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O bilionário Drahi ganha guerra de lances com aposta à 0h

Patrick Drahi pressionou os banqueiros que ele reuniu para financiar uma oferta de US$ 23 bilhões pela Vivendi e eles disseram que sim


	Patrick Drahi: a oferta é um sinal da confiança na zona do euro, que correu o risco de se dissolver há apenas dois anos
 (Ivan Guilbert/Bloomberg)

Patrick Drahi: a oferta é um sinal da confiança na zona do euro, que correu o risco de se dissolver há apenas dois anos (Ivan Guilbert/Bloomberg)

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Da Redação

Publicado em 11 de abril de 2014 às 22h56.

Na sexta-feira passada pela noite, o bilionário Patrick Drahi pressionou os banqueiros que ele reuniu para financiar uma oferta de US$ 23 bilhões pela unidade francesa de telefonia da Vivendi SA.

Ele queria aumentar em mais de US$ 2 bilhões a parte da sua oferta em dinheiro, com uma soma recorde de empréstimos, o que oferece pouca proteção aos credores caso a fortuna da empresa combinada diminua.

Os nove bancos disseram que sim.

A oferta é um sinal da confiança na zona do euro, que correu o risco de se dissolver há apenas dois anos, quando a Grécia, a Irlanda, Portugal e a Espanha buscaram resgates em meio a uma crise da dívida soberana.

O prêmio da taxa de juros exigido pelos empréstimos europeus alavancados comparados com os dos EUA foi quase eliminado e é o mais barato para emitir títulos de alto risco em relação ao mercado americano em pelo menos uma década.

“Esse fato mostra o quanto os mercados estão fortes”, disse Bernard Mourad, diretor administrativo da Morgan Stanley, em Paris, que aconselhou que a Drahi realizasse a aquisição, em entrevista por telefone nesta semana. “Há muito dinheiro esperando para ser investido em ofertas na Europa com perfis de riscos e retornos aceitáveis”.

As condições para tomar empréstimos são as melhores na Europa desde pelo menos o começo da crise financeira, pois a margem média de juros para os empréstimos alavancados caiu até 3,67 pontos porcentuais de diferença dos indicadores de referência, segundo dados compilados pela Bloomberg.

Trata-se de 1,5 pontos porcentuais a menos do que a média nos primeiros três meses de 2013, e se compara com 3,61 pontos porcentuais para acordos em dólares.


Poucos contratos

O apetite pela dívida é tão alto que os bancos na Europa estão começando a fornecer o que é conhecido como empréstimos com poucos contratos. Geralmente eles dão às empresas mais liberdade financeira, porque elas não têm que cumprir restrições como razões entre dívida e lucros nem garantir um fluxo de caixa suficiente para cobrir o pagamento de juros.

Houve 8 bilhões de euros (US$ 11 bilhões) em empréstimos com poucos contratos emitidos na Europa no ano passado, frente a 1,4 bilhões de euros em 2012, segundo a S&P Capital IQ LCD. O financiamento da dívida da SFR é a maior oferta com poucos contratos já registrada na Europa.

Drahi, 50, nascido no Marrocos, é o fundador e presidente da Altice SA, com sede no Luxemburgo. Ele precisava de dívida com a menor quantidade possível de contratos para superar a oferta concorrente da SFR da Bouygues SA, que tinha o apoio do governo francês.

Ele arrecadará o dinheiro através da Altice e do Numericable Group SA, em que possui participação majoritária. A Numericable será combinada com a SFR quando a transação for completada.

Títulos gregos

“Uma oferta como a da Numericable não poderia ter acontecido no ano passado. Os organizadores estão criando coragem”, disse ontem em entrevista Philip Yeates, diretor de gestão de fundos de dívidas da Rothschild, em Londres. “Isso é bom para o mercado porque testará sua profundidade”.

Os rendimentos médios até o vencimento dos títulos da Grécia, da Irlanda, da Itália, de Portugal e da Espanha caíram ontem para os níveis mais baixos desde a introdução do euro, ficando em 2,24 por cento, indica o Bank of America Merrill Lynch, pois a Grécia terminou com um exílio de quatro anos dos mercados internacionais com uma venda de títulos por 3 bilhões de euros.

Há uma chance de que o custo do dinheiro diminua. Quase dois terços dos consultados em uma pesquisa mensal da Bloomberg predizem que o presidente do Banco Central Europeu, Mario Draghi, aliviará a política até junho.

Pouco menos de 50 por cento desses economistas disse que ele poderia implementar várias medidas, de reduções na taxa de juros a compras de ativos e empréstimos no longo prazo.

“A política monetária de Draghi tem sido realmente muito útil”, disse Thomas Deschepper, porta-voz do Telenet Group Holding NV, em entrevista em 9 de abril. “Ele criou um ambiente muito benigno para tomar empréstimos em euros”.

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