Aldemir Bendini: ações da Petrobras caem desde o anúncio de seu nome para o comando da empresa (Germano Lüders/EXAME)
Tatiana Vaz
Publicado em 2 de abril de 2015 às 10h30.
São Paulo – Aldemir Bendine, indicado hoje para assumir a presidência da Petrobras, não era o nome favorito do mercado para o comando da companhia.
No entanto, sua destreza para lidar com crises e colocar em prática estratégias polêmicas de atuação podem ter pesado na escolha.
Bendine tornou-se um dos nomes de confiança do governo quando foi convocado para o comando do Banco do Brasil, em abril de 2009.
Na época, o então presidente Luiz Inácio Lula da Silva impôs-lhe grandes desafios – entre eles, o de expandir crédito como incentivo para a retomada da economia, diminuir as taxas de juros e fazer do Banco do Brasil o maior do país.
A desconfiança de que o banco estaria dessa forma servindo mais ao governo do que aos acionistas levou o mercado a suspeitar da escolha.
No entanto, o executivo mostrou destreza para dissipar crises e levou o Banco do Brasil a melhores resultados, depois de o plano ser posto em prática.
Ser ou não ser
A Petrobras passa hoje pelo mesmo dilema existencial pelo qual passou o Banco do Brasil à época em que Bendine assumiu a liderança.
E, assim como no dia em que se tornou presidente do banco, seu nome não foi bem recebido pelo mercado.
As ações da maior companhia do país desabaram nesta manhã, já que a expectativa era a da escolha de um nome de mercado.
Entre os cotados estavam o ex-presidente do Banco Central Henrique Meirelles e do ex-Vale Roger Agnelli.
Assim como Graça Foster era funcionária de carreira da Petrobras, o novo presidente da companhia trabalhou por 32 anos no BB.
Ele também é um dos homens de confiança do ex-presidente do PT, Ricardo Berzoini. Vale lembrar que Graça é amiga da presidente Dilma Rousseff.
Bendine também tem suas crises pessoais. Em outubro passado, ele foi acusado de contrariar as regras internas do BB e do BNDES ao conceder um empréstimo de R$ 2,7 milhões para a amiga e socialite Val Marchiori.
Em 2012, outro escândalo. O executivo teria pago uma multa de R$ 122 mil à Receita Federal pela evolução injustificada de seu patrimônio em 2010 e pela compra de um imóvel de R$ 150 mil em dinheiro vivo.
Alexandre Abreu, atual vice-presidente de varejo do Banco do Brasil, deve assumir o posto que era de Bendine.