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Repórter de Negócios
Publicado em 6 de maio de 2025 às 11h34.
O Brasil vive um aumento no empreendedorismo entre os jovens. Segundo um estudo do Sebrae, que analisa dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNADc) desde 2012, o número de jovens empreendedores, com idades entre 18 e 29 anos, cresceu 25% nos últimos 12 anos, alcançando o maior faturamento da série histórica em 2024.
No primeiro trimestre de 2012, eram cerca de 3,9 milhões de jovens donos de negócios (DN). Esse número saltou para 4,9 milhões até o final de 2024.
Em um cenário econômico volátil, o crescimento no número de jovens empreendedores representa uma resposta importante ao mercado de trabalho tradicional. O aumento de 25% nos últimos 12 anos é um indicativo de uma transformação nas expectativas dessa faixa etária.
Antes, muitos jovens buscavam a estabilidade do emprego formal, mas, com a mudança nas condições econômicas e a busca por mais autonomia, o empreendedorismo tem se mostrado como um caminho possível para muitos.
Esse movimento é especialmente relevante em tempos de incerteza econômica, quando a falta de empregos formais de qualidade torna o empreendedorismo uma opção de sobrevivência e realização profissional.
O rendimento médio dos jovens empreendedores, que ainda é 31% inferior ao dos adultos, tem apresentado uma recuperação acelerada. Em 2024, o rendimento médio dos jovens DN foi de 2.567 reais, o maior valor da série histórica.
O aumento de 25,4% nos últimos três anos superou o crescimento da média nacional, que foi de 22,9%. Em comparação, o rendimento médio dos donos de negócios no país foi de 3.477 reais em 2024, o que representa uma diferença de 26,2% a mais em relação aos jovens empreendedores.
Embora essa diferença ainda seja significativa, a trajetória de crescimento e os aumentos sucessivos nos rendimentos apontam para um futuro promissor, especialmente se os jovens continuarem a ser apoiados por políticas públicas voltadas à formalização e à capacitação.
A pesquisa também revela dados sobre o perfil do jovem empreendedor brasileiro. Mais da metade (57%) se autodeclara negro (pardos e pretos), um número superior à média geral dos donos de negócios no Brasil, que é de 53%. Em relação ao sexo, 64% dos jovens donos de negócios são homens, mas a presença feminina também tem mostrado um aumento. O percentual de mulheres empreendedoras, embora tenha caído ligeiramente em 2024, continua sendo superior à média nacional de 34% entre todos os donos de negócios.
Além disso, o nível educacional dos jovens empreendedores também se destaca. A proporção de jovens com ensino médio completo aumentou de 33% para 47,5% entre 2012 e 2024. Já 9% possuem ensino superior incompleto, e 17% têm diploma de ensino superior completo. Esses dados mostram que o empreendedorismo jovem tem ganhado força entre os mais escolarizados, com um público cada vez mais capacitado, o que pode gerar novos desafios e oportunidades no futuro.
Outra mudança relevante é o aumento no número de jovens que são chefes de domicílio: em 2024, esse número atingiu 37%, o maior valor já registrado, refletindo uma maior responsabilidade familiar entre esses empreendedores. Esse crescimento vem desde 2022, quando a proporção de chefes de domicílio ultrapassou a de filhos no domicílio. Esse dado é particularmente importante, pois sugere que os jovens não estão apenas criando negócios, mas também assumindo responsabilidades mais profundas em suas famílias, o que pode impactar diretamente na forma como gerenciam seus empreendimentos.
A formalização do negócio entre os jovens também apresenta avanços. O número de CNPJs registrados entre os donos de negócios jovens cresceu 27% em 2024, uma evolução em relação a 2015, quando esse índice era de 22%. Esse aumento de 5 pontos percentuais (p.p.) na formalização demonstra um movimento positivo para a profissionalização e legalização dos negócios. A formalização é um dos principais indicadores de crescimento saudável e sustentável do empreendedorismo, pois garante acesso a crédito, benefícios fiscais e maior legitimidade no mercado.
Embora o cenário seja positivo, os desafios ainda são significativos, especialmente no que diz respeito à desigualdade de rendimentos. A diferença de 26,2% no rendimento entre jovens e adultos permanece um obstáculo, mas a tendência é que essa disparidade continue a diminuir com o crescimento acelerado da remuneração jovem, desde 2021. A maior questão, no entanto, parece ser como os jovens empreendedores irão se adaptar às exigências de um mercado que está se tornando cada vez mais digital e globalizado.
(Com informações da Agência Sebrae)
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