MARIO DRAGHI, PRESIDENTE DO BCE E SEU VICE, VITOR CONSTANCIO: banco europeu quer mudanças no acordo Basileia 3 / Getty Images
Da Redação
Publicado em 28 de novembro de 2016 às 19h17.
Última atualização em 23 de junho de 2017 às 19h08.
Mudanças de regras são um caso sério para o sistema financeiro. Por isso, a reunião entre representantes de bancos centrais, nesta terça-feira, em Santiago, é importantíssima. Eles tentarão chegar a uma decisão sobre os detalhes do Basileia 3, o acordo do sistema financeiro mundial criado após a crise de 2008 que estipula que os bancos precisam ter grandes quantias em caixa para se proteger das perdas. Com o novo acordo, os bancos terão de triplicar as reservas de capital para se protegerem de uma crise. Na Europa e Estados Unidos isso deve gerar um valor total de 6,7 trilhões de dólares a mais em reservas. No Brasil, o impacto total, segundo o Banco central, será de 14,7 bilhões de reais.
O impasse tem de um lado os Estados Unidos pressionando por regras rígidas para se proteger contra futuras crises do mercado e, do outro lado, Europa e Japão, que dizem que as propostas do Comitê de Basileia poderiam custar bilhões aos bancos dos países. A reunião de Santiago era para ser decisiva, já que seria a última do ano para definir os detalhes e dar aos bancos o tempo necessário para implementar as medidas até 2019 – quando o acordo entra em cena.
Se um consenso já era pouco provável, o embate se tornou ainda maior após a eleição de Donald Trump. O futuro presidente dos Estados Unidos, prometeu, durante a sua campanha, rever os regulamentos financeiros – tornando-os menos rígidos – e com isso criou incertezas sobre se os Estados Unidos mudarão de posicionamento num futuro muito próximo.
Enquanto as grandes potências discutem os detalhes, em países como o Brasil as instituições correm para se adequar aos padrões já definidos até 2019. “O acordo é importante para obter crédito de investidores estrangeiros pois eles estão de olho nas regras do Basileia 3. Isso é importante porque cerca de 20% a 25% da captação dos bancos brasileiros vem de fora do país”, diz João Augusto Salles, da Consultoria Lopes Filho.
Em entrevista nesta segunda-feira ao jornal Folha de S. Paulo, o presidente do Banco do Brasil, Paulo Rogério Caffarelli, disse que sem o corte de gastos anunciado na última semana o banco teria de pedir socorro ao governo federal para cumprir as exigências de capital do Basileia 3.