um analista, a venda dos 6,5% de fatia que pertenciam ao fundador da OdontoPrev, Randal Zanetti, ao Bradesco Saúde, em outubro passado, garantindo o controle à seguradora, ainda não foi bem digerida pelo mercado. Zanetti ficou com 1% de participação. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.