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O que esperar do primeiro trimestre de Graça na Petrobras

Desde que assumiu o comando, Maria das Graças Foster tocou uma série de mudanças na estatal; bem avaliadas pelo mercado, elas não devem ser suficientes para reverter a queda do lucro da Petrobras

Maria das Graças Foster, presidente da Petrobras: "pulso firme" não deverá ser suficiente para reverter queda no lucro (Agência Petrobras de Notícias/Steferson Faria)

Maria das Graças Foster, presidente da Petrobras: "pulso firme" não deverá ser suficiente para reverter queda no lucro (Agência Petrobras de Notícias/Steferson Faria)

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Da Redação

Publicado em 3 de agosto de 2012 às 20h27.

São Paulo - Maria das Graças Foster assumiu o posto mais alto da Petrobras no começo de fevereiro. De lá para cá, a engenheira química que entrou na empresa como estagiária há mais de trinta anos tem feito esforços para imprimir sua marca: afastou diretores ligados ao antecessor José Sergio Gabrielli, reviu contratos, estipulou metas mais "realistas" e pressionou o governo para subir o preço do diesel.

Embora bem avaliadas por grande parte do mercado, as mudanças não devem ser suficientes para reverter o que promete ser um resultado desalentador para a empresa no segundo trimestre do ano, o primeiro inteiramente cumprido por Graça no comando da Petrobras. Na pesquisa feita pela empresa com analistas de 21 corretoras, o lucro líquido médio esperado pelo grupo ficou em 4 bilhões de reais - menos da metade dos 9,2 bilhões registrados nos primeiros três meses do ano.

"Não haveria como evitar um resultado pior do que o do trimestre anterior por causa do dólar", acredita Erick Scott, analista da SLW. "A companhia tem dívida e paga o petróleo importado na moeda, então o saldo financeiro será bem pior", resume. Entre abril e junho, o dólar subiu 10,9% em relação ao real, uma escalada que deverá afetar os 76,5 bilhões de reais que a Petrobras tinha em dívidas expostas à flutuação da moeda no fim de março.

Pulso firme

Ressalvando que a flutuação cambial independe do quilate do gestor, Scott afirma que Graça já "mostrou pulso" quando fez dois reajustes seguidos no preço do diesel, priorizando o resgate de margens da empresa. No fim de junho, a estatal divulgou um aumento de 3,8% para o combustível, seguido por outro de 6%, duas semanas depois. Como a mudança chegou no fim do trimestre, contudo, o impacto positivo não será sentido no balanço que a companhia divulga hoje.


De qualquer forma, os analistas Frank McGann e Conrado Vegner, do Merrill Lynch, lembram que a mexida não será suficiente para achatar o descasamento entre o preço dos derivados de petróleo no mercado internacional e os valores praticados no país - o desconto da gasolina continuará existindo, batendo em 15%. Para o diesel, o percentual deverá ser de 13%.

Na prática, o consumo aquecido faz com que a estatal tenha que recorrer à importação para atender a demanda. O governo, por outro lado, faz pressão para que a diferença não seja passada adiante com o medo que a subida alimente a inflação. "Isso significa que os ganhos continuarão a ser negativamente afetados, a não ser que o desconto diminua daqui para frente", escreveram McGann e Vegner.

Para se ter uma ideia, a demanda por gasolina cresceu 7% no primeiro semestre do ano, o que não deixa de aumentar as atenções para as refinarias da Petrobras, responsáveis por transformar o óleo cru em derivados como querosene e gasolina. É a respeito de uma dessas unidades, inclusive, que Graça mais duramente se pronunciou até agora.

Lições do antecessor

Em estágio de construção em Pernambuco, a Refinaria Abreu e Lima acabou tendo um custo quase dez vezes superior ao estimado inicialmente. Para a presidente da Petrobras, esse seria um mau exemplo a ser estudado. "É claro, absolutamente claro, o não cumprimento integral da sistemática de aprovação de projetos neste caso específico. Uma história a ser aprendida e não repetida", reconheceu ela, ao anunciar o plano de negócios da companhia para o período de 2012-2016.

Honestidade à parte, Graça ainda deverá ter uma boa dose de trabalho até ver o crescimento da estatal deslanchar. Na visão da analista Anisa Redman, do HSBC, não há outro gatilho para esse movimento que não o pré-sal – e ele deve demorar dois anos para virar realidade. "O sucesso da exploração continuará sendo o principal catalisador de médio prazo", disse em relatório.

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