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Odebrecht garante ter eliminado más práticas e que cumprirá leis

"Estou 100% seguro de que alcançamos e paramos a corrupção", disse Michael F. Munro, diretor global de Complience da multinacional brasileira

Odebrecht: a empreiteira "tem implantados os elementos globais de um programa de boas práticas efetivo" (Mario Tama/Getty Images)

Odebrecht: a empreiteira "tem implantados os elementos globais de um programa de boas práticas efetivo" (Mario Tama/Getty Images)

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EFE

Publicado em 26 de outubro de 2017 às 06h48.

Buenos Aires - A Odebrecht quer divulgar ao mundo que eliminou as más práticas, que desembocaram em um escândalo internacional, e que manterá o cumprimento das leis, afirmou nesta quarta-feira Michael F. Munro, diretor global de Complience da multinacional brasileira, em entrevista à Agência Efe.

"Estou 100% seguro de que alcançamos e paramos a corrupção" e que a Odebrecht "tem implantados os elementos globais de um programa de boas práticas efetivo", afirmou em Buenos Aires este advogado americano, contratado para limpar o nome da companhia.

"O que não posso é dizer o mesmo sobre a reputação (...). Uma organização não pode estar envolvida no que estivemos envolvidos e mudar a sua reputação do dia para a noite e rápido. Isso é um desafio maior", acrescentou.

Para Munro, que participou em Buenos Aires de um congresso especializado em boas práticas empresariais para oferecer seu ponto de vista após 25 anos de experiência na aplicação destas regras, a fama da companhia "melhorará país por país" sem a necessidade de que as pessoas esqueçam o que aconteceu e através de mostrar ao público que são transparentes.

A revelação de que a Odebrecht protagonizava um escândalo internacional ocorreu em dezembro do ano passado, quando o Departamento de Justiça dos Estados Unidos divulgou documentos que revelaram que a construtora pagou aproximadamente US$ 788 milhões em propinas em 12 países de América Latina e África.

No entanto, antes de evidenciar publicamente esta mudança para a legalidade, Munro afirmou que teve que realizar um intenso trabalho de conscientização dentro da própria empresa, o que o levou a viajar e ter encontros com os funcionários em escritórios em 18 países, a "escutar e entender" a situação de cada um para transmitir adequadamente o importante, que é "sempre fazer o correto".

"Muitas, muitas viagens" depois, e após 1.089 encontros diferentes com os funcionários e diretores, o executivo afirmou que o "frente a frente" foi o sistema mais adequado para "gerar consciência", voltar aos "valores fundamentais" da empresa e deixar de lado as más práticas e, "certamente, sem propinas".

"Tínhamos que dizer às pessoas interessadas, dizer aos bancos que nos financiavam, clientes, acionistas, dizer que hoje estamos operando sob um programa de Compliance global", resumiu o executivo.

A mensagem é acompanhada pela implantação de um programa de boas práticas com base em "bons valores", um plano inspirado em aplicações internacionais que deveria ser implementado na sua totalidade para que a empresa pudesse ficar livre de corrupção.

O futuro de sua equipe é "assegurar" que estas mudanças implementadas continuem "no mundo todo, todos os dias", e dar voz na sociedade para que cada vez mais gente fale sobre a importância de combater a corrupção, ressaltou Munro.

Para ele, a corrupção dificilmente sairá completamente, mas mesmo assim notou uma tendência de reduzi-la após um trabalho conjunto entre organizações, associações e governos.

"Sempre haverá uma pessoa, uma companhia ou uma pessoa em uma companhia que decide fazer o incorreto, mas é cada vez mais difícil fazê-lo", concluiu.

Acompanhe tudo sobre:CorrupçãoNovonor (ex-Odebrecht)

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