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O que o mundo está dizendo sobre a prisão de Eike Batista

Jornais estrangeiros ressaltaram a intensa derrocada do empresário nos últimos anos, passando de homem mais rico do país a presidiário

Eike Batista: ele estava foragido desde a última quinta-feira (26) e está preso na penitenciária Bangu 9, (Globo News/Reprodução)

Eike Batista: ele estava foragido desde a última quinta-feira (26) e está preso na penitenciária Bangu 9, (Globo News/Reprodução)

Luísa Melo

Luísa Melo

Publicado em 30 de janeiro de 2017 às 18h23.

Última atualização em 31 de janeiro de 2017 às 16h47.

São Paulo - A prisão de Eike Batista, suspeito de corrupção ativa e lavagem de dinheiro, nesta segunda-feira (30) repercutiu por todo o mundo.

Jornais estrangeiros noticiaram a detenção do empresário e ressaltaram sua intensa derrocada nos últimos cinco anos, passando de homem mais rico do país a presidiário.

O norte-americano The New York Times frisou que Eike "já foi visto como um brilhante exemplo de um Brasil confiante e expansão".

"Sua ascensão simbolizou um país em desenvolvimento que parecia combinar com sucesso empresas privadas como justiça social e que estava surfando alto no aumento dos preços das commodities", diz o texto.

O jornal lembrou que Batista conseguiu levantar mais de 3,6 bilhões de dólares com o IPO da OGX, hoje OGpar, em 2008, e que ergueu um verdadeiro império que veio a ruir.

Também disse que o empresário "recebeu confetes" dos ex-presidentes Lula e Dilma, além de celebridades e atletas.

O diário destacou os 4 bilhões concedidos às empresas de Eike pelo BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) e lembrou que sua queda começou com a crise de confiança gerada depois que a OGX entregou apenas uma fração do petróleo prometido.

Reforçou ainda a crise econômica enfrentada por todo o país recentemente.

"A fortuna do Brasil sofreu junto com a de Batista – o país está atolado em recessão por quase três anos e o Partido dos Trabalhadores e seus antigos aliados estão enredados em um escândalo de corrupção, centrado na estatal petroleira Petrobras", escreveu.

O britânico Financial Times foi outro que expôs a trajetória decadente de Eike.

"A prisão marca um ponto baixo para o empresário que antes voava alto, que cavalgou no superciclo das commodities da primeira década deste século para se tornar o homem mais rico do país, apenas para ver sua fortuna colapsar quatro anos atrás quando seu império quebrou", publicou o jornal.

O FT retomou que a prisão faz parte da Operação Lava Jato, que desmantelou um esquema de corrupção na Petrobras, e lembrou que o STF (Supremo Tribunal Federal) está finalizando a delação de 77 executivos da construtora Odebrecht.

Também destacou que os depoimentos devem impactar muitos políticos do alto escalão do país, incluindo o presidente Michel Temer.

Já o The Wall Street Journal ponderou que Eike ficará detido justamente durante um período crítico para o sistema carcerário brasileiro.

"Desde o começo do ano, uma onda de rebeliões nas prisões no Brasil deixou mais de 120 detentos mortos, expondo a superlotação e as pobres condições das penitenciárias do país", diz a reportagem.

Histórico

Eike estava foragido e foi preso nesta segunda-feira (30) ao voltar de Nova York, nos Estados Unidos. Ele passou duas horas no presídio Ary Franco, no Rio de Janeiro, e depois foi transferido para a penitenciária Bandeira Stampa, conhecida como Bangu 9, na mesma cidade.

O empresário é investigado na Operação Eficiência, no âmbito da Lava Jato, por corrupção ativa por pagar 16,5 milhões de dólares ao ex-governador do Rio de Janeiro Sérgio Cabral por meio de uma conta no Panamá.

O político, detido desde novembro, é acusado de comandar uma organização criminosa que já lavou mais de 100 milhões dólares no exterior, segundo o Ministério Público Federal e a Polícia Federal.

O dinheiro teria sido desviado de obras públicas feitas no estado durante a gestão de Cabral.

Os investigadores ainda não sabem dizer qual a contrapartida recebida pelo empresário pela suposta propina, mas defendem que sua prisão se justifica pelo fato de ele usar falsos negócios para forjar a legalidade de dinheiro lavado e, assim, “escamotear a verdade” dos órgãos públicos.

Para maquiar o montante pago a Cabral, ele teria criado um contrato de fachada para a intermediação de compra e venda de uma mina de ouro que nunca aconteceu.

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