Negócios

Nova fábrica, aposta em bebês e aquisições: os planos da Cimed para faturar R$ 5 bilhões até 2025

Farmacêutica atingiu 3 bilhões de reais em faturamento em 2023 e quer crescer 66% em dois anos

João Adibe Marques, CEO da Cimed: "Na Cimed, temos dois funcionários: os vendedores, e os que ajudam os vendedores a vender" (Leandro Fonseca/Exame)

João Adibe Marques, CEO da Cimed: "Na Cimed, temos dois funcionários: os vendedores, e os que ajudam os vendedores a vender" (Leandro Fonseca/Exame)

Daniel Giussani
Daniel Giussani

Repórter de Negócios

Publicado em 1 de março de 2024 às 13h57.

Última atualização em 4 de março de 2024 às 10h24.

"Nosso plano é faturar 5 bilhões de reais até 2025, mas vai que o resultado chegue antes. Não vamos reclamar", brincou o CEO da Cimed, João Adibe Marques, em um auditório repleto de fornecedores na manhã desta sexta-feira, 1.

A farmacêutica reuniu os principais representantes de sua cadeia de suplementos num único local em São Paulo para apresentar uma estratégia que deverá ganhar coro nas próximas semanas: a de faturar R$ 4 bilhões em 2024, e R$ 5 bilhões em 2025.

Numa empresa que se autodefine como acelerada, ligada na tomada 24 horas por dia, sete dias por semana, há várias frentes engajadas para fazer esse resultado ser alcaçado. Ou melhor, todas as frentes. "Na Cimed, temos dois funcionários: os vendedores, e os que ajudam os vendedores a vender", afirma Adibe.

Entre as novidades e planos anunciados pela farmacêutica da caixinha amarela estão a criação de uma nova fábrica, a aposta em produtos para bebês, uma nova marca de higiene e beleza, novas aquisições e a venda de cosméticos "porta em porta", no belo exemplo já adotado há décadas por empresas como Avon. "Cerca de 66% das vendas do setor é no porta a porta, precisamos estar aí também", diz Juliana Marques, da terceira geração da família fundadora da Cimed e responsável por novos negócios e planejamento estratégico dentro da empresa.

João e Maria e produtos para bebês

Um dos principais focos da fabricante para faturar 5 bilhões de reais está no segmetno de produtos para bebês.

A empresa já adquiriu, no final do ano passado, a R2M, líder brasileira na categoria de lenços umedecidos. A aquisição da empresa catarinense reforça a presença da Cimed em seus pontos de venda tradicionais — as farmácias — e traz uma oportunidade de expansão para o varejo alimentar. Hoje, 40% das vendas da categoria estão fora do setor farmacêutico.

A R2M é a terceira maior empresa da categoria de lenços umedecidos no Brasil -- ficando atrás apenas de duas multinacionais. Responsável pelas marcas Bebê Limpinho e Snow Baby, a empresa vende aproximadamente 7 milhões de produtos por ano, em um mercado que movimenta cerca de R$ 1 bilhão no Brasil, de acordo com IQVIA.

Mas a ideia é ir além, e oferecer uma linha inteira de "baby care" para o mercado, com talco, fraldas e xampus, por exemplo. Para isso, a empresa lançará a marca "João e Maria" e comprará outras duas empresas, ainda neste ano. Os detalhes de quais serão as aquisições, porém, ainda não são divulgados, nem o valor investido.

Quer dicas para decolar o seu negócio? Receba informações exclusivas de empreendedorismo diretamente no seu WhatsApp. Participe já do canal Exame Empreenda

"Vamos ir além das farmácias e vender em outras pontas do varejo com nossa linha João e Maria", diz Adibe Marques. "É um mercado de mais de 11 bilhões de reais no Brasil".

Nova fábrica -- de olho no Norte e Nordeste

Para atender o aumento de demanda, a farmacêutica também anunciou a construção de uma nova fábrica no país, com um investimento estimado de 150 milhões de reais. O local ainda não está definido, mas Adibe demonstrou interesse para que seja no norte ou nordeste do país.

