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Nubank pode alcançar o Itaú? UBS acredita que (ainda) não

"O Itaú é líder do mercado de cartões de crédito no Brasil e é provável que seja o banco a sofrer mais com a expansão das operações do Nubank", diz UBS

Nubank: a fintech brasileira chegou a 26 milhões de clientes, aumento de 6,3 milhões em um semestre (Rafael Henrique/SOPA Images/Getty Images)

Nubank: a fintech brasileira chegou a 26 milhões de clientes, aumento de 6,3 milhões em um semestre (Rafael Henrique/SOPA Images/Getty Images)

Karin Salomão

Karin Salomão

Publicado em 27 de agosto de 2020 às 13h00.

Última atualização em 27 de agosto de 2020 às 13h16.

O Nubank, maior fintech do país, começa a ter um tamanho de banco grande. A fintech brasileira chegou a uma base com 26 milhões de clientes, um aumento de 6,3 milhões no primeiro semestre.

Seus clientes também estão gastando mais: houve aumento de 54% no volume de transações com seu cartão de crédito, crescimento ainda mais relevante em comparação com a evolução dos três maiores bancos emissores de cartão, que encolheram 6% no mesmo período nesse indicador, segundo análise em relatório do banco UBS. 

O custo de aquisição por cliente, outra métrica importante, caiu pela metade. Isso significa que, sendo mais conhecido hoje do que há um ano, o banco roxinho precisa gastar menos em marketing, na emissão de cartões novos e em outros serviços para ampliar sua base. 

Há outros números positivos. A carteira de empréstimos do Nubank chegou a 12,5 bilhões de reais, alta de 45% no semestre. Os depósitos em conta chegaram a 17 bilhões de reais no semestre, aumento em relação aos 10 bilhões de reais ao final de 2019. Em média, cada cliente tinha 750 reais em conta.

E o Itaú e outros grandes bancos?

O crescimento da fintech começa a incomodar os grandes bancos. O Nubank chegou a 5,1% do mercado de cartões, segundo o relatório do UBS. O número de cartões roxinhos começa aos poucos a se aproximar do total do maior banco privado do país, o Itaú, que tem 33 milhões de plásticos emitidos e 31% do mercado de dívidas em cartões de crédito. O Bradesco tem 15% desse mercado, o Santander, 12%, e outros bancos ficam com uma fatia de 26% em volume de crédito tomado. 

"O Itaú é o líder, de longe, do mercado de cartões de crédito no Brasil, com uma participação de mercado de cerca de 31% no total de dívidas, e por isso é provável que seja o banco a sofrer mais com a expansão forte das operações do Nubank", escrevem analistas do UBS no relatório. 

Porém, ainda há diferenças importantes entre as duas instituições financeiras: os clientes Itaú gastam muito mais do que os do Nubank. A média de gastos no cartão de crédito para um cliente Itaú é de 2.209 reais, quase cinco vezes maior do que a fatura média no Nubank, de 468 reais. Dessa forma, a receita por cliente do Nubank também é menor e chega a 24 reais, uma queda em relação aos 33 reais no primeiro trimestre do ano passado. Já no Itaú, a receita é de 84 reais por cliente. 

Outra diferença importante está no lucro (ou na ausência dele) das duas instituições financeiras. No primeiro semestre do ano, o Nubank apresentou um prejuízo de 95 milhões de reais no ano. A boa notícia para o banco é que as perdas diminuíram: em 2019, as perdas haviam sido de 140 milhões de reais no primeiro semestre e de 173 milhões de reais no segundo. 

Já o lucro do Itaú caiu 40% no segundo trimestre do ano, principalmente por causa do maior volume de provisões contra calotes. Mesmo assim, o resultado foi de 4,20 bilhões de reais no segundo trimestre.

Ou seja, em indicadores muito relevantes, aponta o relatório do UBS, ainda há muito espaço antes que a fintech, criada em 2013, alcance o banco quase centenário.

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