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"Nós não somos o Uber da limpeza", diz CEO da Maria Brasileira

Franqueados fazem a ponte entre clientes e profissionais de limpeza; estratégia impulsionou crescimento da rede para mais de 500 unidades

Felipe Buranello, CEO da Maria Brasileira: “Nosso cliente não entra em um app e escolhe um profissional. Quem faz essa ponte é o franqueado que administra a equipe" (Maria Brasileira/Divulgação)

Felipe Buranello, CEO da Maria Brasileira: “Nosso cliente não entra em um app e escolhe um profissional. Quem faz essa ponte é o franqueado que administra a equipe" (Maria Brasileira/Divulgação)

Isabela Rovaroto
Isabela Rovaroto

Repórter de Negócios

Publicado em 17 de fevereiro de 2025 às 10h51.

Última atualização em 15 de julho de 2025 às 18h34.

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Plataformas que conectam clientes e prestadores de serviço via aplicativo se tornaram padrão em vários setores. Mas a Maria Brasileira, maior rede de limpeza residencial e empresarial do Brasil, aposta em um modelo diferente. “Nós não somos o Uber da limpeza”, diz Felipe Buranello, CEO da empresa. “Nosso cliente não entra em um app e escolhe um profissional. Quem faz essa ponte é o franqueado, que recruta, treina e administra a equipe. Isso garante qualidade e segurança.”

A estratégia funcionou. Em 2024, a Maria Brasileira faturou R$ 170 milhões, um crescimento de 17,5% em relação ao ano anterior. A rede realizou mais de 1 milhão de atendimentos, com média de 90 mil serviços por mês. Para este ano, a expectativa é crescer 20% em receita, chegando a R$ 205 milhões, e alcançar 535 unidades.

Da PEC das Domésticas ao boom da limpeza corporativa

A Maria Brasileira surgiu em 2012, quando Buranello e seu sócio, Eduardo Pirré, identificaram uma demanda crescente por profissionais de limpeza. O modelo de negócios foi estruturado para resolver uma dor comum: a dificuldade de encontrar mão de obra qualificada. A virada veio em 2014, com a aprovação da PEC das Domésticas, que elevou os custos de contratação de empregadas fixas e aumentou a procura por serviços pontuais.

"Foi um divisor de águas. Muitos empregadores começaram a substituir mensalistas por diaristas. E aí entramos com um serviço profissionalizado e seguro", diz Buranello.

Nos últimos anos, o perfil dos clientes da Maria Brasileira mudou. O que antes era um negócio voltado para residências passou a atrair cada vez mais empresas. Hoje, 45% dos serviços já são para clientes corporativos, número que deve chegar a 50% até o fim do ano.

“A gente sempre mirou no consumidor final, mas as empresas foram chegando naturalmente. Atendemos o dono de casa, que nos indicava para seu escritório, sua loja, sua academia. Hoje, já temos franqueados especializados em limpeza comercial”, explica o CEO.

Modelo de franquia e crescimento sustentável

Com 512 unidades em todos os estados do Brasil, a Maria Brasileira está entre as maiores microfranquia do país em número de unidades, segundo a Associação Brasileira de Franchising (ABF). O ranking, divulgado em fevereiro, aponta que a rede cresceu 5,4% em 2024, consolidando sua posição no mercado de serviços.

A empresa tem um modelo híbrido. O cliente solicita o serviço pela internet, mas a alocação da equipe fica a cargo do franqueado. "Isso faz toda a diferença. Imprevistos acontecem: profissional que se atrasa, cliente que esquece de deixar a chave. Ter um franqueado gerenciando isso garante a entrega do serviço sem dor de cabeça", diz Buranello.

A rede também flexibilizou o formato das franquias. No início, exigia um ponto comercial. Mas, desde 2019, 75% dos franqueados operam no modelo home-based, o que reduziu custos e aumentou a rentabilidade. “O importante é estarmos na casa do cliente, não o cliente na nossa”, afirma.

O investimento inicial para abrir uma unidade parte de R$ 49.300 no modelo home e R$ 94.050 para unidades físicas. Algumas franquias chegam a faturar mais de R$ 3 milhões por ano.

Expansão e desafios para 2025

A empresa planeja crescer 5% em unidades este ano, chegando a 535 franquias. Uma das apostas são os multifranqueados, que já representam 34% da rede. "Tem franqueado que já comprou quatro ou cinco unidades. Isso mostra a maturação do nosso modelo", diz o CEO.

Mas há desafios. A mão de obra é um dos principais. “Nosso trabalho é mostrar que os profissionais podem ganhar muito conosco”, afirma. Outro obstáculo são os juros altos, que desestimulam novos investidores.

A concorrência também preocupa. Mas, segundo Buranello, o maior desafio não vem de outras redes de franquias. “Nosso maior concorrente é o autônomo, porque ele está em todos os cantos do Brasil. Nosso papel é mostrar que contratar uma empresa traz segurança e garantia de serviço.”

Enquanto isso, a Maria Brasileira segue investindo em capacitação. No ano passado, realizou sua primeira convenção para profissionais, reunindo 4 mil pessoas. Também lançou um clube de vantagens, com benefícios como telemedicina, descontos em farmácias e bolsas de estudo.

“A gente sempre falou em humanização. Agora, estamos levando isso para a ponta, para quem faz o serviço. Se a profissional estiver satisfeita, o cliente também estará”, diz Buranello.

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