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O que Magazine Luiza e B2W podem ganhar com a compra da Netshoes

A Netshoes é a companhia mais relevante no mercado online de produtos esportivos e a aquisição pode dar à compradora presença maior no mercado de moda

CENTRO DE DISTRIBUIÇÃO DA NETSHOES: loja online de calçados e materiais esportivos se tornará uma subsidiária da Magazine Luiza (Germano Lüders/Exame)

CENTRO DE DISTRIBUIÇÃO DA NETSHOES: loja online de calçados e materiais esportivos se tornará uma subsidiária da Magazine Luiza (Germano Lüders/Exame)

Karin Salomão

Karin Salomão

Publicado em 12 de abril de 2019 às 06h00.

Última atualização em 12 de abril de 2019 às 06h00.

A varejista online Netshoes busca um comprador com sangue frio. A condição: topar assumir um negócio deficitário há anos e com valor de mercado em queda em troca de um pezinho num mercado em ebulição na internet, a moda.

A B2W, dona da Americanas.com e do Submarino, e o Magazine Luiza afirmaram que estão analisando a aquisição, embora afirmem que, por enquanto, não há nenhuma oferta firme. Não está claro o que as varejistas ganham com o negócio, segundo analistas e investidores.

A compra, pelo menos, não custaria caro. O valor de mercado da Netshoes é de aproximadamente 73 milhões de dólares, uma fração dos 558,5 milhões de dólares em que foi avaliada na abertura de capital, há dois anos. Atualmente, a dívida da empresa é de cerca de 37 milhões de dólares.

A Netshoes é a companhia mais relevante no mercado online de produtos esportivos, mas sofre com apostas equivocadas em outros países, como no México e na Argentina, e em mercados que conhecia pouco, como de suplementos. Nos últimos trimestres, a companhia se dedicou a arrumar a casa para se concentrar em seu negócio de origem, de artigos esportivos, e na Zattini, seu braço de moda.

É uma combinação que pode interessar varejistas online com grande presença em outros nichos. A aquisição pode dar à compradora presença maior no mercado de moda, seguindo o caminho da Amazon e Dafiti. A Zara, uma das maiores varejistas de moda do mundo, recentemente anunciou sua entrada no comércio eletrônico.

A questão é a que custo. No terceiro trimestre de 2018, o prejuízo da Netshoes praticamente triplicou, ampliando os problemas da companhia. Apesar do crescimento de 18,2% no número de clientes no período de 12 meses encerrado em setembro, a receita líquida da companhia encolheu 3,2% no terceiro trimestre contra um ano antes, a 417,8 milhões de reais. Para arrumar a casa, a Netshoes vendeu sua operação no México no ano passado e encerrou seu negócio B2B, de transações para clientes corporativos, para focar no B2C, a venda para clientes finais.

A Netshoes deve divulgar seus resultados anuais referentes a 2018 na segunda quinzena de abril, mas ainda não há data definida.

Para o Magazine Luiza, a operação foi considerada neutra por analistas do Brasil Plural. A aquisição não teria fortes impactos no fluxo de caixa da companhia, pelo baixo valor de mercado da Netshoes.

Por outro lado, a operação da Netshoes também não alteraria muito a linha de receitas do Magazine, que faturou 19,7 bilhões de reais em 2018, considerando lojas físicas, comércio eletrônico e marketplace. "A empresa poderia aproveitar a oportunidade para entrar no negócio de vestuário e calçados, seguindo os passos da Amazon no Brasil", afirmaram os analistas, em nota a clientes.

 

 

Já para a B2W a aquisição poderia ser negativa, segundo a avaliação dos analistas. A dona da Americanas.com não tem dinheiro em caixa para financiar a operação, diz o banco. Embora esteja perdendo menos dinheiro, o fluxo de caixa da companhia ainda é negativo. Além disso, a companhia enfrenta um mercado mais agressivo, com concorrentes investindo bastante em frete grátis e promoções.

A maior oportunidade da B2W não está na compra de uma concorrente. Para o banco BTG Pactual, a empresa está construindo um ecossistema para suportar a sua operação e a dos vendedores parceiros.

O crescimento da empresa nos últimos meses veio principalmente de sua mudança de estratégia. Ela tem desacelerado as vendas próprias para investir em marketplace, uma operação que demanda menos caixa. A B2W também busca ganhos de sinergia na integração com os pontos físicos da Lojas Americanas, sua controladora.

A Ame Digital, plataforma de pagamentos criada em conjunto com a Lojas Americanas, ganhou participação nos pagamentos feitos tanto nas lojas online quanto físicas. O banco acredita que a plataforma pode se expandir para vendedores que já são parceiros da B2W, seguindo o caminho do Mercado Pago, plataforma de pagamentos do Mercado Livre que pode se tornar seu maior negócio.

Investir em tecnologia para integrar varejo físico e online e atacar mercados com grande potencial na internet. O caminho para quem quiser seguir triunfando no e-commerce brasileiro está dado. Se os planos passam pela Netshoes é que são elas.

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