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OAS projeta queda de 56% na receita até 2017

A OAS prevê queda de até 56% na receita líquida até 2017, após vender ativos numa reestruturação causada pelo escândalo de corrupção da Petrobras

Trabalhadores da OAS:  (Dado Galdieri/Bloomberg)

Trabalhadores da OAS: (Dado Galdieri/Bloomberg)

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Da Redação

Publicado em 22 de abril de 2015 às 18h15.

São Paulo - A OAS começa apresentar a credores um plano operacional para os próximos anos, focado em construção civil, e que prevê queda de até 56 por cento na receita líquida até 2017, após vender ativos numa ampla reestruturação disparada pela investigação do escândalo de corrupção em contratos da Petrobras.

O grupo, que até ano passado se apresentava como a terceira maior construtora do Brasil, entrou em recuperação judicial para preservar liquidez diante de uma dívida de 8 bilhões de reais.

A empresa se reúne com credores nacionais nesta semana, e internacionais, na próxima. O plano a ser apresentado, e que precisa ser aceito pelos credores para sair do papel, prevê queda da receita líquida para 3,133 bilhões de reais em 2017, ante 7,151 bilhões em 2014, mas projeta recuperação a 5,036 bilhões para 2019.

A jornalistas, o diretor de desenvolvimento corporativo, Diego Barreto, e o diretor de reestruturação, Fabio Yonamine, disseram que ainda não é possível afirmar os princípios financeiros que nortearão o pagamento da dívida. Mas afirmaram que a expectativa é iniciar esta fase do diálogo com os credores em até um mês após a apresentação do plano operacional do grupo.

De acordo com o plano apresentado nesta quarta-feira, a empresa projeta que a margem de lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda), caia de 6 por cento em 2014 para 1 por cento em 2015. A queda será pressionada por despesas de reestruturação, que farão a empresa ficar de fora de novos projetos neste ano, passando a se concentrar apenas em obras de edificações e transportes a partir de 2016, quando a nova OAS espera ter margem Ebitda de 11 por cento.

Além do enxugamento dos projetos, a empresa espera concluir até 2016 a maior parte da venda dos ativos da OAS Investimentos, braço de participações cuja joia da coroa é a fatia de cerca de um quarto da Invepar, que participa do consórcio que administra o aeroporto de Guarulhos, em São Paulo.

Segundo os executivos, a OAS estima que o valor de venda de seus ativos mais líquidos, que além da fatia na Invepar incluem a empresa de águas e saneamento OAS Soluções Ambientais, vai atingir de 1,7 bilhão a 2,5 bilhões de reais, de um valor contábil de 3,8 bilhões.

Barreto e Yonamine confirmaram que a OAS está negociando um financiamento de 800 milhões de reais para melhorar sua liquidez e que a garantia do empréstimo deve ser uma participação de até 18 por cento na Invepar. Eles não informaram nomes, mas disseram que o empréstimo pode ser concedido pelo mesmo grupo que vier a comprar a fatia da OAS na Invepar.

Os executivos afirmaram que o processo de venda da fatia na Invepar está "adiantado" e que deve ser apresentado ao juiz da recuperação judicial da OAS em cerca de três semanas. Já o processo da OAS Soluções Ambientais está recebendo propostas firmes. Eles não deram detalhes sobre interessados nos ativos.

DEMISSÕES

A empresa trabalha o processo de reestruturação desde o ano passado, com demissão de 140 funcionários administrativos e não captação de novos projetos, o que resultou em desligamentos de 15 mil funcionários após término de obras. Atualmente, o grupo tem cerca de 100 mil empregados, cifra que deve recuar nos próximos anos, disse Barreto.

As despesas gerais e administrativas devem ser reduzidas de 771 milhões de reais em 2014 para 478 milhões este ano e 220 milhões em 2016, se mantendo num patamar de 5,5 por cento da receita, ante 11,8 por cento no ano passado.

O objetivo do plano operacional é reduzir a atuação internacional de 21 para 5 países, com destaque para o Peru, onde a operação da OAS está "madura e gerando caixa", disse Barreto. Além disso, com o foco apenas em projetos de transporte e edificações, como shopping centers, a OAS reduziu o tamanho da sua carteira de encomendas de 21,8 bilhões de reais no ano passado para 11 bilhões de reais atualmente.

Os executivos informaram que a empresa tem como meta ter a maior parte de sua carteira de encomendas de obras com clientes do setor público, ante nível de 55 por cento junto a clientes privados no ano passado. "O setor público poderá ser até mais que 55 por cento da carteira", disse Barreto.

Ele explicou que, com a recuperação judicial, a OAS não tem impedimentos para continuar operando contratos de obras públicas ou participando de novas licitações e que o objetivo é buscar contratos de novas obras com governos estaduais de São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro, além de projetos municipais e estaduais que utilizem verbas federais.

"Queremos clientes com capacidade de pagamento reconhecida, volatilidade de pagamento baixa e projetos de engenharia entre níveis básico e executivo", disse Barreto referindo-se a projetos com mais visibilidade orçamentária.

"A competição (por esses contratos) é maior, mas há mais visibilidade", disse Barreto.

*Texto atualizado às 18h15

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