Bilionários: entrevistados disseram que o jato foi o item mais caro que já compraram (Nathalie OLOF-ORS/AFP)
Repórter de Negócios
Publicado em 16 de junho de 2025 às 06h25.
Última atualização em 15 de julho de 2025 às 15h41.
Eles já têm tudo. Castelos, diamantes, carros que valem mais que apartamentos e até foguetes para dar uma voltinha no espaço. Mas, diante de tantas extravagâncias, o que realmente não pode faltar na vida de um bilionário?
Pesquisa realizada pela Forbes descobriu qual é o item mais indispensável entre os super-ricos. Não se trata de uma obra de arte rara nem um jantar estrelado em Paris. É algo muito mais direto, prático e barulhento: um jato particular.
Para muitos entrevistados, o tempo vale mais do que objetos ou experiências.Entre os 40 bilionários ouvidos na pesquisa, 12 disseram que o jato particular é o bem do qual não conseguem abrir mão. Outros citaram o celular, carros de luxo, casas de veraneio e até ar-condicionado.
Viajar de avião comercial, mesmo na primeira classe, não resolve o maior problema dessa turma. Perder horas em conexões, check-in, segurança, atrasos não é uma possibilidade para muitos bilionários. Um jato particular reduz todo esse processo para minutos e ainda dá acesso a pistas menores, que ficam fora do circuito comercial.
Nos Estados Unidos, por exemplo, existem 389 aeroportos públicos e apenas 25 deles operam voos comerciais. O restante só é acessível com aviação executiva, o que garante liberdade de rota e agilidade.
David Hoffmann, bilionário com empreendimentos imobiliários, transporte de luxo e jornais locais, afirma que seria impossível visitar todas as unidades da sua holding sem um avião próprio. Já Samir Mane, primeiro bilionário da Albânia, explica que ir de Tirana a Sarajevo leva 20 minutos no jato, mas levaria quase um dia inteiro de voos comerciais.
Os preços de jatos executivos explodiram na pandemia e seguem em alta. Um modelo pequeno e usado custa a partir de 1 milhão de dólares. Já um Global 7500, considerado topo de linha, pode ultrapassar 80 milhões de dólares. Quatro entrevistados disseram que o jato foi o item mais caro que já compraram.
Mesmo com depreciação de 5% a 10% ao ano, o ativo é visto como estratégico. O Global 7500, por exemplo, tem cabine com espaços separados para trabalho, refeições, descanso e lazer, além de autonomia para voar longas distâncias sem escalas.
Alguns bilionários extrapolam o padrão. Roman Abramovich, ex-dono do Chelsea, comprou um Boeing 787 Dreamliner — mesmo modelo que caiu na Índia recentemente — por cerca de 350 milhões de dólares. O oligarca russo Alisher Usmanov desembolsou entre 350 e 500 milhões de dólares por um Airbus A340-300 adaptado para uso pessoal. Ambos os aviões estão sob sanções internacionais desde a guerra na Ucrânia.
São casos extremos, mas que ilustram como o jato particular pode ocupar diferentes papéis, do pragmatismo à extravagância. No topo do capitalismo, o que diferencia quem voa alto não é o tamanho do avião — é o tempo que ele economiza.