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O que esperar da próxima carta anual de Warren Buffett

A grande pergunta sem resposta na Berkshire: quem virá depois de Buffett como CEO?


	Warren Buffett, chairman da Berkshire Hathaway: no sábado, a Berkshire publicará seu relatório anual online
 (Rick Wilking/Reuters)

Warren Buffett, chairman da Berkshire Hathaway: no sábado, a Berkshire publicará seu relatório anual online (Rick Wilking/Reuters)

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Da Redação

Publicado em 26 de fevereiro de 2016 às 14h46.

Eis uma teoria de Charles Munger sobre por que seu amigo Warren Buffett tem tido tanto sucesso transformando a Berkshire Hathaway em uma das empresas mais valiosas do mundo:

“Ele tem muito tempo para pensar”, disse Munger aos investidores em Los Angeles no dia 10 de fevereiro. “Warren agora tem um império e, às vezes, olhando o calendário dele, há um corte de cabelo: ‘Terça-feira: dia de cortar o cabelo’”.

Os fãs de Buffett liberaram as próprias agendas neste fim de semana. No sábado, a Berkshire publicará seu relatório anual online.

Como em anos anteriores, o relatório incluirá uma longa carta escrita pelo bilionário de 85 anos sobre a empresa, os investimentos e qualquer outra coisa em que ele tenha estado pensando. Eis alguns assuntos para observar:

A sucessão

É a grande pergunta sem resposta na Berkshire: Quem virá depois de Buffett como CEO? Os investidores e a imprensa de negócios têm especulado durante anos com os principais candidatos.

Mas Buffett evitou divulgar nomes. Embora seja improvável que isso mude, sempre há chance para uma surpresa.

Em vez de nomear um sucessor, Buffett poderia explicar mais sobre como a empresa estará organizada quando ele tiver ido embora. Ele já preparou uma ajuda para o sucessor.

Todd Combs, 45, e Ted Weschler, 54, os dois gerentes de investimentos da Berkshire, assumirão a responsabilidade pela carteira de ações da empresa e vão assessorar o próximo CEO nas transações. Howard Buffett, o filho mais velho do bilionário, provavelmente se tornará presidente não executivo.

Carteira de ações

Recentemente, Buffett tem passado um momento ruim no mercado. Dois de seus maiores investimentos – a International Business Machines e a American Express – afundaram no ano passado por terem tido dificuldades para se adaptar a novas tecnologias e concorrentes.

Embora a AmEx tenha trazido ganhos no longo prazo para a Berkshire, a IBM opera a um preço inferior ao pago por Buffett. Outro grande investimento, a Wal-Mart Stores, também passou a ser pressionado.

Buffett poderia utilizar a carta para explicar por que ele gosta das perspectivas das empresas no longo prazo.

Também poderia lembrar aos investidores que a carteira de ações da Berkshire, apesar de ter sido avaliada em mais de US$ 100 bilhões, tem se tornado menos importante para o crescimento da Berkshire.

Durante as últimas décadas, ele tem gerado mais valor adquirindo dezenas de empresas. A Berkshire tem interesses em seguros, energia, produção fabril, mídia, varejo e transporte.

Aquisições

“Agora a Berkshire é um amplo conglomerado que tenta constantemente se expandir mais”, escreveu Buffett na carta do ano passado. Ele se saiu bem com essas palavras em 2015.

Em julho, ele se uniu à 3G Capital, de Jorge Paulo Lemann, para financiar a fusão entre a H.J. Heinz e a Kraft Foods Group. Um mês depois, a Berkshire decidiu comprar a Precision Castparts por US$ 37,2 bilhões.

É provável que Buffett dê aos investidores mais detalhes sobre por que ele comprou a Precision Castparts, que fabrica componentes industriais para os setores de aviação e energia.

Em agosto, ele disse que a transação evitaria que ele realizasse outra grande aquisição por mais ou menos um ano. Contudo, ele poderia contar novidades sobre sua busca por mais aquisições e sobre se voltará a trabalhar junto com a 3G.

Assuntos para discussão

Alguns dos trechos mais discutidos das cartas de Buffett têm pouco a ver com a Berkshire. Isso porque ele costuma dedicar uma parte a um assunto de negócios ou investimentos que considera interessante. Relatórios anteriores incluíram pensamentos sobre derivativos, opções de ações e planos de pensões públicas.

Buffett é famoso por sua franqueza, e suas cartas costumam incluir algum tipo de mea culpa. Em 2015, ele observou que esperou demais para vender ações da Tesco.

“Ficar chupando o dedo” teve custos para a Berkshire, que registrou uma perda de US$ 444 milhões no investimento, escreveu ele. O bilionário deve chamar a atenção para algum erro novo na carta deste ano.

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