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Novas suspeitas contra Ghosn envolvem repasses a empresário saudita

Novas suspeitas de promotores envolvem o uso de recursos da empresa para pagar um empresário saudita que o ajudou a superar dificuldades financeiras

Carlos Ghosn: em 2008, Ghosn tentava lidar com perdas nominais de US$ 16,6 milhões (Regis Duvignau/Reuters)

Carlos Ghosn: em 2008, Ghosn tentava lidar com perdas nominais de US$ 16,6 milhões (Regis Duvignau/Reuters)

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Reuters

Publicado em 26 de dezembro de 2018 às 20h59.

Pequim - Novas suspeitas levantadas por promotores de Tóquio contra o presidente afastado da Nissan, o franco-brasileiro Carlos Ghosn, envolvem o uso de recursos da empresa para pagar um empresário saudita que o ajudou a superar dificuldades financeiras, segundo duas fontes da empresa com conhecimento do assunto.

Promotores pediram prisão de Ghosn pela terceira vez na sexta-feira, sob acusação de quebra de confiança por transferir para a montadora seus prejuízos com investimentos pessoais.

Segundo um comunicado dos promotores, em torno de outubro de 2008 Ghosn tentava lidar com perdas nominais de 1,85 bilhões de ienes (16,6 milhões de dólares), decorrentes de um contrato de swap com um banco não identificado pelos responsáveis pelo caso.

Uma pessoa ajudou a conseguir uma carta de crédito para Ghosn e a empresa dessa pessoa recebeu depois 14,7 milhões em recursos da Nissan por meio de quatro pagamentos entre 2009 e 2012, segundo o comunicado da promotoria. O texto acrescenta que os repasses foram feitos no interesse de Ghosn e dessa pessoa.

"Ao fazer isso, (Ghosn) comportou-se de uma forma que quebrou a confiança, e infligiu dano à propriedade da Nissan", diz o comunicado. O texto diz ainda que Ghosn tentou fazer com a própria Nissan arcasse diretamente com seus prejuízos.

De acordo com fontes da Nissan com conhecimento da investigação interna sobre seu ex-chefe, a pessoa que ajudou Ghosn é Khaled Al-Juffali, vice-presidente de um dos mais conglomerados sauditas, o E.A. Juffali and Brothers, e também membro do conselho da Autoridade Monetária da Arábia Saudita.

Ele é também o controlador da empresa Al-Dahana, que detém metade de uma joint venture local chamada Nissan Gulf. A outra metade é controlada por uma unidade da Nissan.

O xeique Khaled Juffali não quis comentar o assunto, de acordo com um comunicado enviado pela E.A. Juffali and Brothers.

O advogado de Ghosn em Tóquio, Motonari Otsuru, não estava disponível para comentar. A família de Ghosn não quis comentar.

Outras mídias disseram que Ghosn, por meio de seu advogado, negou ter transferido perdas pessoais para a Nissan e disse aos investigadores que os quatro pagamentos tiveram razões legítimas para a empresa, incluindo um bônus para solução de problemas com revendedores da Nissan na Arábia Saudita.

O promotores de Tóquio responsáveis pelo caso não quiseram comentar. Questionado sobre as alegadas declarações de Ghosn, um porta-voz da Nissan disse não poder comentar "assuntos ligados à prisão de Ghosn por quebra de confiança".

As fontes da Nissan com conhecimento do assunto disseram que os investigadores da montadora concluíram que Ghosn não teve sucesso na tentativa de fazer com que a empresa pagasse seus prejuízos diretamente.

Ghosn então recebeu a ajuda de Al-Juffali, que usou seus próprios ativos como garantia para que um banco emitisse uma carta de crédito que era cobrada de Ghosn pelo Shinsei Bank, sediado em Tóquio, segundo as fontes. A Reuters não conseguiu identificar o banco que emitiu a letra de crédito.

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