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NotCo desiste dos congelados no Brasil e aposta nas bebidas proteicas para competir com YoPro

O setor de 'shakes proteicos' cresceu 150% em 2023, enquanto alimentos à base de planta perderam destaque

André Weinmann, da NotCo: "O Brasil tem o maior mercado de leites vegetais da América Latina" (NotCo)

André Weinmann, da NotCo: "O Brasil tem o maior mercado de leites vegetais da América Latina" (NotCo)

Laura Pancini
Laura Pancini

Repórter

Publicado em 18 de outubro de 2024 às 10h51.

Última atualização em 18 de outubro de 2024 às 11h36.

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O mercado de alimentos plant-based (feitos com ingredientes vegetais) desacelerou nos últimos anos e as carnes e frangos congelados à base de plantas não vingaram no Brasil. A busca por produtos saudáveis e saborosos, no entanto, continuou entre os consumidores. É nesse contexto que a NotCo, startup chilena de alimentos à base de plantas, decidiu pausar sua linha de congelados no Brasil e concentrar esforços em categorias de produtos com maior potencial de expansão, como as bebidas proteicas.

A NotCo ganhou popularidade ao oferecer produtos que substituem alimentos de origem animal, como hambúrgueres e sorvetes à base de plantas. No entanto, a linha de congelados foi retirada das prateleiras no Brasil no início de 2024. Logo depois, em abril, André Weinmann assumiu como presidente da NotCo no Brasil, substituindo o argentino Mauricio Alonso. Ele traz uma vasta experiência do setor de consumo e já liderou a fabricante de cigarros Philip Morris e do conglomerado de alimentos Mondelez, dono de marcas como Bis, Lacta e Oreo. Além disso, mais recentemente, cofundou a startup KotaKi, que conectava atacadistas a pequenos varejos. “Minha experiência me dá a visão necessária para adaptar a NotCo a esse mercado competitivo e inovador”, afirma.

Segundo Weinmann, retirar os congelados da NotCo aconteceu principalmente devido aos altos custos de distribuição e da concorrência com empresas grandes do setor. “Eles colocavam produtos que custavam 50% menos que os nossos, mesmo sendo piores em termos de qualidade. Isso tornou muito difícil nossa operação nesse segmento”. Em contraste, em países como a Argentina, os congelados representam 85% das vendas da NotCo, demonstrando que o sucesso nesse segmento depende fortemente do mercado local.

Agora, as bebidas proteicas são as principais apostas da foodtech. O produto é desenvolvido para competir com marcas tradicionais como YoPro, da Danone, mas com ingredientes naturais: proteína de soja e ervilha; suco concentrado de abacaxi ou de repolho; óleo de coco e de girassol são algumas das matérias-primas encontradas nos cinco sabores disponibilizados. Ao mesmo tempo, apesar de ser mais saudável, oferece menos proteína que as demais concorrentes.

Qual a melhor bebida proteica do mercado?

A NotCo not é a única que percebeu a ascensão das bebidas proteicas. O setor é uma das categorias que mais crescem no Brasil e no mundo, alinhado pela demanda por produtos que são benéficos à saúde. De acordo com Weinmann, esse segmento registrou um crescimento de 150% no último ano, e a expectativa é de que cresça mais 30% em 2024.

O executivo destaca que essa é uma tendência que veio para ficar, especialmente entre jovens. “Temos dois tipos de consumidores: os que buscam um suplemento para seus treinos e aqueles que querem uma opção de lanche saudável e leve, mas que não abre mão da proteína”, diz ele.

Piracanjuba, 3 Corações, Verde Campo, DUX e YoPro são algumas das marcas que chegaram nas prateleiras do consumidor nos últimos anos, mas nenhuma compete diretamente com a marca de produtos à base de plantas. Isso porque a NotCo é a única das opções que oferece leite vegetal e, portanto, um valor calórico menor. São apensa 3,5 em uma porção de 250 ml.

O Shake Protein também não tem açúcares adicionados e é a única com 3 g de fibras alimentares. Ao mesmo tempo, são poucas as proteínas: são 16 g de proteína por porção, uma quantidade inferior aos 23 g da Piracanjuba, por exemplo, mas semelhante ao do YoPro e da DUX.

Além das bebidas proteicas, a NotCo está expandindo suas operações para outras categorias de produtos, incluindo snacks proteicos e iogurtes à base de plantas. Weinmann destaca que o país tem um potencial imenso para se tornar um dos principais mercados da empresa. "O Brasil tem o maior mercado de leites vegetais da América Latina, e estamos posicionados para aproveitar essa oportunidade", afirma.

No longo prazo, a empresa planeja expandir sua linha de produtos e explorar novas categorias. Os congelados, porém, ainda são incertos.

Novas receitas com Giuseppe

Outro pilar da nova estratégia da NotCo é o uso da inteligência artificial para inovar em seus produtos. A empresa desenvolveu uma plataforma de IA chamada Giuseppe, que é capaz de analisar milhares de combinações de ingredientes e até pesquisas científicas para criar produtos com perfis de sabor e textura semelhantes aos de alimentos de origem animal.

O Giuseppe funciona como um ChatGPT, ou seja, o cozinheiro conversa com ele e pode responder caso a IA sugira uma receita com um sabor ou textura desagradáveis. Após encontrar a receita, a NotCo ainda passa por uma série de testes e validações para o produto chegar ao mercado. Mas, com o auxílio da IA generativa, consegue ser mais rápida que a competição: "Enquanto outras empresas demoram de 18 a 24 meses para lançar um novo produto, conseguimos desenvolver e colocar no mercado em apenas seis semanas", afirma Weinmann.

A inteligência artificial também permite que a empresa crie produtos adaptados a diferentes mercados. No Brasil, por exemplo, os sabores da linha de shakes foram desenvolvidos levando em consideração as tendências de consumo dos brasileiros, com opções como morango com tâmara e banana com panqueca. “Os sabores brasileiros são únicos, e estamos conseguindo criar produtos que atendem ao gosto local, ao mesmo tempo em que mantemos o foco na alta proteína e baixo carboidrato”, diz.

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