Ozempic: acordo prevê que a Eurofarma será a distribuidora exclusiva dos novos medicamentos no Brasil (Steve Christo - Corbis/Corbis/Getty Images)
Repórter de Negócios
Publicado em 5 de outubro de 2025 às 14h18.
Última atualização em 6 de outubro de 2025 às 10h00.
A farmacêutica dinamarquesa Novo Nordisk, criadora dos medicamentos Ozempic e Wegovy, anunciou nesta semana uma parceria com a Eurofarma para ampliar o acesso à semaglutida, molécula usada no tratamento de diabetes tipo 2 e obesidade.
O acordo prevê que a Eurofarma será a distribuidora exclusiva no Brasil de duas novas marcas da versão injetável semanal da molécula: Poviztra e Extensior.
O Poviztra será indicado para o tratamento da obesidade e do sobrepeso com comorbidades associadas, como hipertensão e apneia do sono. Já o Extensior será voltado ao controle glicêmico em pacientes com diabetes tipo 2.
Segundo as empresas, ambos os medicamentos terão doses equivalentes às dos produtos originais da Novo Nordisk, garantindo a mesma eficácia e segurança clínica das versões já conhecidas, como Ozempic e Wegovy.
O preço dos novos produtos ainda não foi divulgado, e o lançamento está previsto para ocorrer ainda em outubro, embora as companhias não tenham confirmado uma data exata.
O acordo reflete a estratégia das farmacêuticas diante de um mercado em rápida expansão. No Brasil, o mercado de análogos de GLP-1 já movimenta mais de R$ 6 bilhões por ano. No mundo, as projeções apontam para uma indústria de mais de US$ 150 bilhões até 2030, transformando as chamadas “canetas emagrecedoras” em um dos pilares de crescimento da nova era farmacêutica.
A molécula de semaglutida atua imitando o hormônio GLP-1, que ajuda a controlar o apetite e os níveis de glicose no sangue. A diferença entre as marcas está nas indicações médicas e nas doses-alvo:
No acordo, a Novo Nordisk mantém o controle sobre a inovação, a produção da molécula e a estratégia científica, enquanto a Eurofarma assume a distribuição e a promoção comercial dos novos produtos.
Com presença em 24 países, a Eurofarma é líder em prescrição médica no Brasil e uma das maiores farmacêuticas da América Latina. Em 2024, a empresa faturou R$ 11 bilhões, produziu 600 milhões de unidades de medicamentos e investiu R$ 800 milhões em inovação.
“A Eurofarma traz a experiência e a capacidade da sua força de vendas para ampliar o alcance desses produtos, dentro de um projeto que contempla forte compromisso com médicos e pacientes”, afirma Renata Campos, CEO da Eurofarma no Brasil.
Já para a Novo Nordisk, a aliança reforça a estratégia de democratizar o acesso às terapias com GLP-1 no país.
“Este é um passo para garantir que nossa inovação chegue a ainda mais pessoas, com a mesma confiança e qualidade de sempre”, diz Allan Finkel, vice-presidente da Novo Nordisk para América Latina e Brasil.
A parceria marca a entrada da Eurofarma na chamada “economia do Ozempic”, segmento dominado pelas gigantes Novo Nordisk (Ozempic, Wegovy) e Eli Lilly (Mounjaro, Zepbound).
Em agosto, a EMS também ingressou no mercado, lançando medicamentos à base de liraglutida com preços a partir de R$ 307,26, intensificando a competição em um setor que já começa a pressionar os líderes globais.
Nos últimos 12 meses, a Novo Nordisk viu seu valor de mercado despencar mais de 60%, impactada pela concorrência crescente e pela proliferação de versões genéricas manipuladas. No Brasil, a disputa se acirrou ainda mais com a chegada do Mounjaro, da Eli Lilly, às farmácias em junho, aumentando a pressão sobre as prescrições médicas.
A farmacêutica dinamarquesa, que já chegou a ser a empresa mais valiosa da Europa no auge do Ozempic, reduziu suas projeções de receita e promoveu a troca de CEO em meio à turbulência. Para analistas, os desafios da companhia vão além das cópias ilegais: trata-se de uma corrida global por participação em um dos mercados mais promissores da indústria farmacêutica.