Trecho da BR-163 no Mato Grosso (Wikimedia Commons)
Da Redação
Publicado em 13 de agosto de 2015 às 22h33.
Brasília - Com o caixa apertado e enfrentando dificuldades para contratar, o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) deverá transferir para a concessionária da Rota do Oeste, a Odebrecht Transport, obras de recuperação, conservação e duplicação em um percurso de 108 km na BR-163 no Mato Grosso.
Os investimentos previstos são de aproximadamente R$ 1 bilhão.
Esse trecho, que fica entre Cuiabá e Rosário do Oeste e atravessa o município de Várzea Grande, faz parte da concessão. Porém, havia o compromisso de o Dnit realizar as obras - o que não ocorreu.
O resultado é que, bem próximo à capital do Estado, há um pedaço da via em péssimas condições de tráfego, que dá ao usuário uma impressão ruim sobre a concessão.
Pior ainda, há nele uma praça de pedágio que, em tese, começaria a funcionar ainda este mês.
A solução encontrada foi transferir a responsabilidade das obras para a concessionária. Isso foi discutido numa reunião da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) e outros órgãos do governo noite de quarta-feira, que não foi conclusiva. Porém, o governo já dá a assunção do trecho como certa.
O próprio material de divulgação da segunda edição do Programa de Investimentos em Logística (PIL), lançado no início de junho, tem uma discreta menção a esse projeto. Na parte que trata da expansão de concessões existentes, está previsto um investimento adicional de R$ 800 milhões em obras de duplicação na BR-163 no Mato Grosso.
Esse é um dos pontos que ainda estavam pendentes de solução.
A estimativa de R$ 1 bilhão contempla não só a duplicação, mas também obras de recuperação e conservação. E o que está em discussão é a possibilidade de, num primeiro momento, transferir ao concessionário apenas a recuperação e conservação.
Os investimentos adicionais serão compensados com aumento da tarifa, e esse desenho proporcionaria um impacto menor.
O cálculo ainda está sendo feito pela ANTT e a expectativa é que seja concluído nos próximos dias. O pedágio já poderia começar a ser cobrado, uma vez que a concessionária já cumpriu a exigência de duplicar pelo menos 10% do trecho sob sua administração.
A Rota do Oeste venceu o leilão da concessão, realizado em novembro de 2013, oferecendo um deságio de 52,03% sobre a tarifa teto fixada pelo governo. Assim, o lance vencedor foi de R$ 2,64 por cada 100 km, a mais baixa tarifa da primeira edição do PIL Rodovias.
Desde então, ela já recebeu dois reajustes extraordinários para compensar investimentos incluídos no contrato após o leilão: 30 retornos e obras adicionais em um pequeno trecho de 2 km no Sul do Estado. Assim, a tarifa passou para R$ 2,71, mas ainda não está sendo cobrada.
O preço deverá subir significativamente após a ANTT concluir os cálculos da tarifa final que começará a ser cobrada dos usuários nos próximos dias.
Isso porque as contas vão incluir, além dos novos investimentos, a inflação medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) desde 2012 e uma compensação pela Lei dos Caminhoneiros, que proíbe as concessionárias de cobrar pedágio sobre eixos suspensos. Como toda a engenharia financeira havia sido montada contando com a cobrança de todos os eixos, os concessionários ganharam direito a um reequilíbrio econômico-financeiro do contrato.
Reportagem publicada pelo jornal "O Estado de S. Paulo" no final de julho mostra que os reajustes em outras rodovias concedidas, contando inflação e efeito da lei, chegaram perto dos 40%. Ainda assim, a expectativa é que a Rota do Oeste, que pertence integralmente Odebrecht Transport, mantenha sua posição de menor tarifa da rodada de leilões.
Questionada, a concessionária informou que solicitou à ANTT a antecipação do recebimento do trecho atualmente sob responsabilidade do Dnit.
"A ANTT solicitou, no dia de 02 junho de 2015, a manifestação de interesse, acompanhada de um projeto de viabilidade. Os documentos foram entregues no dia 9 de julho de 2015 e passam por avaliação técnica desde então", informou.
"A fim de poder garantir a segurança e trafegabilidade dos motoristas, responsabilidades intrínseca ao papel de concessionário, a Rota do Oeste ressalta que defende uma solução rápida para o trecho, que notadamente se encontra em condições ruins de conservação", afirma.
A assunção de obras se enquadra numa cláusula que está no contrato, de investimentos adicionais. Isso é feito por meio de um aditivo ao contrato. O investimento pode ser compensado de três formas: mais tarifa, mais prazo ou ressarcimento financeiro pelo governo.