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O improvável hit da Positivo

Pedro Henrique Tavares Dentre todas as companhias do planeta, talvez dois dos concorrentes mais indigestos sejam Apple e Samsung. Uma delas tem os produtos mais desejados do mundo. A outra, é uma máquina de inovação e de competitividade. Pois foi justamente no mercado de celulares, dominado pelas duas gigantes e também por multinacionais como a […]

FÁBRICA DA POSITIVO: a companhia vendeu 748.000 smartphones no segundo trimestre  / MMarcelo Almeida/EXAME.com

FÁBRICA DA POSITIVO: a companhia vendeu 748.000 smartphones no segundo trimestre / MMarcelo Almeida/EXAME.com

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Da Redação

Publicado em 23 de agosto de 2016 às 12h34.

Última atualização em 22 de junho de 2017 às 18h08.

Pedro Henrique Tavares

Dentre todas as companhias do planeta, talvez dois dos concorrentes mais indigestos sejam Apple e Samsung. Uma delas tem os produtos mais desejados do mundo. A outra, é uma máquina de inovação e de competitividade. Pois foi justamente no mercado de celulares, dominado pelas duas gigantes e também por multinacionais como a americana Motorola e a chinesa Asus, que a fabricante de eletrônicos curitibana Positivo tem conseguido resultados surpreendentes.

Os dados do segundo trimestre de 2016 mostram que a receita líquida subiu 25% e atingiu os 564 milhões de reais. A companhia também voltou a lucrar, 13 milhões de reais, depois de um prejuízo de 40 milhões de reais no segundo trimestre de 2015. Os celulares foram os grandes responsáveis pela alta, com 748.000 aparelhos vendidos. “Nossa expectativa é que a participação das vendas de celulares no faturamento total da Positivo aumente nos próximos períodos”, diz Lincon Lopes Ferraz, diretor de Relações com Investidores da Positivo. Os celulares já representam 26% da receita da Positivo – há 12 meses, era 12%.

No dia da divulgação do resultado, 10 de agosto, as ações dispararam 50%. No ano, a alta é de 55%. Entretanto, é preciso olhar o fenômeno com cautela. As ações da empresa continuam abaixo dos 3 reais, muito (mas muito) longe do pico de 38 reais alcançado em novembro de 2007. A receita trimestral também é menor do que a do segundo trimestre de 2013 – de 630 milhões de reais.

Mesmo com o aumento das vendas dos aparelhos telefônicos da Positivo, o momento dos smartphones no Brasil não é dos melhores. Após um crescimento de cinco anos consecutivos, o setor teve uma queda de 13,4% em 2015. Conforme a consultoria IDC, o ano de 2016 também deve contabilizar uma queda semelhante, em torno de 13%.

Mesmo com a retração, o mercado de celulares no Brasil deve faturar 41 bilhões de reais em 2016, de acordo com a IDC. A Positivo está de olho nestas cifras por um motivo claro: este valor equivale a três vezes o de computadores, o principal produto da empresa. “Há um mercado imenso a ser disputado e cada ponto percentual de market share representa um faturamento importante. Nota-se que os consumidores têm investido cada vez mais na compra de telefones, mantendo-os no topo de sua lista de desejos”, comenta Ferraz.

Outro benefício do investimento nos smartphones foi a retomada da rentabilidade para patamares considerados normalizados. Isso contribuiu para o lucro do último trimestre. A empresa ainda conseguiu reduzir a dívida para o menor patamar em três anos. “Combinar todos esses avanços em um período de forte crise nos deixa muito confiantes com o futuro, quando se espera a retomada do crescimento da economia brasileira e a normalização da demanda equipamentos nas famílias e nas empresas”, pontua Ferraz.

Hoje, a Positivo é a quarta colocada no mercado de celulares. Vale ressaltar que, apesar de conseguir uma parcela dos clientes das gigantes, a empresa tenta mesmo é comer pelas beiradas. São os chamados “smartphones de entrada”, que chegam ao mercado com valores entre os 500 e 700 reais, mas oferecem funções semelhantes aos celulares de ponta, como o iPhone, da Apple, e o Galaxy, da Samsung. São inovações já dominadas e relativamente baratas para os fabricantes. . “Devemos aproveitar as oportunidades que até mesmo os períodos de crise acabam gerando”, diz Ferraz.

O desafio, nesse caso, é oferecer um design atraente um marketing matador. O fato de estar no Brasil, mais perto dos clientes, neste caso, pode ser uma vantagem. Um exemplo disso é a mais recente febre do jogo de realidade aumentada Pokémon GO. “Já utilizamos algumas ferramentas, como a ativação de PokéStops próximas à Loja da Fábrica Positivo e treinamento de vendedores para interagir com os caçadores dos monstrinhos”, diz.

Em outra frente, a empresa investe no setor de saúde. Em abril, comprou 50% da Hi Tecnologies, focada no desenvolvimento de dispositivos inovadores de telemedicina. Vem mais diversificação de receita por aí.

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