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O balanço da CSN em 2011: boa de números, ruim de briga

No ano em que o setor siderúrgico derrapou, a CSN acumulou lucro bilionário, mas não o suficiente para amenizar a derrota na disputa por participação na Usiminas

Benjamin Steinbruch: ele sabe administrar um negócio, mas quase nunca consegue vencer uma briga (Marisa Cauduro)

Benjamin Steinbruch: ele sabe administrar um negócio, mas quase nunca consegue vencer uma briga (Marisa Cauduro)

Daniela Barbosa

Daniela Barbosa

Publicado em 15 de dezembro de 2011 às 15h16.

São Paulo - Nem o câmbio, nem o preço do aço praticado no mercado doméstico, muito menos as importações foram capazes de ofuscar os números da CSN neste ano. A siderúrgica, nos três primeiros trimestres, acumulou lucro de mais de 2,6 bilhões de reais. A cifra, no entanto, não amenizou a derrota da companhia na briga pela Usiminas e, para o mercado, apesar dos ganhos, 2011 não foi um bom ano para a CSN.

A possibilidade de a siderúrgica aumentar a participação na Usiminas, como vinha tentando desde o final do ano passado, foi totalmente descartada há algumas semanas, com a entrada da Ternium no negócio e só serviu para corroborar o quanto Benjamin Steinbruch, presidente da CSN, sabe, da porta para dentro, administrar bem uma empresa.  Mas, quando o assunto é brigar por um bom negócio, o empresário acumula mais fracassos que vitórias.

A briga pela Usiminas é a sexta derrota de CSN e a segunda em 2011. Em setembro, a companhia desistiu de comprar cinco empresas do grupo Alfonso Gallardo, na Espanha, alegando descumprimento contratual.  Desde 2006, a siderúrgica tentou comprar participação em outras quatro companhias, também sem sucesso.

No ano passado, a CSN travou uma audaciosa batalha pelo controle da Cimpor, a maior cimenteira de Portugal. O objetivo era diversificar as áreas de atuação da siderúrgica. A briga, porém, foi vencida por duas brasileiras: a Votorantim e a Camargo Corrêa. Com isso, a estratégia de ampliar o portfólio foi para o buraco.

Defesa

Steinbruch sempre alegou que queria ampliar a participação da CSN na Usiminas para poder ter voz dentro da siderúrgica e assim melhorar a administração. O empresário chegou a afirmar a EXAME.com, que a Usiminas era uma boa companhia, mas estava em um mau momento. E, em parte, o empresário tem razão.


Diferente da companhia administrada por ele, a Usiminas acumulou, neste ano, uma sequência de queda nos seus ganhos e somou lucro, até setembro, de pouco mais de 320 milhões de reais.  Já a CSN ultrapassou a cifra de 2,6 bilhões de reais.

Perspectivas

Segundo Cauê Pinheiro, analista da SLW, a CSN consegue margens muito melhores, por isso, no ano, não sofreu tanto como o resto do setor.  “A companhia é autossuficiente em minério de ferro e consegue exportar o excedente, por isso tem margem melhor na comparação com outras companhias da mesma área”, afirmou Pinheiro.

O ano não foi um dos melhores para as siderúrgicas na avaliação de Germano Mendes de Paula, especialista do setor de siderurgia. A desvalorização do real frente ao dólar, os preços fixos do aço, o avanço das importações e a crise financeira que se alastra pela Europa pesaram no setor como um todo.

“Para o ano que vem, é esperada uma melhora neste cenário, mas que não vai solucionar todas as dificuldades do setor. A demanda do aço tende a aumentar e as exportações para os Estados Unidos devem crescer também”, afirmou o especialista.  

Resta saber agora qual será a próxima briga que Steinbruch vai entrar para esquentar o mercado siderúrgico no país em 2012.

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