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O 'plot twist' da Amazon: de livraria online a império global de R$ 13 trilhões em 30 anos

Fundada por Jeff Bezos, a Amazon se transformou de uma livraria online em um dos maiores impérios econômicos do mundo em 30 anos

Amazon: de uma livraria online a um império global em 30 anos, com Jeff Bezos à frente dessa revolução (Paul Souders/Getty Images)

Amazon: de uma livraria online a um império global em 30 anos, com Jeff Bezos à frente dessa revolução (Paul Souders/Getty Images)

Raphaela Seixas
Raphaela Seixas

Estagiária de jornalismo

Publicado em 17 de julho de 2025 às 05h01.

Última atualização em 17 de julho de 2025 às 09h01.

A Amazon, fundada em julho de 1994, em Bellevue, Washington, por Jeff Bezos, iniciou sua trajetória com um propósito simples: ser uma livraria online. Em pouco tempo, no entanto, virou a famosa "varejista de tudo"— e não parou mais.

A companhia, atualmente avaliada em US$ 2,36 trilhões (aproximadamente R$ 13,14 trilhões na cotação atual), é uma das maiores do mundo e desembarcou no Brasil em 2012. Por aqui, tem cerca de 10% da fatia do mercado de e-commerce, atrás de outras gigantes como Mercado Livre, ainda líder no setor, segundo a Statista.

Estima-se que o faturamento da Amazon no Brasil atinja R$ 70 bilhões em 2025, impulsionado por consumidores mais exigentes e pela diversificação das categorias ofertadas, segundo dados do E-commerce Brasil e do relatório ABComm 2024.

Nos Estados Unidos, o sucesso da Amazon é ainda maior. A varejista representa 40% do mercado global de comércio eletrônico do país, segundo o eMarketer, com receita anual estimada em US$ 700 bilhões, de acordo com analistas.

O catálogo da empresa reúne mais de 350 milhões de produtos, e a base global de usuários ativos está em torno de 321 milhões, sendo cerca de 230 milhões apenas nos EUA.

Hoje, a Amazon não vende apenas livros e se tornou uma "vendedora de tudo". Bezos, que comandou a empresa por quase 27 anos, também não é mais o CEO — desde 2021, o papel é de Andy Jassy, ex-chefe do Amazon Web Services (AWS).

Por que Amazon?

Foi em uma garagem em Bellevue, Washington, que Jeff Bezos teve a ideia que mudaria o comércio mundial. Originalmente planejada para ser chamada de "Cadabra", ele teve que abandonar o nome após um advogado alertá-lo de que soava como "cadáver".

Bezos então escolheu "Amazon", inspirado no Rio Amazonas, por sua grandiosidade e diversidade, com a intenção de que sua empresa refletisse essa escala e potencial — como relatou Brad Stone, no livro "A Loja de Tudo: Jeff Bezos e a era da Amazon".

A ideia de Bezos nasceu de uma aposta ousada. Ele convenceu seus pais a investirem cerca de US$ 245 mil, além de atrair US$ 750 mil de outros investidores, mesmo sabendo que havia risco de fracassar.

Seu foco inicial eram os livros, um produto escolhido por Bezos pela facilidade de estoque e pelo extenso mercado que se apresentava com a internet nascente. Rapidamente, porém, ele já imaginava uma loja que vendesse de tudo, como o logo com a seta de “A a Z” indica — uma promessa cumprida nas décadas seguintes.

Logo nos primeiros meses de operação, em 1995, a Amazon já enviava pedidos para os 50 estados americanos e cerca de 45 países.

A empresa abriu seu capital em 1997 com ações a US$ 18, que logo foram para US$ 24 no primeiro dia, levantando US$ 54 milhões para financiar o crescimento agressivo. Durante anos, a Amazon operou no vermelho, investindo cada centavo de lucro de volta na expansão de depósitos, redes de distribuição e tecnologia, até registrar seu primeiro ano lucrativo em 2003.

A partir de 1998, a empresa começou a vender música, vídeos e eletrônicos, além dos livros. E a expansão global começou logo com aquisições de lojas no Reino Unido e na Alemanha.

Fora da zona de conforto

Além do comércio eletrônico, a Amazon expandiu negócios para diversas áreas. Seu braço de computação em nuvem, o Amazon Web Services (AWS), hoje é líder mundial no segmento, contribuindo significativamente para a receita e lucro da companhia.

No primeiro trimestre de 2025, a receita do AWS alcançou cerca de US$ 29,3 bilhões, refletindo um crescimento anual de cerca de 17%. A Amazon continua à frente em participação de mercado e lucratividade, enquanto a Microsoft e o Google Cloud disputam as posições subsequentes.

E, para analistas de Wall Street, o AWS é o principal motor de crescimento da Amazon. Embora Microsoft Azure e Google Cloud ampliem seus esforços para ganhar fatia de mercado com crescimentos acelerados em certos trimestres, a Amazon permanece dominante devido à sua escala global, portfólio diversificado e inovação tecnológica contínua, incluindo o desenvolvimento de chips próprios, como o Trainium2, e modelos avançados de IA como a família Amazon Nova. E eles concordam que a empresa deve continuar liderando o setor de computação em nuvem nos próximos anos.

Segundo o Goldman Sachs, os investimentos pesados em tecnologias emergentes e a expansão da capacidade são fundamentais para suportar a crescente demanda por workloads ligados à inteligência artificial generativa. Com margens operacionais superiores a 39%, o AWS é visto como um diferencial competitivo que deve sustentar a liderança e o lucro da Amazon frente à concorrência global.

Outro grande impulsionador, segundo o mercado, é a plataforma de streaming da companhia de Bezos, o Prime Video, lançada em 2006. Segundo relatório divulgado pelo JPMorgan no mês de junho deste ano, a crescente proposta de valor da Amazon, especialmente ligada ao serviço de assinatura Prime, prevê um forte impulso financeiro futuro.

No relatório, o analista Doug Anmuth indica que um aumento de US$ 20 no preço do Prime nos EUA poderia gerar aproximadamente US$ 3 bilhões adicionais em receita líquida anualizada a partir de 2026, sem expectativa de cancelamentos significativos ou impacto negativo na adesão, baseando-se na estabilidade observada após o último reajuste em 2022.

O JPMorgan projeta que o Prime atingirá cerca de 350 milhões de assinantes globalmente em 2025, incluindo 131 milhões nos EUA e 216 milhões internacionalmente, com grande potencial de crescimento em mercados onde a penetração do Prime ainda é baixa.

A ampliação do portfólio de logística também pode contribuir para os bons ventos da Amazon, com a empresa entregando mais de 9 bilhões de unidades no mesmo ou no dia seguinte em 2024, o que reforça a experiência do cliente e o engajamento dos membros Prime.

O banco mantém a recomendação “overweight” para as ações da Amazon, prevendo um crescimento consistente do fluxo de caixa livre e retorno sustentável aos acionistas.

A Amazon também atua nos setores de hardware (Kindle, Alexa e dispositivos para casa inteligente), jogos digitais (plataforma Luna e aquisição da Twitch), além da operação de lojas físicas adquiridas, como a Whole Foods Market, comprada em 2017 por US$ 13,4 bilhões, ampliando sua presença no varejo tradicional. A garagem de Bezos ficou pequena — e, para a Amazon, é hora de conquistar o mundo.

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