Negócios

O café que virou uma startup com faturamento de U$$ 17 milhões no primeiro ano de vida

Jardel Cardoso, empreendedor por trás de startups como a Versi e CredPago, tem um novo negócio, a Billor, lançada nos Estados Unidos

Jardel Cardoso, da Billor: "O nosso projeto todo até 2028 vai demandar algo como 500 milhões de dólares para entregar essa operação" (Billor/Divulgação)

Jardel Cardoso, da Billor: "O nosso projeto todo até 2028 vai demandar algo como 500 milhões de dólares para entregar essa operação" (Billor/Divulgação)

Marcos Bonfim
Marcos Bonfim

Repórter de Negócios

Publicado em 15 de março de 2024 às 16h04.

Última atualização em 18 de março de 2024 às 11h48.

O catarinense Jardel Cardoso tinha interesse no mercado americano e construiu uma tese para criar uma empresa no setor imobiliário. Um café mudou tudo e a tese nem virou um MVP. Mesmo assim, ele fundou uma startup, um negócio que faturou US$ 16,7 milhões em seu primeiro ano com um lucro líquido acima de US$ 2,5 milhões. Só que no mercado de transporte de cargas dos Estados Unidos.

Cardoso é um empreendedor serial e esse é o seu terceiro negócio. Construiu em 2014 a Versi, uma fintech para incorporadoras imobiliárias, e anos depois a CredPago, empresa de operações de aluguel sem fiança vendida para a Loft em 2021 em uma negociação de R$ 3,2 bilhões. 

Com a nova startup, a Billor, acrônimo para Bill of Rights, a carta dos direitos e deveres dos americanos, o objetivo é outro: a abertura de capital, estimada para o ano de 2028. 

O que a Billor faz

O que Cardoso descobriu no café com um amigo no  fim de 2022 foi a fragmentação do mercado de transporte de cargas por caminhões. Segundo a associação americana do setor, 95,8% das empresas operam com menos de 10 veículos. O percentual chega a 99,7% entre as transportadoras que detêm menos de 100. Em 2022, o mercado movimentou mais quase 1 trilhão de dólares.

A partir daí e em poucos meses, o empreendedor colocou a startup em operação, com investimento inicial de 38 milhões de reais em capital próprio. Em funcionamento desde março passado, o negócio é uma mistura entre uma transportadora digital e uma empresa de crédito.

Modelos de caminhões comercializados pela Billor (Billor/Divulgação)

A Billor compra caminhões seminovos, faz o processo de revisão e personalização para vender para motoristas, que pagam parcelas mensais pelo veículo. Por cima disso, adiciona uma camada de tecnologia para conseguir as cargas para esses profissionais e faz a gestão de todas as demais burocracias. Com a estrutura,  a startup roda em um ecossistema fechado.

“Nós conseguimos as cargas, manutenção e telemetria dos processos. Na média, esse motorista recebe 23 mil dólares por mês, e paga uma parcela de 3 mil por mês”, afirma Cardoso. “Como é um modelo fechado, eu faço o desconto direto e não tenho inadimplência no negócio”.

Quais os próximos passos da startup

Nesses 12 meses iniciais, a startup fechou com 105 caminhoneiros. Cerca de 30% deles vieram a partir de aquisições de duas empresas que a Billor fez para iniciar a operação e obter a licença para começar o negócio.   

Para este ano, prevê superar o número de 300 motoristas dentro do sistema. Com o volume, vislumbra um faturamento de 75 milhões de dólares - o equivalente a 374 milhões de reais.

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O negócio opera entre Joinville, em Santa Catarina, e Orlando, na Flórida. Os times de tecnologia, marketing e atendimento estão no Brasil.  E as equipes de operações e gestão financeira nos Estados Unidos. 

Lá, Marco Spada, ex-CFO Global da Marfrig, e Douglas Karsten, um dos cofundadores da Inlog, empresa de rastreamento de caminhões e ônibus do Brasil, lideram o dia a dia da operação. Os dois entraram como sócios no negócio e ocupam as posições, respectivamente, de CFO e de COO.

Cardoso fica em Joinville e tem ido a cada dois meses para os Estados Unidos. “Hoje, com o online, nós ficamos aqui e conseguimos uma empresa junto com o time como se estivesse lá”, afirma o empreendedor.

A conexão será importante para acelerar os planos ambiciosos da Billor, que pretende construir um ecossistema com mais de 5.000 caminhões em curto espaço de tempo. "O nosso projeto todo até 2028 vai demandar algo como 500 milhões de dólares para entregar essa operação", afirma Cardoso, atualmente em conversas com casas americanas para obter linhas de financiamento.

"Rodada faz sentido para nós quando o fundo entra com a gente e traz o crédito porque me permite resolver bastante coisa na companhia e acelerar ainda mais. Agora, rodada por rodada não faz muito sentido. Nós gostamos de ter bastante ação quando vendemos a companhia ou abrimos capital", diz.

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