55% das organizações globais registraram lucro com o uso da IA, segundo estudo (Getty Images/Getty Images)
Chief Artificial Intelligence Officer da Exame
Publicado em 15 de junho de 2023 às 10h31.
Última atualização em 17 de julho de 2023 às 14h04.
Como sou um aficionado pelas últimas tecnologias, passei boa parte do meu tempo mergulhado em conteúdos sobre o que acontece nesse mundo tecnológico: artigos, notícias, filmes, documentários, livros e videozinhos de rede social.
Isso fora as inúmeras conversas que tenho com pessoas de várias indústrias sobre as tantas aplicações de inteligência artificial, realidade virtual, metaverso e por aí vai. As possibilidades são literalmente infinitas.
Resolvi publicar um compilado do que mais chamou minha atenção semanalmente para compartilhar por aqui.
As tecnologias emergentes vão moldar o futuro e já estão afetando o nosso presente.
Vamos ver o que aconteceu nos últimos dias.
Vídeos falsos criados com IA foram usados para influenciar eleições. Isso mesmo que você acabou de ler.
O que aconteceu foi que os dois principais candidatos à presidência da Turquia, Erdogan e Kilicdaroglu, divulgaram montagens super realistas um do outro fazendo e falando besteira. Inclusive teve até vídeo pornô.
“Deep fake = Mentira profunda.”
Não é mais a notícia que é falsa, é a própria realidade. Você vê uma pessoa falando, com total naturalidade, mas não é ela.
No que as pessoas vão acreditar agora se nem a realidade é confiável? No final das contas a solução é a mesma de sempre. Olhar as fontes.
Quem é que está publicando o vídeo? Com quais intenções? A pessoa confirmou nos seus canais pessoais, oficiais, aquilo que está no vídeo?
Tem o problema oposto também. Imagina que alguém filma um político realmente fazendo besteira. Denuncia, publica o vídeo. E o político alega que é uma deep fake.
Como descobrir que uma deep fake é fake se são iguais a realidade? Aqui na Europa já se discute um registro público de todas as imagens geradas por inteligência artificial.
Não parece simples implementar isso, mas pode resolver o problema.
Exatamente! Uma façanha, até então, só atingida pela Apple, Microsoft, Alphabet e Amazon.
A Nvidia, não era uma empresa que estava na boca do povo. Eles não são uma rede social, e também não vendem software.
A Nvidia é uma empresa de chips e peças de computador. Mais especificamente, são especializados em placas de vídeos. A placa de vídeo é a peça no computador responsável por processar imagens.
Quem era o cliente da Nvidia? Era o cara que jogava no computador. E os jogos dessas pessoas incluíam vídeos com personagens simulando comportamento humano, seja através de NPCs (personagens controlados pelo computador) ou de comandos enviados por outros jogadores.
A Nvidia vende o motor que as empresas que vendem inteligência artificial precisam.
Antes, você tinha um gamer (um cara que joga vídeo game no pc) com um poder de processamento animal para criar mil monstros humanóides operados por inteligência artificial e ficar lutando com eles.
Agora, a gente vai ter Microsoft, Google, Amazon, e outras gigantes, empacotando essa capacidade computacional para que pessoas comuns (não pessoas que gostam de jogos de computador como eu) possam criar o que quiserem com essas inteligências artificiais.
Ao invés de criar um monstro para lutar comigo, a Nvidia agora vai ser usada para a área de marketing do McDonald's produzir um anúncio que vai me fazer comprar mais hambúrguer.
Basicamente, é isso.
Eles vendem o coração para os cérebros da inteligência artificial funcionarem. E, por isso, ela está valendo mais de 1 trilhão de dólares.
O CEO Jensen Huang anunciou uma série de novos produtos de inteligência artificial, entre eles o Spectrum X, uma rede para trafegar dados de IA.
A propósito, ele é um dos que acha que a programação de computadores vai acabar e que as pessoas vão criar software com linguagem natural.
Será?!
Leia mais aqui: https://exame.com/invest/mercados/nvidia-bate-us-1-trilhao-em-valor-de-mercado/
https://exame.com/future-of-money/nvidia-usa-inteligencia-artificial-conversas-personagens-jogos/
"Acabamos de divulgar uma declaração: Mitigar o risco de extinção representados pela IA deve ser uma prioridade global, juntamente com outros riscos de larga escala social, como pandemias e guerras nucleares. Os signatários incluem Hinton, Bengio, Altman, Hassabis, Song, etc.”
