Negócios

O plano da Bacio di Latte para faturar R$ 1,2 bilhão em 2025

Rede de gelatos vê espaço para crescer dentro e fora do Brasil no próximo ano. Saiba como

Edoardo Tonolli, fundador da Bacio di Latte: "A marca é reconhecida por sua qualidade, e nosso objetivo é garantir que isso seja sentido em cada visita” (divulgação/Divulgação)

Edoardo Tonolli, fundador da Bacio di Latte: "A marca é reconhecida por sua qualidade, e nosso objetivo é garantir que isso seja sentido em cada visita” (divulgação/Divulgação)

Isabela Rovaroto
Isabela Rovaroto

Repórter de Negócios

Publicado em 9 de dezembro de 2024 às 07h09.

Última atualização em 9 de dezembro de 2024 às 08h46.

Com pouco mais de 200 lojas próprias em operação, a rede de gelato Bacio di Latte deve terminar o ano com faturamento próximo aos R$ 890 milhões. O plano para 2025 é alcançar R$ 1,2 bilhão.

Para chegar lá, a companhia conta com inaugurações dentro e fora do Brasil, e expectativa de crescimento no varejo e no canal digital, além de lançamentos de novos produtos sazonais e presenteáveis.

O mercado aquecido também ajuda na construção de bons resultados ano a ano. De acordo com a Associação Brasileira do Sorvete e Outros Gelados Comestíveis (Abrasorvete), o volume de sorvetes vendidos cresceu 22,4% no segundo semestre do ano passado. A expectativa é de que ano termine com alta de 5%.

”Estamos crescendo de forma sustentável com aumento do resultado das lojas, novos canais e formatos”, diz Edoardo Tonolli, fundador da Bacio di Latte.

Lojas próprias: a base da operação

As lojas físicas continuam sendo o principal canal da rede fundada pelo italiano Edoardo Tonolli em 2011. Todas as 200 unidades no Brasil são próprias e desempenham um papel estratégico, já que são responsáveis pela produção diária de gelatos vendidos nas lojas, além de ser um espaço de testes para novos sabores e produtos.

O processo de produção dos gelatos segue um modelo artesanal. Os ingredientes chegam frescos às unidades e são transformados em sorvetes diariamente, garantindo a qualidade e a textura característica da marca.

“É nas lojas que todo o processo acontece, desde a produção até a entrega ao consumidor. Isso nos permite controlar a qualidade em cada etapa e oferecer um produto fresco, algo que faz muita diferença para o cliente”, diz o fundador.

A expectativa da companhia é abrir mais 30 unidades no Brasil em 2025. Além disso, a marca planeja incrementar as vendas das lojas existentes com inovações nos sabores e na experiência do consumidor.O foco é aumentar o fluxo e o ticket médio, com estratégias que vão desde eventos sazonais até novas linhas de produtos.

Desde 2016, a companhia conta com o fundo de investimentos TMG Capital. O aporte na época foi de R$ 25 milhões e o fundo detém pouco mais de 30% de participação.

Expansão nos Estados Unidos

A Bacio di Latte iniciou sua trajetória nos Estados Unidos em 2017, com uma loja na Califórnia, e desde então tem ampliado sua presença no país. Hoje, a marca já conta com sete lojas, todas na Califórnia, por conta do alto fluxo de consumidores. Outras duas unidades serão inauguradas nas próximas semanas. No entanto, a adaptação ao mercado americano não foi simples.

“A entrada no mercado dos EUA exigiu uma adaptação tanto no produto quanto no modelo de operação. Por exemplo, ajustamos os sabores aos gostos locais e criamos opções que são mais familiares para o público americano", diz o CEO da Bacio di Latte.

Entre os sabores mais americanizados estão os gelatos de cookies and cream e caramelo salgado. Outra peculiaridade local é a experiência de consumo. Por lá, o cliente só paga ao sair da loja e não ao retirar o Gelato no balcão, como é típico no Brasil.

Além dos ajustes no cardápio, a empresa investiu aproximadamente 4 milhões de reais (cerca de 750 mil dólares) em cada loja aberta nos Estados Unidos. Esses valores cobrem a construção e adaptação das lojas, que seguem um padrão de alta qualidade, mas com um toque que atenda à expectativa do consumidor americano. A intenção é garantir uma experiência que seja, ao mesmo tempo, fiel à marca e relevante para os novos mercados.

