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O maior problema dos bancos não são as fintechs – é a Amazon

Embora as fintechs sejam inovadoras, ainda não têm tamanho para ameaçar as grandes instituições financeiras, o que as gigantes de tecnologia têm de sobra

Fintechs: Para combater a nova concorrência, os bancos tradicionais começaram a lançar novos serviços, principalmente digitais (foto/Thinkstock)

Fintechs: Para combater a nova concorrência, os bancos tradicionais começaram a lançar novos serviços, principalmente digitais (foto/Thinkstock)

Karin Salomão

Karin Salomão

Publicado em 27 de agosto de 2017 às 08h00.

Última atualização em 27 de agosto de 2017 às 08h00.

São Paulo – Quando surgem fintechs como o Nubank ou novos bancos digitais, muitos acreditam que eles serão o fim dos bancos. No entanto, uma pesquisa do Fórum Econômico Mundial descobriu que o maior risco para as instituições financeiras não são as startups.

O que os bancos e instituições financeiras, como empresas de pagamento, crédito, investimento e seguradoras, mais temem são as grandes empresas de tecnologia, como Google, Amazon, Apple e Facebook.

A conclusão é de uma pesquisa do Fórum Econômico Mundial. O relatório "Beyond Fintech: A Pragmatic Assessment Of Disruptive Potential In Financial Services" (Além das Fintech: uma avaliação pragmática do potencial disruptivo nos serviços financeiros) envolveu 150 entrevistas, distribuídas em 10 workshops em diversos países do mundo.

O objetivo era levantar quais são as oportunidades e riscos para o setor de serviços financeiros.

Nos últimos anos, surgiram diversas fintechs, startups de serviços financeiros. No Brasil, as mais conhecidas são o Nubank, Guia Bolso, Banco Neon e Creditas, entre outras.

Para combater a nova concorrência, os bancos tradicionais começaram a lançar novos serviços, principalmente digitais. O Bradesco criou o banco digital Next, por exemplo, e outros bancos brasileiros investem em suas contas digitais.

Segundo a pesquisa, as novas empresas alteraram as expectativas dos clientes, subindo o nível de atendimento que é esperado. “Através de inovações como ajuste rápido de empréstimos, as fintechs mostraram que a experiência de consumo oferecida por grandes companhias de tecnologia, como Apple e Google, pode ser oferecida também em serviços financeiros”, diz o relatório.

Embora as fintechs sejam inovadoras, ainda não têm tamanho para ameaçar as grandes instituições financeiras. De acordo com a pesquisa, elas ainda não conseguiram construir novas estruturas ou conquistar clientes o suficiente para, de fato, mudar o setor.

O que preocupa os bancos, na verdade, são as grandes empresas de tecnologia, como Amazon, Google e Facebook. Ao contrário das startups, elas têm tamanho e já modificaram os mercados em que estão presentes.

Um dos exemplos é a Amazon Web Services, subsidiária da Amazon que oferece serviços na nuvem. Várias companhias, do JP Morgan a startups, usam sua infraestrutura para armazenar e processar dados.

Outro caso é o Facebook. De posse dos dados de consumo e gostos de seus usuários, a rede social pode oferecer uma experiência personalizada para cada um. Assim, também fornece anúncios de forma mais eficiente.

O Uber também está entre as preocupações dos bancos. O meio de pagamento usado na plataforma é totalmente sem atrito, o que também impacta na forma como instituições financeiras. Até as moedas digitais criptografadas, como Bitcoin, são alternativas aos meios de pagamento tradicionais.

A pesquisa ainda diz que muitas instituições viram o surgimento das startups como uma oportunidade. “A proliferação das fintechs provê as instituições financeiras com um ‘supermercado’ de capacidades, o que permite que eles usem aquisições e parcerias como forma de aumentar as ofertas rapidamente”.

Além disso, abre espaço para parcerias com as gigantes de tecnologia, para fornecimento de serviços como big data e armazenamento nas nuvens.

“A colisão entre instituições financeiras e grandes líderes de tecnologia leva a decisões difíceis: ou as empresas se tornam dependentes das companhias de tecnologia ou arriscam ficar para trás”, diz o estudo.

 

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