Odebrecht: Cruz se recusou a revelar o valor da venda de Chaglla, que iniciou suas operações no ano passado (Paulo Whitaker/Reuters/Reuters)
Reuters
Publicado em 7 de agosto de 2017 às 21h39.
Lima - A Odebrecht espera fechar nos próximos dias um acordo para vender uma usina hidrelétrica no Peru na qual investiu 1,5 bilhão de dólares, como parte de um plano para lidar com o pagamento de um acordo após um escândalo de corrupção, disse um executivo da empresa nesta segunda-feira.
Mauricio Cruz, presidente da Odebrecht Latinvest, braço de investimentos da construção para a América Latina, disse que com a venda deste e dois outros ativos a empresa espera pagar dívidas com credores para pensar a partir de fevereiro de 2018 em projetos com o setor privado.
"A hidrelétrica tem uma possibilidade de assinar um contrato de venda nos próximos dias", disse Cruz durante o Reuters Latin American Investment Summit. "A que está mais próxima é uma empresa chinesa, mas há outras", disse, recusando-se a identificar as companhias interessadas.
Cruz se recusou a revelar o valor da venda de Chaglla, que iniciou suas operações no ano passado. "Estamos perdendo valor em muitas delas, principalmente por causa da crise tão generalizada em torno dos projetos."
O executivo disse que os outros dois ativos que devem ser vendidos no Peru são os projetos de irrigação Chavimochic e Olmos. A venda deste último, que já tem um acordo desde novembro com o grupo francês Suez e a canadense Brookfield, está suspensa devido a uma decisão da justiça local.
"Estimamos que estas três vendas, que podem acontecer em 90 dias, possam limpar todas as contas que temos fora do (projeto) gasoduto peruano", disse Cruz.
O projeto do gasoduto, que inclui um investimento de 7,2 bilhões de dólares, foi cancelado pelo governo em janeiro, após a Odebrecht não obter financiamento em meio a casos de corrupção.
Cruz espera que o governo entregue novamente a obra a um novo operador. "Estamos muito esperançosos de que o contrato, com leilão até janeiro, seja cumprido", disse ele.
"Se isso não acontecer, o habitual em casos como este, é que se busque a arbitragem internacional" para recuperar oinvestimento, acrescentou.
Sua sócia no projeto do gasoduto, a Grana y Montero, disse no ano passado que o Peru pode pagar entre 1,2 bilhão e 1,4 bilhão de dólares se o contrato for cancelado.
Em relação a acordo de compensação ao governo peruano, Cruz afirmou que a fórmula foi proposta para definir o valor, o que seria o dobro do que a Odebrecht pagou em propinas no país.
"Dos valores pagos ilegalmente, a conta do Peru é de cerca de 60 milhões de dólares", disse ele, mas poderia aumentar se mais casos de corrupção aparecerem. "Não podemos assinar um acordo que é a sentença de morte da empresa".
O executivo disse que a reestruturação da empresa de construção na América Latina após o escândalo de corrupção está muito "avançada" e inclui mecanismos de boas práticas empresariais para evitar qualquer ato de corrupção.
E após este processo, algumas empresas do grupo podem ser listadas em bolsa. A Odebrecht Latinvest está agora focada na venda de ativos para gerar caixa e reduzir dívidas. "A construtora (do grupo) tem um plano para até mesmo fazer uma oferta pública de ações, mas não para o curto prazo (...) este ano, definitivamente não", disse ele.