O alto investimento é necessário para que as lojas consigam competir com as grandes redes de sorvete que dominam o mercado americano, como Häagen-Dazs e Ben & Jerry’s. A Bacio di Latte tenta se diferenciar ao focar em uma experiência de consumo mais personalizada e de alta qualidade, algo que vai além do sorvete.

“Nosso diferencial nos Estados Unidos está na experiência de compra, tanto nas lojas quanto no digital. A marca é reconhecida por sua qualidade, e nosso objetivo é garantir que isso seja sentido em cada visita, desde o atendimento até a apresentação do produto", diz Fábio Medeiros, diretor de marketing da Bacio di Latte.

Com esse processo de adaptação e investimentos em novas lojas, a Bacio espera continuar seu crescimento no mercado americano.Para 2025, a meta é dobrar o número de unidades no país, com a projeção de que os EUA representem 12% do faturamento total da empresa.

Aposta no varejo

Dentro do Brasil, a Bacio di Latte não tem pretensões de desacelerar. A marca já está presente em 8 mil pontos de venda e quer aumentar esse número para 12 mil em 2025. O canal varejista, onde a marca de posiciona com picolés e Gelato em pote, já respeita 24% dos resultados da companhia.

A Bacio tem investido na ampliação de sua rede de distribuição, com foco em expandir sua presença nos pontos de venda de grande volume, como as redes de varejo e mercados. Isso não só permite aumentar o alcance da marca, mas também garantir que os produtos cheguem a um público maior.

“A expansão no varejo é crucial para a nossa estratégia. Acreditamos que o sorvete de qualidade pode ser consumido em qualquer lugar e queremos que o cliente tenha acesso aos nossos produtos quando e onde preferir”, diz Medeiros.

A marca também está investindo em melhorar a visibilidade das suas linhas de produtos dentro dos supermercados. Com embalagens mais chamativas e promoções sazonais, como o lançamento de picolés e potes de sorvete exclusivos para datas comemorativas, a Bacio busca atrair um público que tradicionalmente não frequenta as lojas físicas.

Canais digitais em alta

O comércio digital tem sido um ponto estratégico para a Bacio di Latte neste ano. A empresa já alcança 30% de suas vendas através de canais digitais, principalmente por meio de seu aplicativo, que tem mostrado ser uma ferramenta essencial na fidelização de clientes.

A plataforma permite aos consumidores realizar pedidos, acumular pontos no programa de fidelidade e receber ofertas exclusivas. Além disso, a entrega por delivery tem se consolidado como uma parte significativa das vendas, com pedidos que, em média, ultrapassam 100 reais.

“Nosso app tem sido um grande aliado. Não apenas para aumentar as vendas, mas também para entender o comportamento do consumidor e adaptar nossas ofertas de acordo”, diz Medeiros.

A tendência é que a Bacio continue investindo nesse canal, tanto em termos de experiência de compra quanto na expansão de funcionalidades.

Produtos sazonais e presenteáveis

O Natal é, sem dúvida, uma das épocas mais aguardadas pela Bacio. Além do aumento do consumo de gelatos no verão, a marca trouxe ao mercado itens específicos para a temporada, como o panettone recheado, um dos maiores sucessos da marca nas festas de fim de ano.

A versão natalina do clássico italiano ganhou uma adaptação especial com recheio de creme de pistache. Os panetones são recheados e finalizados nas lojas da rede.

“O panettone recheado já é tradicional no Brasil, mas conseguimos reinventar o produto com ingredientes premium e um sabor diferenciado", diz o fundador.

Além do panettone, a Bacio di Latte oferece ainda outros itens sazonalmente como bebidas especiais e kits presenteáveis. A expectativa é que esses produtos representem cerca de 10% das vendas de dezembro.

“Temos um trabalho focado no aumento do ticket médio com itens premium, como nossos panetones e outros produtos de Natal. Não é só uma questão de volume, mas de dar aos clientes algo especial para levar para casa ou presentear”, diz o fundador.

Acompanhe tudo sobre:Bacio di LatteSorveterias

Mais de Negócios

De hábito diário a objeto de desejo: como a Nespresso transformou o café em luxo com suas cápsulas?

Mesbla, Mappin, Arapuã e Jumbo Eletro: o que aconteceu com as grandes lojas que bombaram nos anos 80

O negócio que ele abriu no início da pandemia com R$ 500 fatura R$ 20 milhões em 2024

10 mensagens de Natal para clientes; veja frases