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O fenômeno Smart Fit mais perto do IPO

O maior fenômeno do mercado de academias deu um passo decisivo para abrir capital

EDGARD CORONA: para 2017 o objetivo é abrir mais 140 academias e chegar em 497 unidades (Germano Lüders/Site Exame)

EDGARD CORONA: para 2017 o objetivo é abrir mais 140 academias e chegar em 497 unidades (Germano Lüders/Site Exame)

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Letícia Toledo

Publicado em 27 de novembro de 2017 às 19h24.

Última atualização em 27 de novembro de 2017 às 19h24.

O maior fenômeno do mercado brasileiro de academias, a Smart Fit, deu um passo decisivo para abrir capital. Na sexta-feira, a companhia, do grupo Bio Ritmo, protocolou na Comissão de Valores Mobiliários um pedido de conversão de seu registro para poder negociar ações no Bovespa Mais – Nível 2.

Atualmente a Smart Fit tem registro para a categoria “B”, que permite a emissão de quaisquer valores mobiliários, exceto ações. O pedido feito deve alterar sua categoria para “a” e permitir a negociação de papéis.

A ida ao Bovespa Mais, pode ser passo para a abertura de capital. O segmento possibilita que pequenas e médias empresas acessem o mercado de forma gradual. A oferta inicial de ações (IPO) pode acontecer em até sete anos. O fato de ser listada no Nível 2 garante à Smart Fit o direito de emitir ações preferencias (sem direito a voto). A listagem seria também o caminho para que um de seus sócios, o fundo Pátria, consiga vender sua participação e recuperar o dinheiro investido. Nos Estados Unidos, redes de academia como a Planet Fitness, com mais de 1.000 unidades, valem mais de 3 bilhões de dólares na bolsa, com valorização de 100% em dois anos.

Em 2016 a Smart Fit inaugurou 90 academias e o grupo Bio Ritmo rompeu a marca de 1 bilhão de reais de faturamento. Para 2017 o objetivo é abrir mais 140 academias e chegar em 497 unidades. Para bancar essa expansão, além de contar com franqueados (que hoje são responsáveis por 20% das unidades da rede), o grupo recebeu um aporte de 188 milhões de reais no ano passado.

O dinheiro veio dos dois maiores acionistas do grupo: o fundo Pátria, que hoje detém 47% da empresa, e o fundo soberano de Cingapura (GIC). Além do Brasil, a Smart Fit também tem academias no México, na Colômbia, no Peru, no Chile, na República Dominicana e está em processo para abrir as primeiras unidades na Argentina.

Com uma receita simples — salas enormes, com aparelhos modernos, poucos professores e preços camaradas — a Smart Fit chegou a 1 milhão de alunos e 357 unidades, tornando-se o maior grupo da América Latina.

O maior desafio da companhia, agora, é rentabilizar o negócio. A Smart Fit começou a substituir parte dos equipamentos por salas para aulas de alongamento, dança, abdominais. Trocar parte dos saradões por turmas é uma mudança em todo o mercado brasileiro de academias.

As mudanças devem ajudar a empresa a concorrer com as academias especializadas que têm surgido oferecendo apenas uma ou duas modalidades de exercícios como crossfit, funcional e yoga. Nos Estados Unidos, essas miniacademias já respondem por 21% do faturamento do setor. E também é a mais nova aposta para ganhar escala e, enfim, sair do vermelho.

O Brasil tem mais de 32.000 academias — o segundo maior número de estabelecimentos do mundo, atrás apenas dos Estados Unidos — e quase nove milhões de alunos. Para a Smart Fit sustentar o seu negócio, ter escala é mais que fundamental, já que seu principal apelo são os preços baixos, que variam entre 59 reais e 89 reais por mês.

A companhia está inaugurando 25 salas por mês dentro de suas academias. Em entrevista a EXAME em maio, Edgard Corona, o presidente do Grupo Biot Ritmo, Edgard Corona, afirmou que as aulas são o jeito mais fácil e barato de chegar a uma fatia de 30% do público de academias que hoje não é atendido pela Smart Fit.

A companhia também investiu cinco milhões de reais na criação de linhas próprias de isotônicos, suplementos e roupas para ginástica. Os alunos contratam uma assinatura mensal de 14,90 reais e têm direito a uma dose por dia. Este ano também entrou no ar um site para a venda de suplementos da Smart Fit. Os suplementos foram desenvolvidos pelo laboratório Natulab, que é controlado pela gestora de ativos Pátria, também sócia da Smart Fit.

Os novos produtos e serviços podem ser um indício de que fazer as contas fecharem com mensalidades tão baixas é difícil. No último balanço publicado, de outubro, a empresa reportou um prejuízo de 22,22 milhões de reais em 2016. Em 2015, havia perdido 4,68 milhões de reais. Em 2014, 445.000 de reais.

Segundo Corona afirmou a EXAME em maio, o plano é aumentar as fontes de receita, mas também atrair mais gente para suas enormes unidades. Atualmente 4% da população brasileira frequenta academias e Corona vê espaço para levar o número a 8%. Para chegar lá, a Bio Ritmo vê a bolsa como um caminho.

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