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Odebrecht venderá fatia em ativos de energia renovável

A subsidiária da Odebrecht está à procura de investidores estrangeiros interessados em comprar fatias de ativos de projetos eólicos, hidrelétricos e de biomassa


	Odebrecht: Odebrecht Energia já está em negociação com quatro fundos de pensão internacionais que estariam interessados em seus projetos
 (Divulgação/EXAME)

Odebrecht: Odebrecht Energia já está em negociação com quatro fundos de pensão internacionais que estariam interessados em seus projetos (Divulgação/EXAME)

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Da Redação

Publicado em 27 de abril de 2015 às 20h23.

São Paulo - Odebrecht Energia, uma subsidiária da Odebrecht, está à procura de investidores estrangeiros interessados em comprar fatias de ativos de energia renovável, em um momento em que se deterioram as condições de crédito no Brasil.

A Odebrecht Energia já está em negociação com quatro fundos de pensão internacionais que estariam interessados em seus projetos eólicos, hidrelétricos e de biomassa, segundo Felipe Jens, diretor de investimentos da empresa com sede em São Paulo.

A companhia tem 2,4 gigawatts de capacidade instalada em projetos de energia renovável no Brasil.

“A forma de perpetuar o crescimento no setor é encontrar um parceiro”, disse Jens em entrevista em São Paulo. “Nossa capacidade de investimento é finita. Você consegue fazer mais investimentos usando recursos de terceiros”.

Com a alta dos juros para combater a inflação, a economia brasileira caminha para o pior ano desde 1992, e após um grande escândalo de corrupção, as empresas estão vendo poucas razões para emitir títulos de dívida para financiar investimentos. Como consequência, o mercado de captações ficou paralisado no primeiro trimestre.

Os bancos também não estão dispostos a ampliar os créditos. Até mesmo o BNDES, uma das ferramentas que integram o plano da presidente Dilma Rousseff para reduzir o endividamento do país, anunciou a redução de empréstimos baratos. Além disso, o governo elevou a taxa de juros de longo prazo cobradas pelo banco. Para os investidores estrangeiros que buscam preços baixos, a crise pode gerar oportunidades.

O real próximo ao nível mais baixo dos últimos 10 anos ajuda a tornar os ativos locais mais baratos em dólares americanos.

“Esse é um ano de fusões e aquisições no Brasil”, disse Thais Prandini, diretora da consultoria de energia Thymos Energia, em entrevista por telefone. “Tudo está mais barato do que quando o Brasil estava indo bem”.

A desaceleração econômica ocorre após um boom de investimentos no setor de energia eólica nos últimos anos, que atraiu investidores estrangeiros em um momento em que o país buscou diversificar sua geração de energia.

Aumento da capacidade

A capacidade eólica instalada do Brasil cresceu 82% em 2014, para 6 gigawatts, segundo a Associação Mundial de Energia Eólica. As companhias de biomassa aproveitaram a vantagem dos preços à vista altos no ano passado para aumentar a geração de energia em 17 por cento, segundo a União da Indústria da Cana-de-Açúcar (Unica).

Grande parte da expansão foi financiada pelo BNDES, mas os tempos mudaram.

“Definitivamente há uma redução nos recursos de financiamento no Brasil”, disse Jens. “Precisamos ser cuidadosos em relação a novos investimentos, especialmente no que diz respeito à disponibilidade de fontes de capital”.

O momento é propício para que a Odebrecht venda alguns de seus ativos de energia renovável, pois a maioria das plantas acabou de iniciar operações e a fase de construção terminou, disse Jens.

O plano está sendo discutido pelo conselho da Odebrecht e a empresa ainda não contratou assessores, disse ele.

A Odebrecht Energia usaria recursos de investidores estrangeiros para expandir seu portfólio no Brasil e em outros países da América Latina, disse Jens.

Projetos existentes

O complexo eólico Corredor do Senandes da Odebrecht, de 108 megawatts, no Sul do Brasil, poderia ser expandido em 70 megawatts. A empresa também está desenvolvendo um projeto eólico de 240 megawatts no Nordeste.

Seus 738 megawatts de capacidade instalada em usinas termelétricas movidas a biomassa deverão ser expandidos para 854 megawatts.

No Peru, a Odebrecht recebeu aprovação do governo para construir duas usinas hidrelétricas para um total combinado de 780 megawatts. No Panamá, a empresa está tentando conseguir aprovação para um projeto hidrelétrico de 224 megawatts.

A unidade Norberto Odebrecht Construtora foi mencionada em depoimentos na investigação sobre corrupção na Petrobras, a Operação Lava Jato.

A empresa enfrenta acusações de pagamento de propina a funcionários da petroleira em troca de contratos. A Odebrecht negou qualquer irregularidade.

A unidade Odebrecht Ambiental, que também faz parte do conglomerado, está entre as empresas proibidas de realizar negócios com a Petrobras por causa da Lava Jato.

A Odebrecht Energia não está implicada nas acusações.

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