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Raio-x da pandemia nos planos de saúde mostra: hospitais estão mais vazios

Dados da ANS mostram que a pandemia de coronavírus derrubou a ocupação de leitos e os atendimentos no pronto-socorro dos hospitais particulares

Paciente em hospital: levantamento da ANS mostra que ocupação de leitos privados caiu com a pandemia (iStock/Getty Images)

Paciente em hospital: levantamento da ANS mostra que ocupação de leitos privados caiu com a pandemia (iStock/Getty Images)

Mariana Desidério

Mariana Desidério

Publicado em 20 de maio de 2020 às 06h00.

Última atualização em 20 de maio de 2020 às 08h55.

A pandemia do novo coronavírus tem gerado impactos diferentes nos sistemas de saúde público e privado. Um estudo da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) que analisa dados de operadoras de planos de saúde mostrou que, até agora, o principal impacto da doença para essas empresas tem sido mais leitos vazios. A taxa média de ocupação de leitos caiu de 69% em abril de 2019 para 50% em abril de 2020.

Os atendimentos em pronto-socorro também tiveram queda significativa, de 48% entre março e abril deste ano, de acordo com o levantamento. “Está claro que o paciente está com medo de ser contaminado, e o hospital não está faturando com o pronto-socorro. Isso indica queda importante de receita para os hospitais que têm um custo fixo alto”, afirma Marcelo Carnielo, diretor da consultoria de gestão em saúde Planisa.

Os dados também mostram aumento de internações devido à covid-19 em relação a outras internações. Em fevereiro, as internações pelo novo coronavírus eram 9% do total; em abril passaram para 47%. Houve ainda aumento significativo de internações por síndrome respiratória aguda grave na comparação com os números de 2019. Em abril de 2019 foram 1.800 internações, ante 5.432 em abril deste ano.

O levantamento analisa ainda os custos de internação dos pacientes com covid-19, em geral mais altos do que outras internações, devido principalmente ao tempo de permanência no hospital, que chega a mais de 11 dias nos casos de internação na UTI.

Apesar disso, o levantamento indica que, por ora, os planos de saúde não tiveram impacto significativo na sinistralidade, índice que mede a relação entre quanto a empresa recebe e quanto ela gasta com serviços de saúde. O índice subiu de 75% em fevereiro para 77% em abril. No entanto, continua abaixo do registrado em meses anteriores. Em dezembro de 2019, o indicador estava em 78% e em agosto de 2019, 81%.

A ANS ressalta que a pouca variação pode ser explicada pelo ciclo financeiro do setor, no qual os planos efetuam o pagamento de prestadores semanas após o atendimento médico. Ou seja, as contas pagas até abril podem corresponder a procedimentos relativos aos meses de janeiro, fevereiro e março, e ainda podem não ter sido impactadas pela covid-19.

Já a inadimplência teve movimentos diferentes a depender do tipo de contrato. Nos planos individuais e familiares, caiu de 17% para 16%. Nos planos coletivos subiu de 9% para 10%.

O levantamento foi feito com base em dados enviados pelas operadoras de planos de saúde. As informações sobre atendimento assistencial prestado pelos planos de saúde vieram de 45 operadoras que dispõem de rede própria de hospitais. Os dados econômico-financeiros consideram informações de 99 operadoras, e os de inadimplência se referem a dados de 102 operadoras.

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