Os CEOs da Google DeepMind e OpenAI assinaram, junto com outros notáveis e cientistas do mundo todo, assim como Dan Hendrycks, uma declaração sobre a “ameaça existencial” das IAs.
Eles acham que mitigar o risco da IA nos levará à extinção, e isso deve ser uma prioridade global junto com outros riscos, como pandemias e guerras nucleares.
Mas… essa “cartinha”, tem o mesmo problema daquela outra, aquela que a turma do Elon Musk uma vez escreveu.
Ela direciona a atenção para os riscos potenciais no futuro e não foca nos riscos imediatos. Disseminação de propaganda falsa, perpetuação de preconceitos e redução dos empregos.
Essa declaração surge, junto com outras iniciativas das principais empresas de IA, para mostrar que estão levando a sério a segurança, e que se preocupam com os riscos.
O Sam Altman aprendeu com os facebooks da vida, ao invés de deixar a coisa correr solta, dar problema, e ter toda opinião pública contra. Ele está se antecipando. Assim, fica mais fácil ele moldar a regulamentação de acordo com os seus interesses.
Mas, como tudo relacionado à inteligência artificial, essa discussão está bem no início. Espero que a regulamentação dos serviços de IA não seja cooptada pelos interesses das empresas americanas que estão interessadas em se expandir pelo mundo sem restrições.
Costuma ser assim.
A OpenAI já começou os trabalhos.
Uma semana depois de uma imagem falsa de 'explosão' perto do Pentágono viralizar, o Twitter anunciou que vai fazer verificação de imagens por crowdsourcing.
Os usuários humanos do Twitter vão poder adicionar notas, identificando imagens falsas geradas por inteligência artificial.
O que a rede social está fazendo, é expandir o seu programa de checagem de fatos, antes restrito a textos, agora também para fotos.
Mas, será que a inteligência humana coletiva vai ganhar da inteligência artificial?
Na verdade, se você parar para pensar, a inteligência artificial é a inteligência coletiva, só que mecanizada, automatizada.
Provavelmente, esse crowdsourcing do Twitter, vai ensinar alguma inteligência artificial a identificar imagens geradas por IA
É isso mesmo que você pensou, nós estamos vivendo num mundo onde máquinas já brigam entre si.
Neuralink, a empresa de implante cerebral de Elon Musk, recebeu aprovação para realizar testes em seres humanos.
A aprovação é um marco para a empresa. Até agora, as pesquisas eram apenas em animais.
A Neuralink vem desenvolvendo um dispositivo para ser “instalado” cirurgicamente no cérebro por um robô. Esse chip decodifica a atividade cerebral e é conectado a computadores.
A empresa é uma das maiores investidoras de pesquisas no campo das interfaces cérebro-computador. Mas, ninguém disse quando os testes clínicos eram verdadeiros.
O site da Neuralink indica que apenas pacientes com certas condições - incluindo paralisia, cegueira, surdez ou incapacidade de falar - são elegíveis.
Diferente de outras empresas de implantes cerebrais que têm o foco em necessidades médicas, a Neuralink tem ambições maiores, querem aprimorar o ser humano.
É por isso que a empresa projetou um chip de computador carregado com eletrodos para ser costurado dentro da superfície do cérebro. E criou também um robô para fazer cirurgia.
Está seguindo uma abordagem mais invasiva do que os concorrentes.
“Tenho certeza de que você não gostaria de ter o iPhone 1 preso na sua cabeça se o iPhone 14 estiver disponível,” disse Musk no ano passado.
No futuro, ao invés de atualizar o sistema operacional do smartphone vamos atualizar diretamente nosso cérebro.
Já imaginou baixar coisas direto para sua cabeça?
Isso é meio assustador, não é não? Ou você deixaria um robô costurar um chip dentro do seu cérebro?
Leia mais aqui: https://exame.com/tecnologia/chip-no-cerebro-empresa-de-elon-musk-recebe-aval-para-testes-em-humanos/
A ONU convocou sua primeira reunião global com 40 ministros da educação de todo o mundo para explorar os riscos e vantagens do uso de inteligência artificial na educação.
Eles debateram políticas e planos sobre como integrar essas ferramentas na educação e discutiram estudos da UNESCO sobre o uso da IA Generativa nas escolas.
A intenção é publicar diretrizes e frameworks em breve.
O debate mostrou que está todo mundo pensando em adaptar os sistemas educacionais às disrupções que a IA Generativa vem provocando.
