Negócios

O frigorífico de R$ 3,3 bilhões que começou como um açougue em Minas e agora quer alimentar pets

Negócio nasceu em 1989 e investiu R$ 20 milhões para construir fábrica de petiscos para pets

Marcos Maia, do Grupo CDM: marca de petiscos foi lançada no final de 2021 e chega agora ao mercado brasileiro (Edy Fernandes / Petsko/Divulgação)

Marcos Maia, do Grupo CDM: marca de petiscos foi lançada no final de 2021 e chega agora ao mercado brasileiro (Edy Fernandes / Petsko/Divulgação)

Daniel Giussani
Daniel Giussani

Repórter de Negócios

Publicado em 11 de dezembro de 2023 às 16h54.

Última atualização em 17 de janeiro de 2024 às 14h31.

Há uma nova aposta no radar da indústria de carnes mineira CDM, dono da Plena Alimentos, que em 2022 faturou 3,3 bilhões de reais: petiscos para animais de estimação.

A empresa investiu cerca de 20 milhões de reais para lançar no país uma marca de produtos naturais para pets, a Petsko. Lançada no final de 2021 com uma fábrica em Paraíso do Tocantins, em Tocantins, a marca, até então, exportava o que produzia para países como os Estados Unidos, no formato white label (com o cliente escolhendo a marca).

Agora, a ideia é trazer para o Brasil os produtos da Petsko, com uma categoria chamada pela empresa de “snacks naturais para pets”. São petiscos naturais produzidos a partir de matérias-primas próprias e de parceiros da região, como esôfago, orelha e bexiga, e possuem certificação sanitária emitida pelo Serviço de Inspeção Federal.

Quem é o Grupo CDM

O Grupo CDM, dono da Plena Alimentos, é uma das principais indústrias do segmento frigorífico do país. Segundo a própria empresa, é a sétima colocada no ranking de número de abates do Brasil, um país que tem na sua lista de empresas as maiores do mundo: JBS, BRF e Marfrig.

A sigla é a inicial dos nomes dos três sócios-fundadores do negócio, o mineiro Denio Altivo de Oliveira e os paraenses e irmãos Claudio Ney de Faria Maia e Marcos Maia.

Os irmãos se mudaram do Pará para Belo Horizonte para tentar a vida com o varejo, cuidando de um açougue nos anos 1980.O negócio escalou, e os dois empresários sentiram a necessidade de ter um fornecimento próprio de carne. Foi quando se juntaram a Denio (que já era fornecedor dos irmãos) e compraram uma fatia de um frigorífico em Pará de Minas.

Próximo de 1994, com a mudança da legislação que obrigou os frigoríficos a venderem carnes embaladas, os três decidiram apostar mesmo na indústria de carnes.

A marca mais conhecida da holding é a Plena Alimentos, que atende o mercado interno e externo, enviando carne a regiões como Ásia, Oriente Médio e norte da África. O grupo também é dono das empresas Grande Lago, Transquali Transportes e, mais recentemente, da Petsko, de petiscos para animais.

Como é a aposta em petiscos animais

Um dos principais desafios das indústrias de commodities é gerar valor à matéria-prima. É um exercício que constantemente vem sendo trabalhado, nas mais diversas áreas.

No aço, por exemplo, a gigante do setor Gerdau tem investido em startups como a Brasil ao Cubo, que constrói casas com blocos de concreto e aço pré-moldados - o que, consequentemente, agrega valor à matéria-prima.

No caso da carne, não é diferente. Empresas procuram como faturar mais em cima da matéria-prima que já produzem. Com a Petsko, esse foi o movimento.

“Nosso maior negócio é commodity, que é muito nervoso, rápido e que toma muita energia”, diz Marcos Maia, um dos fundadores da empresa. “Precisamos alguém fora do dia a dia da operação para pensar em inovação e em novos produtos”.

Essa pessoa é Luis Filipe, seu filho. Ele que foi responsável por fazer a empresa apostar em petiscos animais. O empreendedor participava de uma feira do setor no exterior e notou que alimentos para pets era um dos assuntos que mais apareciam nas rodas de conversa.

Foi quando começou o processo para implantar a fábrica, que começou a funcionar no final de 2021. “Entendemos que precisávamos olhar para fora, num momento em que a carne ganhava cada vez mais tecnologia, como aquelas que são feitas no laboratório”, afirma. “O boi tem muita oportunidade de agregar valor, mas que no Brasil ainda não é comum. Com a Petsko, estamos agregando novos valores agora”.

Qual a estrutura da Petsko no Brasil

Depois de se aventurar com clientes estrangeiros, a marca chegou ao país neste ano em 200 pontos de venda. O valor ainda é uma fatia fininha da pizza de 3,3 bilhões de reais de faturamento que a empresa tem.

Em números brutos, essa é a meta (e o objetivo):

  • Faturamento em 2023: 15 milhões de reais
  • Faturamento previsto para 2024: 25 milhões de reais

A ideia, porém, é atingir, em cinco anos, 5% das receitas vindas da Petsko. Mercado para isso, tem.

Em 2022, estudo do balanço do Instituto Pet Brasil (IPB) apontou que o faturamento do setor pet cresceu 16,4%, chegando aos 60,2 bilhões de reais. Além disso, o Brasil ocupa o terceiro lugar no ranking mundial com mais pets no mundo, totalizando uma população de 149,6 milhões de animais de estimação.

“Estamos no começo de uma longa jornada de crescimento e conhecimento de marca, mas estamos caminhando para alcançar nosso objetivo, que é tornar nossos snacks referência no mercado brasileiro”, diz Maia.

O objetivo, para ano que vem, é chegar a mais de 1.000 estabelecimentos.

Atualmente, a fábrica tem capacidade de processar mensalmente, mais de 120 toneladas de petiscos mastigáveis e ossos bovinos naturais, entre eles bexiga palito, esôfago e orelha, e pretende ampliar nas fases seguintes da operação.

“Hoje, no mercado externo, estamos em um momento de consolidação, fortalecendo as parcerias com os clientes que já temos e abrindo novos mercados também, como Canadá e Europa”, diz Luís Filipe Guimarães Maia, especialista em Novos Negócios e Inovação da Petsko e membro da segunda geração da família fundadora da CDM. “Aqui, agora trabalhamos para as pessoas começarem a conhecer a marca. A expectativa é pelo menos dobrar ou triplicar o ponto de venda ano que vem”.

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