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O maior desafio da Ambev no Brasil não são as cervejas

A maior queda de volume está em seu segmento de bebidas não alcoólicas no Brasil, que inclui o Guaraná Antártica, o isotônico Gatorade e chá Lipton

Ambev: Se a concorrência já é difícil no segmento que a Ambev domina, é ainda mais complexa no setor de sucos e refrigerantes (Germano Lüders/Exame)

Ambev: Se a concorrência já é difícil no segmento que a Ambev domina, é ainda mais complexa no setor de sucos e refrigerantes (Germano Lüders/Exame)

Karin Salomão

Karin Salomão

Publicado em 9 de março de 2019 às 08h00.

Última atualização em 9 de março de 2019 às 08h00.

A Ambev, conhecida pelas marcas de cerveja Antárctica, Brahma, Skol e Stella Artois, perde espaço para seus concorrentes. A líder do mercado de cervejas no Brasil enfrenta uma concorrência mais acirrada com a Heineken e foi a brasileira que mais perdeu valor de mercado no ano passado - a queda foi de 85 bilhões de reais.

Mas as cervejas da companhia não são seu maior problema. Uma das maiores quedas de volume e receita está em seu segmento de bebidas não alcoólicas no Brasil, que inclui refrigerantes como o Guaraná Antártica, o isotônico Gatorade e chá Lipton.

Se o volume de cervejas vendidas caiu 2,1% em 2018 contra o ano passado, no segmento de não alcoólicos a queda foi de 8,7%, maior que suas concorrentes.  A receita líquida da divisão caiu 9,1% no último trimestre do ano e o volume vendido foi 9,8% menor. O Ebitda, resultado antes de taxas, diminuiu 44,9% no trimestre.

Para o banco BTG Pactual, os resultados fracos no segmento podem ser explicados pelo preço dos refrigerantes, que não aumentou de um ano para o outro, menor participação de mercado e compressão de margem, "em uma tendência preocupante para a hoje pouco representativa unidade de negócios da Ambev", escreveu em relatório.

Os preços dos refrigerantes da Ambev seguem a tendência da gigante no setor, a Coca-Cola. A Coca-Cola aumenta os preços no último trimestre do ano, o que pode ter consequências nas vendas de todo o setor.

Mas esse motivo sozinho não explica os obstáculos da Ambev. "Mesmo se assumirmos que a Ambev sofre mais durante o quarto trimestre (como ela segue os aumentos de preço da Coca-Cola), o número combinado para o segundo semestre de 2018 também aponta para perda de participação de mercado", escreveu o Itaú BBA em relatório.

A empresa tem planos detalhados para sua divisão de cerveja, tanto para as marcas mais populares quanto para as premium. A Skol Hops, lançada para competir no segmento de puro malte, já vende quase tanto quanto a Brahma Extra. As marcas premium globais Budweiser, Stella Artois e Corona cresceram 35% no último trimestre do ano.

Já em relação ao segmento de bebidas não alcoólicas, não há muitos detalhes. "Apesar dos desafios deste mercado, continuamos investindo na expansão do premium, com as marcas Lipton, Tônica e Gatorade", escreveu a companhia na divulgação de seus resultados anuais. O segmento premium corresponde a apenas 13% do volume de não-alcoólicos.

Se a concorrência já é difícil no segmento que a Ambev domina, é ainda mais complexa no setor de sucos e refrigerantes.

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