Os principais pontos de atenção dos ministros foram:
Eu converso com muitos professores do Ensino Fundamental, Médio, Graduação, Pós. Muitos já estão usando o ChatGPT para preparar aulas, testes, exercícios, mas proíbem os alunos de usar.
É só o professor que pode ter ajuda do ChatGPT?
Inclusive, acho ótimo essa discussão já estar na pauta dos ministros da educação.
Justiça federal nos EUA passa a exigir certificado atestando que documentos trazidos perante a corte não foram redigidos por IAs generativas. E quando isso não for possível, será obrigatório que um ser humano verifique sua precisão.
A decisão vem após um advogado utilizar o ChatGPT, que citou casos inexistentes para apoiar sua defesa. Isso aqui vem numa tendência que eu também vejo fora do mundo jurídico.
Assim como, a gente tem uma indústria de produtos naturais, não industrializados, sem conservantes, é provável que tenhamos a valorização do conteúdo não industrializado, não artificial.
Será que o conteúdo “natural” vai ser mais saudável do que o artificial?
Será que as pessoas vão pagar mais caro para consumir um conteúdo que tem como diferencial não ter sido produzido por inteligência artificial? E agora?
De qualquer forma, nos tribunais, os juízes não querem saber de ler petição escritas por robôs. Fato.
Japão estabelece que direitos autorais não se aplicam aos dados que treinam as inteligências artificiais. E isso vale para qualquer tipo de conteúdo e uso, comercial ou não.
O país quer ser líder no desenvolvimento da tecnologia e acredita que essa questão pode atrapalhar, especialmente em relação a animes e outras mídias visuais. Então, tirou logo da frente.
Atualmente, no Japão, as máquinas têm os mesmos direitos que as crianças. Ensino gratuito: se você for uma Inteligência artificial, você não paga pra aprender.
Mas, calma. Tem um porém:
Para uma inteligência artificial ter aprendido a desenhar uma casa, a empresa precisou fazer o upload de milhões de desenhos de casa feitos por outras pessoas.
Com a inteligência artificial, as empresas de tecnologia podem agora lucrar com esses milhões de desenhos feitos pelas pessoas sem precisar pagar por esse trabalho.
Já vi esse filme antes com as redes sociais. Mas, pelo menos, eu não precisava pagar pra usar o facebook.
Além disso, de alguma forma as redes sociais assumem o valor das pessoas criadoras de conteúdo.
Já os serviços de inteligência artificial insistem em se vender como mágica, como se suas criações tivessem brotado espontaneamente do silício das placas dos computadores, e não do trabalho humano não-remunerado.
E a Apple também lançou o Apple Vision Pro, que promete ser o iPhone dos óculos de realidade mista.
Comparado ao Quest 2, o Quest 3, que a Meta lançou, é mais fino, tem sensores melhores. É também mais ergonômico e duas vezes mais rápido. Vai custar 500 dólares e começa a ser vendido esse ano.
O Apple Vision Pro vai custar mais de 3 mil dólares, e promete ser o mais avançado dispositivo eletrônico para uso pessoal que já existiu. Começa a ser vendido ano que vem.
Esse é o produto mais arriscado que a Apple já lançou desde o iPhone.
Se decolar, a Apple vai para novos patamares. O atual CEO, Tim Cook, faz história, e se torna o novo Steve Jobs.
Se falhar, vai todo mundo questionar a liderança dele e falar da falta que faz o Steve. Quando a Apple lançou o iPod, as pessoas já estavam acostumadas com os mp3 players.
Quando veio o iPhone, as pessoas já usavam os celulares. Dessa vez, é difícil até explicar o que é o Apple Vision Pro.
A Apple diz que é um computador espacial que combina conteúdo digital com o mundo físico, um óculos de realidade mista: aumentada e virtual.
Ou seja, é um óculos transparente que te mostra a realidade “aumentando” ela com elementos digitais. Por isso, “realidade aumentada”.
E, ao mesmo tempo, é uma tela de cinema colada no rosto, que te joga num mundo virtual imersivo, fora da realidade física. Por isso, “realidade virtual”.
E, por isso, também é “realidade mista”. Porque mistura as duas.
Estou torcendo muito para essa aposta dar certo, uso óculos de realidade virtual e aumentada há alguns anos. É muito interessante, promissor, mas meio enjoativo.
Parece um jogo de videogame, você usa um pouco e cansa.
Espero ser surpreendido por essa nova experiência da Apple.
Assista o vídeo completo aqui, no Canal “Inventor Miguel”: