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O argentino que abriu a startup com US$ 100 e agora tem R$ 100 milhões para aquisições no Brasil

Criada em 2017, a startup N5 recebeu aporte no últimos meses de fundos ligados a J.P. Morgan, Citi, Barclays e Jorge Paulo Lemann

"Julian Colombo: queremos ser um unicórnio em três anos" (N5 Tecnologia/Divulgação)

"Julian Colombo: queremos ser um unicórnio em três anos" (N5 Tecnologia/Divulgação)

Marcos Bonfim
Marcos Bonfim

Repórter de Negócios

Publicado em 21 de março de 2024 às 08h14.

Última atualização em 21 de março de 2024 às 16h52.

Os muitos anos trabalhando no mercado financeiro em bancos de distintos tamanhos levaram o argentino Julian Colombo a perceber que as instituições padecem com o que chama de “entropia tecnológica”. Em outras palavras, gastam tempo demasiado para lidar com os softwares, muitos deles sem comunicação entre eles, só para manter o sistema funcionando.  

Da percepção, criou a N5, uma startup de tecnologia para conectar as pontas entre os negócios de forma mais simples. O modelo da N5 funciona com um conjunto de 31 funcionalidades para ajudar na digitalização dos processos, pertencentes a cinco famílias de negócios: clientes e prospects, funcionários, canais de comunicação, produtos (reclamações e processos) e gestão de dados. A depender da demanda do cliente, a startup pluga o serviço que mais convém.

Com isso, as instituições conseguem, exemplo, ter o histórico dos contatos dos clientes em um só lugar, assim como os dados mais estruturados, o que permite mais facilidade de manuseio das informação e também a criação de ofertas personalizadas. Segundo números internos, os bancos reduzem em 16% de custos de operações e aumentam em 53% a produtividade comercial.

Neste ano, deve faturar US$ 21 milhões de dólares até o final de 2024 - o equivalente a 100 milhões de reais - e registrar crescimento de 219%. A empresa está reservando valor seelhante para acelerar o seu crescimento no Brasil, a partir de aquisições, e tem ainda outros 100 milhões para movimentações em países hispânicos. 

Nos próximos 24 meses, prevê a compra da participação majoritária de um número entre 2 e 8 negócios. Atualmente, o país ocupa o terceiro lugar entre as maiores operações em número de pessoas e está no top 5 em faturamento, movimentando cerca de 12%.   

Como funciona o negócio da N5

A empresa foi fundada acompanhando as tendências no setor, com o Open Finance, que promete um sistema mais digital, ágil para os clientes e conectado entre os agentes do mercado. 

Na corrida pela digitalização, este é um segmento que deve movimentar globalmente em 2032 quantias acima de US$ 120 bilhões, segundo estimativas da consultoria Global Market Insights. Em 2023, o valor ficou em pouco mais de R$ 20,2 bilhões.

Os números atuais da N5 nem de longe se comparam com os do momento em que foi criada. Colombo é um cidadão do mundo: em seus mais de 20 anos em instituições financeiras, a maioria no Santander, passou por Argentina, Brasil, Chile e Espanha. 

Quando decidiu empreender, optou por abrir o negócio nos Estados Unidos, o centro financeiro global. Fez os procedimentos legais e, na hora de abrir a conta bancária, usou um pouco da sagacidade latina para 'chorar' um desconto. A instituição bancária demandava US$ 200 para a criação, mas ele só tinha a metade na carteira.   

“Foi o único dinheiro que coloquei no negócio”, afirma. “A moça do banco teve um pouquinho de empatia e um pouquinho de pena”.

O passo seguinte foi viajar ao Panamá e conversar com o CEO da CrediCorp Bank, uma das principais instituições do país da América Central, sobre a startup, modelo de negócios e o que gostaria de oferecer. Saiu de lá com o primeiro cliente e um adiantamento para colocar a operação de pé.

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O negócio hoje tem mais de 70 clientes, entre os quais o Santander, Mastercard, Itaú, o Interbank do Peru e o BCP de Portugal. A operação está em 18 países, 13 deles nas Américas. Os Estados Unidos lideram como o maior em faturamento, em parte porque algumas transações de outros países são executadas por aquela unidade. 

N5 recebeu aportes de fundos ligados a J.P. Morgan, Citi, Barclays e Lemann

Até pela experiência de Colombo, todo o modelo da N5 foi estruturado para o mercado financeiro, fintechs e de seguros. Recentemente, negócios que abriram áreas como meios de pagamentos que têm recorrido à solução. “Nós temos um cliente grande que é um hospital, mas nós não fazemos a tecnologia hospitalar, e sim o seguro de saúde”, diz o CEO.

Em 2023, a startup cresceu 275% em número de clientes e aposta em seguir nesta toada o ritmo de expansão. Os valores estimados para este ano, diz o executivo, são de operações já contratadas e que estão entrando em funcionamento. Em geral, cada cliente leva em torno de 90 dias para entrar na plataforma, em processo conduzido integralmente pelo time da empresa.

Os novos passos são impulsionados por um aporte recente na N5, o primeiro na história da startup. O valor não foi revelado, mas a imprensa internacional chegou a estimar em US$ 76 milhões. "É o valor é menor", diz.

Por trás, estão veículos de investimentos como Illuminate Financial, (fundo com participação de J.P. Morgan, Citi e Barclays), Exor Ventures, Madrone Capital Partners, LTS Investments (de Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Carlos Alberto Sicupira) e Arpex Capital, empresa de investimento dos fundadores da Stone.

As aquisições de empresas brasileiras

Na estratégia de aquisições, busca por startups que tenham faturamento médio em torno de R$ 5 milhões, valor que pode variar dependendo do modelo da startup.

“Nós queremos empresas que estejam pensando em produtos diferenciados para o nosso mercado, seja pelo ponto de vista da tecnologia seja funcionalidade”, afirma Colombo. ”Inteligência artificial, canais, business intelligence, fluxos e novos processos. Todas essas coisas são muito importantes para nós”.

Segundo o executivo, a premissa da movimentação é manter o ritmo acelerado de expansão e conseguir desenvolver em dois meses o que a empresa, sozinha, levaria dois anos para construir. Um elemento importante para Colombo é encontrar times engajados e fundadores que queiram se manter no negócio. Daí, a opção pela compra do controle, mas mantendo os sócios com participação.

O aumento mira um desejo de chegar em 2026 com o status de unicórnio, aqueles startups cujo valor de mercado é supera 1 bilhão de dólares.

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