"Já temos uma fábrica em Santa Catarina, temos nosso parque fabril em Minas Gerais", diz. "Pensando em logística, faria sentido termos uma fábrica no Norte ou no Nordeste. Estamos começando agora, negociando com Estados e determinando o projeto. Mas queremos começar a construir já neste ano".

Novos produtos

Como era de se esperar num evento cheio de fornecedores, Adibe reforçou, mais de uma vez, a necessidade de lançamento de novos produtos constantes, principalmente no setor de consumo -- e não fármaco. "O setor fármaco dura mais, mas no consumo, como higiene e beleza, uma tendência dura cerca de 18 meses, precisamos estar nos renovando constantemente", afirmou. "Aos fornecedores que estão aqui, somos uma empresa aberta, nos provoquem com oportunidades e lançamentos, que vamos querer lançar".

Só no ano passado, a Cimed lançou cerca de 400 produtos, entre eles, fenômenos de venda (e, por que não, audiência) como o Carmed Fini, que vendeu, sozinho, 350 milhões de reais -- um aumento de 2.000% em relação ao ano anterior.

Na linha de lançamentos, há uma aposta forte da empresa, também, em produtos para tratamento estético, como botox e preenchimentos labiais. Inicialmente, a empresa irá importá-los de fabricantes da Coreia do Sul, mas a ideia é, num futuro, ter fábrica também no Brasil. A aposta é num mercado bilionário, e que é consumido por apenas 3% da população brasileira.

"A Cimed quer fazer dinheiro popularizando os produtos, dando rentabilidade para quem vende", diz Adibe. "Quando falamos de 3% da população brasileira, estamos falando do topo. Podemos levar esses produtos para toda pirâmide, para todo o Brasil".

Porta em porta e ajuda às farmácias

No evento, a Cimed também falou sobre uma estratégia de "porta a porta" que quer adotar em parceria com farmácias pelo país. Um dos focos da farmacêutica é na venda direta à farmácia, sem passar por distribuidores. A empresa olha para aquelas farmácias independentes, que podem ter alguma dificuldade de conseguir produtos, por falta de caixa.

"Estamos lançando o Cimed Mais", diz Adibe. "Será quase como uma linha de crédito, onde vamos apoiar essas farmácias para que elas tenham produtos da Cimed e as prateleiras cheias. Vamos ajudar elas a vender e acompanhar essas vendas para impulsionar os negócios independentes do interior do país".

Hoje, de forma piloto, 10 farmácias já contam com o sistema. A meta é ter 10.000 até 2025.

E para os lojistas dessas farmácias venderem mesmo quando o cliente não for até a loja, será feita uma "revista de produtos" para que eles possam vendê-los como revendedores, de porta em porta, no conhecido estilo selado pela Avon.

"E eles usarão os produtos que estão na farmácia, não precisará esperar chegar, nada disso", afirma o executivo.

No evento, também foi anunciado que, nos próximos dois anos, cerca de 200 milhões de reais serão investidos em tecnologia para suportar o crescimento do negócio.

Ajuda dos fornecedores

Ao longo da manhã, Adibe reforçou aos fornecedores presentes a necessidade de parcerias para atingir esses resultados. Disse que é importante que haja negociações e preços estratégicos para que a Cimed cresça e, consequentemente, traga crescimento aos fornecedores.

"Queremos ser líderes em genérico, um setor que é praticamente commodity, focado no preço", diz. "Por isso, contamos com vocês".

Para reforçar o coro de crescimento, estiveram presentes no evento a midiática família da empresa, como Karla Marques, vice-presidente da empresa com mais de 1,2 milhão de seguidores nas redes sociais, e os filhos da dupla que quer deixar as farmácias do Brasil amarelas.

Acompanhe tudo sobre:cimedIndústria farmacêutica

Mais de Negócios

Esta startup ajuda as varejistas a economizar milhões em multas com... etiquetas

A nova era do franchising

"Vou pensar e te aviso": essas são as objeções mais comuns dos clientes – veja como respondê-las

Essa marca de camisetas quase faliu – mas agora está prestes a faturar US$ 250 milhões